O Presidente da Rússia, Dmitri Medvedev, considerou hoje que Muammar Kadhafi perdeu a legitimidade e deve abandonar o poder, mas defendeu uma Líbia independente, livre e soberana.
“Se leram a declaração da cimeira, lá está escrito que o regime de Kadafi perdeu a legitimidade, que ele deve sair. Isso foi aprovado por unanimidade”, declarou Medvedev, numa conferência de imprensa depois da Cimeira do G-8, e acrescentou que “a Rússia está interessada na conservação da Líbia como Estado independente, livre e soberano”.
O Presidente russo anunciou que irá “enviar imediatamente” o seu assessor para assuntos africanos, Mikhail Marguelov, a Bengazi, capital da oposição líbia.
“Para podermos utilizar melhor os contatos existentes entre a Rússia e Bengazi, por um lado, e Tripoli, por outro, decidi enviar a Bengazi o meu representante especial para África”, afirmou.
“Por enquanto, considero que seria correto enviá-lo a Bengazi. Quanto a Tripoli, aí a situação é mais complexa, mas, em qualquer caso, espero que tenha possibilidade de conversar tanto com a oposição, com as novas forças políticas, como com representantes da anterior direção”, precisou.
Medvedev manifestou que o seu país não está pronto a receber Kadhafi após a sua demissão:
“Penso que a saída de Kadhaffi não tem significado substancial. Mas se ocorrer, será últil para o país, iremos discutir o que fazer. A comunidade mundial não o vê como dirigente da Líbia. É preciso discutir que país concederá a Kadhafi refúgio caso se demita”, disse ele.
“A Rússia não, mas encontrar-se-á alguns países”, frisou.
Entre os candidatos a refúgio de Kadhafi estão a Bielorrússia, se o ditador Alexandre Lukachenko se aguentar durante mais algum tempo, ou a Venezuela.
Segundo fontes diplomáticas, essa missão foi aceite a pedido de França na Cimeira dos G-8, pois, dias antes, Serguei Lavrov, ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, tinha excluído essa possibilidade.
Desse modo, Moscovo, ao aceitar realizar essa missão, tenta não ser afastada da solução do problema de um país onde ela tem fortes interesses económicos: fornecimento de armas, exploração de gás e petróleo, contrução de vias férreas.
Além disso, caso consiga cumprir esta missão, evitará, entre outras coisas, a necessidade da realização de uma operação terrestre por parte da NATO.
O êxito nesta tarefa poderá também à Rússia desempenhar um papel de maior relevo na solução do problema da Síria. Como é sabido, Moscovo manifesta-se contra a aprovação de sanções contra Damasco, ao contrário dos Estados Unidos e União Europeia.
A diplomacia de Moscovo vai ter uma oportunidade de mostrar o que vale, resta deselhar-lhe êxitos.
6 comentários:
"A diplomacia de Moscovo vai ter uma oportunidade de mostrar o que vale, resta deseJARlhar-lhe êxitos."
É este o resultado da Rússia não ter tomado uma posição clara face a qualquer das partes, isto é, não está comprometida e, como tal, pode mediar. Não estou a ver franceses, britânicos ou norte-americanos a poder conversar o que quer que seja com Kadhafi. Evidentemente, se os diplomatas russos forem competentes (e pelo menos Lavrov aparenta sê-lo), a Rússia poderá retirar grandes dividendos do facto de estar a falar com todas as partes e poder, através dos seus esforços, terminar a guerra. Como bem refere o artigo, há muitos contratos em causa, e muitos mais que podem ser negociados, sobretudo na área da reconstrução. Porquê deixar o filão para os americanos ou os chineses?
Já agora, não vale a pena temer uma intervenção terrestre da NATO em grande escala. A utilização de forças de operações especiais (algo que já ocorreu perto de Bengazi, como bem sabemos) é muito menos comprometedora em termos de op. pública e bem mais eficaz.
Receio que Medvedev oscile demais sob a influéncia de alguns dos seus "parceiros" do ocidente. O mais importante é que não repita a sorte politica de Gorbatchev (mesmo em uma escala menor), que foi enganado como uma criança pelos seus "grandes amigos" e "parceiros": perdeu e cedeu todo o que podia.
A nível de curiosidade, a NATO vai começar um exercício que consiste no salvamento de submarinos.
As nações que vão participar com os submarinos em dificuldade são 4: Portugal (com um dos novos submarinos), Espanha, Turquia e pela primeira vez a Rússia.
Para quem tiver curiosidade em saber mais consulte:
http://www.manw.nato.int/boldmonarch2011/pdfs%20Bold%20Monarch/Leaflet%20for%20Submarine%20Escape%20and%20Rescue%20%28Bold%20Monarch%29.pdf
Estranho, Moscovo não consegue resolver a questão da parada gay, mas pretende fazer a diferença na Líbia...
http://drugoi.livejournal.com/3563934.html
Mais sobre a parada gay em Moscovo, o manifesto da jornalista russa Yelena Kostyuchenko:
http://mirrov-breath.livejournal.com/99646.html
Nooossa, quanta preocupação, Jest! Felizmente para você, na Ucrânia já estão mais avançados nessas questões, né?
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