sábado, novembro 06, 2010

O prometido é devido?

Estas duas fotos foram retiradas do sítio oficial da organização juvenil pró-Kremlin "Jovem Guarda". Elas são ilustração de um artigo sobre os "jornalistas traidores". Numa delas, Oleg Kachin, o jornalista espancado (ver texto abaixo), aparece com o carimbo "Será castigado". E foi mesmo "castigado" de forma cruel, cobardemente espancado.

[Журналисты-предатели должны быть наказаны!]
Oleg Kachin, jornalista do conceituado diário russo Kommersant foi espancado por desconhecidos junto da sua residência na madrugada de sexta para sábado, anunciou o redator-chefe do jornal.
“Oleg Kachin foi espancado perto da sua residência. Os médicos constataram fraturas sérias e foi internado em estado grave num hospital”, precisou Mikhail Mikhailin.
Segundo ele, o jornalista foi atacado por razões ligadas à sua atividade profissional. Oleg Kachin escrevia artigos sobre temas políticos, sobre a atividade de organizações juvenis, bem como sobre a oposição.
Há dois meses atrás, a organização juvenil pró-Kremilin Molodaia Gvardia (Jovem Guarda) ameaçou que “os jornalistas traidores devem ser castigados”. Na lista dos profissionais da informação estava o nome e a fotografia de Oleg Kachin.
A Procuradoria-Geral da Rússia deu início às investigações, considerando que se tratou de “uma tentativa de assassinato”.
Em 2010, oito jornalistas russos foram alvos de agressões e espancamentos.
O Presidente Medvedev já ordenou encontrar os dois canalhas que, segundo testemunhas do ataque, espacaram o jornalista. Se isso não acontecer, como é costume na Rússia, as dúvidas sobre os encomendadores e executores do crime ficarão a pairar no ar.

7 comentários:

Jest nas Wielu disse...

O mais caricato no meio disto tudo: Kashin é um dos pupilos do tecnólogo político Gleb Pavlovskiy, ex-dissidente soviético, que desde os anos 1980 considerava KGB como “novos boiardes do império”, judeu nascido na Ucrânia, que em 2004 era enviado do Kremlin a Ucrânia, principal responsável da PR campanha de Yanukovich.

Da Rússia, de Portugal e do Mundo disse...

Leitor Jest, mas que tem isto de caricato? Não compreendo.

Jest nas Wielu disse...

Juventude putleriana em marcha…

Caso do Kashin: jornalista está em coma induzido, encontra-se nos cuidados intensivos, após a operação no crânio. Ele tem uma contusão, lhe arrancaram as falanges, lhe quebraram as duas pernas e também a mandíbula superior e inferior.

Blogue do Kashin:
http://kashin.livejournal.com

Alguns activistas e jornalistas estão neste momento no piquete junto ao Departamento Principal da Polícia moscovita (GUVD):
http://drugoi.livejournal.com/
3406056.html

Presidente Medvedev escreveu no seu twitter que “deu a ordem à Procuradoria-geral e a polícia de colocar o caso sob o controlo especial”.

É menos-mal (neste caso), que Medved mais uma vez brinca ao “bom czar”, alguns russos ainda acreditam; é mau que é necessária a intervenção do presidente, para que os investigadores começarem a mexer num caso tão gritante.

2 José Milhazes

O que é caricato? Quer a Jovem Guarda, quer Oleg Kashin não são liberais e são (no caso do Oleg, pelo menos eram) considerados como “defensores do regime”, “inimigos das revoluções coloridas”, etc. A luta está se desenrolar dentro do mesmo grupo ideológico.

Cristina disse...

Como é possível que essa organização, depois disto tudo, não seja levada a tribunal e proibida?
O jornalista não foi simplesmente espancado, arrisca-se a morrer ou a ficar deficiente para toda a vida. Encontra-se em coma induzido, com traumatismo craniano grave, as duas pernas partidas, os maxilares fracturados e vários dedos arrancados.
Para além de ser um crime, é uma autêntica barbaridade.

