quinta-feira, maio 19, 2011

Ofensiva com vista a neutralizar oposição russa continua



A Assembleia Municipal de São Petersburgo decidiu substituir Serguei Mironov no cargo de representante dessa cidade russa no Conselho da Federação (câmara alta) do Parlamento da Rússia.
Desse modo, Mironov perde também o cargo de Presidente desse órgão, que lhe dava o estatuto de terceira figura na hierarquia do poder na Rússia, depois do Presidente Dmitri Medvedev e do primeiro-ministro Vladimir Putin.
Os deputados da Assembleia Municipal de São Petersburgo, cuja maioria pertence ao Partido Rússia Unida, dirigido por Putin, consideraram que Mironov ofendeu os dirigentes da segunda maior cidade russa ao considerar São Petersburgo “a mais corrupta do país”.
Serguei Mironov, que também é dirigente do Partido Rússia Justa, considerou essa decisão dos deputados uma “caça às bruxas”.
“A vossa decisão de hoje entrará na história do parlamentarismo russo. Hoje, aqui, naquela que parecia ser a cidade mais democrática da Rússia,  vós começasteis a caça às bruxas”, declarou Mironov ao discursar perante os deputados municipais.
“A maioria agressivo-obediente volta a levantar a cabeça”, frisou.
“A vossa decisão de me derrubar mostra que as nossas críticas à política da Rússia Unida são justas”, concluiu.
Esta decisão da Assembleia Municipal foi antecipada de uma cisão do grupo parlamentar da Rússia Justa, tendo a maioria dos deputados deste partido retirado o seu apoio a Mironov.
Os dirigentes do Partido Rússia Justa não têm dúvidas de que a decisão da Assembleia Municipal de São Petersburgo se deve às críticas de Mironov à política da Rússia Unida e do Governo russo.
Vladimir Putin e a sua nova criação: Frente Popular Unida da Rússia, pretendem assim limitar a representação da oposição na próxima Duma Estatal (câmara baixa) do Parlamento russo, que será eleita em Dezembro.

1 comentário:

Cristina disse...

Belo artigo JM!
De facto, na política russa há muitas coisas para além das aparências... O trabalho sistemático do poder russo de dar uma aparência de legalidade e democracia, tomando decisões que formalmente são legais mas, no fundo, são meras arbitrariedades, pode e deve ser posto a nu. É para isso que serve a comunicação social e a sociedade civil...
Toda a "neutralização" da oposição extraparlamentar (ou melhor, aqueles partidos que Putin não deixou, através de alavancas administrativas, que fossem representados na Duma) é uma violação dos princípios democráticos. Se Putin se sente mais confortável assim, basicamente com um país de partido único, com medo de uma mítica desagregação do país e de revoluções laranja, tudo bem. Agora não chame democracia ao seu regime.