quarta-feira, março 30, 2011

“Peço-te que não morras de dor”, Iúri Gagarin


“Peço-te que não morras de dor. A vida é vida e ninguém está livre de amanhã ser atropelado por um automóvel. Eu acredito completamente na tecnologia. Ela não deve enganar”, escreveu Iúri Gagarin a 10 de Abril de 1961, dois dias antes de fazer a primeira viagem espacial.

Numa carta dirigida à esposa e às duas filhas, o primeiro cosmonauta acrescenta: “mas acontece que uma pessoa pode cair num lugar plano e torcer o pescoço. Aqui também tudo pode acontecer. Mas, por enquanto, não acredito nisso”.

“Mas se algo acontecer, devemos saber tudo até ao fim. Eu vivi, até agora, honestamente, com verdade e sendo útili para as pessoas, embora a minha vida tenha sido ainda curta. Quando era criança, li as palavras de Tchkalov: “A ser, tenho de ser o primeiro”. Tento ser assim até ao fim”, frisava Iúri Gagarin.

Valentina Gagarina, esposa do homem que realizou uma viagem espacial, apenas recebeu esta missiva depois da morte do marido, a 27 de março de 1968.

A carta e outros documentos secretos sobre a vida e obra de Gararin são publicados no livro “108 minutos que mudaram o mundo”, de Anton Pervuchin, que chegará às prateleiras das livrarias russas no início de Abril.

Neste livro, dedicado ao 50º aniversário da primeira viagem do homem ao Espaço, o autor relata que as autoridades soviéticas sempre afirmaram que a cápsula “Vostok” aterrou, com Gagarin a bordo, no local previsto, embora isso não corresponda à verdade.

Gagarin acabou por aterrar na região de Saratov, no sul da Rússia, longe do local calculado pelos engenheiros, e as esposa e neta de um guarda florestal local foram as primeiras a vê-lo a regressar do Espaço.

“Sou dos nossos, dos nossos, sou soviético”, gritou ele ao notar o rosto de espanto delas quando viram um homem envergando um escafandro.

Segundo Pervuchin, as autoridades comunistas tentavam fazer segredo de tudo, tendo provocado com isso cenas ridículas. Por exemplo, um censor proibiu os jornais soviéticos de escreverem que o foguetão tinha três níveis de locomoção, o que levou a que essa informação chegasse a um grande número de jornalistas.

Os nomes dos construtores das naves espaciais eram também um grande segredo. Por exemplo, após a viagem de Gagarin ao Espaço, o nome do principal engenheiro, Serguei Koroliov, continuou a ser desconhecido, o que o deixava profundamente ofendido.

O autor do livro considera que Koroliov olhava com maus olhos para o fato de a direção comunista da URSS utilizar as viagens espaciais para fins puramente políticos, pondo, por vezes, em risco a vida dos astronautas.

7 comentários:

Anónimo disse...

Quem com ferros matou, com ferros morrerá.

Anónimo disse...

Relacionado: http://www.npr.org/blogs/krulwich/2011/03/23/134597833/cosmonaut-crashed-into-earth-crying-in-rage

Anónimo disse...

Sr.Milhases,

Sigo o seu blog á algum tempo e fico assustado com a quantidade de fanáticos religiosos e anti-comunistas que o frequentam. Veja a estupidez dos comentários anteriores...

É dor de corno que tenha sido a coragem de um ateu que o levou a humanidade ao espaço??

Koroliov passou anos nos gulags e sabia com o podia contar de moscovo, mas não perdeu a visão do mundo porque foi sempre um homem e engenheiro ligado á realidade.

Viva Gagarin e os mártires do espaço!!

Ao menos não morreram em vão. Não são como os mártires religiosos que acreditando em deuses diferentes se sacrificam por mentiras e engodos que alimentam os poderosos.

Pedro disse...

Iury Gagarin, será sempre um heroi da história.
Os feitos Sóvieticos na exploração do espaço foram sempre menosprezados pelo ocidente por pura inveja(E algum medo).

Os Russos no espaço foram os pioneiros em várias coisas.

1º Satélite artificial
1º animal no Espaço
1º Homen no Espaço
1ª Mulher no espaço.
1ª Sonda á Lua
1ª Sonda a Marte
1ª Sonda a Vénus
1ª Estação Espacial

E muitos mais....Com muito menos orçamento que os "Democraticos" .

Mas por cá só se falava dos crimes do Stalin e dos Gulags.

E mais.... as viagens á Lua do Império da aldrabiçe estão repletas de situações estranhas, muito duvidosas.
Alías como em todas as outras situações do Império, como o assassinato do JFK, do 11/9 e de muitos outros.

A Rússia de Hoje não tem a mesma ambição em relação á exploração do espaço.
Apenas se dedica ao que dá lucro. Lançamentos de Satélites (Até lançam Satélites americanos, porque é mais barato), envio de turistas etc.
Era bom que conseguissem voltar á aura dos anos 50/60, mas duvido. Os lideres russos de hoje só vem sifrões á frente.

Francisco Lucrécio disse...

Só falta dizer que Gagarin não foi ao espaço. Que os comunistas engaram o mundo enviando um duplo.

Já não se trata de ter lata, trata-se de desfaçatez desmedida.

Mas quem escreve este tipo de aldrabices não tem consciência que está a faltar à verdade despoduradamente?


Qual foi o país que não fez uso do segredo para proteger os seus interesses?

Só não Rússia actual é que isso não acontece. Esse país está infestado de uma chusma de delatores e parasitas que a troco de algum dinheiro ameaçam as estruturas do próprio Estado.

Nuno V disse...

Gagarin como primeiro homem no espaço
dependerá sempre da definição de "espaço"

segundo algumas interpretações Joseph Kittinger foi o primeiro homem no espaço :D eheh

Ainda assim o "soviético" que mais admiro é Stanislav Petrov

Parabéns pelo blog José Milhazes

Cumprimentos de Praga
Nuno V

Francisco Lucrécio disse...

««««««segundo algumas interpretações Joseph Kittinger foi o primeiro homem no espaço :D eheh»»»»»».

É capaz de dizer a que altitude termina a atmosfera terrestre?

Este piloto a máxima altitude que saltou foi de 31 300metros.

No entanto o recorde de queda livre pertence (pertencia?) a Eugene Andreev.

Se Stanislav Petrov evitou o estalar de um conflito nuclear motivado por um falso alarme.


O que dizer daqueles que mantiveram o sangue frio ao verem nos radares os bombardeiros estrategicos dos EUA aproximarem-se da URSS.


Neste caso também se tratou de um falso alarme, mas só que o outro lado reagiu de imediato pronto para o confronto.

Ao contrário de tudo o que se diz sobre a guerra nuclear. Talvez fosse este o momento em que o mundo esteve mais próximo do apocalipse.