Anónimo disse...

VIROU NOTÍCIA ATÉ AQUI!

Jornalista que investigava extremistas é espancado na Rússia


Um respeitado jornalista russo entrou em coma neste sábado, após dois homens terem quebrado suas pernas, maxilar e dedos em ataque que, segundo o editor da vítima, está ligado à cobertura jornalística sobre grupos de oposição proscritos.

Grupos de defesa dos direitos humanos têm criticado o Kremlin por fazer muito pouco para esclarecer a série de assassinatos de jornalistas que tornou a Rússia um dos países mais perigosos para o exercício da profissão. A polícia disse que abriu inquérito sobre a tentativa de assassinato de Oleg Kashin, jornalista político de 30 anos que trabalha no Kommersant, jornal mais respeitado do país.

"Eles não somente o atacaram. Para mostrarem seu ponto eles quebraram os dedos do jornalista", disse à Reuters o editor do Kommersant, Mikhail Mikhailin. "Estou chocado", afirmou.

Mikhailin afirmou que o motivo não está claro, mas provavelmente está relacionado às recentes investigações de Kashin sobre grupos de jovens extremistas, incluindo o Partido Bolchevique Nacional, grupo de oposição banido. "Ele fez investigações em várias organizações informais. Sinto que algo que ele escreveu deve ter irritado alguém que decidiu tomar essas ações horríveis", disse.

Kashin entrou em coma induzido após chegar ao hospital com as duas pernas quebradas, traumatismo craniano e com o maxilar fraturado em dois lugares, disse Mikhailin. Os médicos decidirão na segunda-feira se tirarão Kashin do tratamento intensivo.

Pouco após o ataque, o presidente russo, Dmitri Medvedev, ordenou que a Promotoria Pública e o Ministério do Interior "assumam o controle especial da investigação", afirmou o Kremlin em comunicado. "Os criminosos serão encontrados e punidos", disse Medvedev no Twitter.

Cerca de 40 jornalistas protestaram nos arredores da sede da polícia federal russa para pressionar por uma investigação completa. "Exigimos que o criminoso e mentor sejam encontrados", lia-se em um dos cartazes.

Grupos de defesa dos direito dos jornalistas também exigiram uma investigação sobre o aparente suicídio do correspondente de defesa Ivan Safronov, ocorrido em 2007, para averiguar se ele foi morto.

Anónimo disse...

Presidete russo veta lei restritiva a manifestações


MOSCOU, 6 Nov 2010 (AFP) -O presidente russo, Dimitri Medvedev, vetou uma lei do Parlamento que restringe o direito a manifestação, já denunciada pela oposição, anunciou o Kremlin este sábado.

A nova lei da Duma (Câmara baixa), votada em 22 de outubro passado e aprovada pelo Conselho da Federação (Câmara alta) em 27 de outubro, devia ser assinada pelo presidente russo para entrar em vigor.

Esta lei previa que toda pessoa que tivesse sido acusada de ter organizado uma manifestação proibida não teria direito a apresentar uma nova solicitação para se manifestar.

"Rejeito esta lei", escreveu Medvedev em uma carta enviada ao presidente da Duma, Boris Gryzlov, e ao diretor do Conselho da Federação, Serguei Mironov.

"A lei contém alguns dispositivos que impediriam aos cidadãos exercer o direito, reconhecido pela Constituição, de se reunir, manifestar-se, participar de passeatas e fazer greve", declarou o presidente russo neste documento publicado pelo Kremlin.

"A organização para se manifestar é um dos meios mais eficazes para influir nas atividades do Estado e das autoridades locais, expressando a opinião pública", acrescentou Medvedev.

A Duma havia adotado esta lei por esmagadora maioria, com o apoio do partido Rússia Unida, que domina a cena política russa e é presidido pelo ex-presidente e atual primeiro-ministro, Vladimir Putin.

Cristina disse...

Anónimo das 21:56
Os dois últimos parágrafos do seu texto ilustram bem a actual correlação de forças Putin/Medvedev, e os valores que cada um defende.