quarta-feira, agosto 03, 2011

Moscovo admite não bloquear no CS da ONU sanções contra a Síria



O enviado especial do Presidente russo para África, Mikhail Marguelov, considerou “perfeitamente natural” a aprovação pelo Conselho de Segurança da ONU de sanções duras em relação à Síria.

“Disso são testemunho os resultados da sessão extraordinária do Conselho de Segurança da ONU, convocada a pedido da Alemanha”, declarou ele à agência ITAR-TASS.

Marguelov qualificou de “massacre sangrento” os acontecimentos no passado fim de semana na cidade de Hama.
De acordo com militantes dos direitos humanos sírios, cerca de 140 pessoas foram mortas no domingo, principalmente na cidade de Hama, um dos bastiões da contestação, e 24 na segunda-feira.
Marguelov relatou como decorreu a sessão fechada do Conselho de Segurança da ONU.
“A paciência dos membros do CS está a chegar ao fim”, precisou.
“É difícil acreditar que em breve tenha lugar uma ingerência militar do tipo líbio, mas a condenação firme pode ser seguir sanções mais duras”, acrescentou.
Segundo ele, a direção síria “chegou ao derrame de sangue ao esmagar a oposição. Em qualquer época são inadmissíveis os ataques blindados contra concidadãos ou pessoas da mesma crença religiosa e particularmente provocadores durante o Ramadão, um dos cinco pilares sagrados do Islão”.
Ao abordar o amplo leque de forças da oposição, que inclui nomeadamente forças políticas radicais, o senador frisou que a exigência dos revoltosos “pelo menos na primeira etapa dos levantamentos, limitavam-se a transformações democráticas”.
“Mas a direção ditatorial da Síria preferiu às reformas maduras a guerra contra a população civil. Isso é um sinal da fraqueza do regime, o seu receio de mudanças e de diálogo aberto com a oposição”, considerou.
“Nos nossos dias, os regimes sanguinários têm os dias contados, mais cedo ou mais tarde”, concluiu.
Esta é a declaração mais dura de um representante da Rússia sobre os acontecimentos.
Tanto o Presidente russo, Dmitri Medvedev, como o primeiro-ministro Vladimir Putin recusaram-se a apoiar sanções contra a Síria, considerando que elas iriam complicar a situação.
Ainda hoje, Serguei Verchinin, diretor do Departamento do Médio Oriente e Norte de África do Ministérios dos Negócios Estrangeiros da Rússia, declarou que a política de “pressão através de sanções” sobre a Síria não tem qualquer perspetiva, declarou hoje.
“Não se pode pressionar com sanções da ONU sobre a Síria, pois isso não trará qualquer êxito”, precisou o diplomata, citado pela agência Ria Novosti.

1 comentário:

PortugueseMan disse...

Caro JM,

Também importante referir, embora não esteja relacionado com esta notícia:

China junta-se à Rússia nas críticas aos políticos norte-americanos

A China, o maior credor externo da dívida pública dos EUA, juntou-se à Rússia ao criticar os governantes norte-americanos por não anunciarem mais medidas de controlo da despesa ao mesmo tempo que ergueram o limite de endividamento

O governador do Banco Popular da China, Zhou Xiaochuan, adiantou que o banco central vai monitorizar os esforços dos EUA na redução do défice.

Também esta manhã, a agência noticiosa estatal Xinhua News descreveu o impasse até à última hora como “uma loucura”.

A China detinha em Maio 1,16 biliões de dólares em títulos do Tesouro americano, e receia agora que a política nos EUA não evite uma descida do “rating” desses títulos que tem em carteira.

As declarações vêm na sequência da intervenção do primeiro-ministro russo, Vladimir Putin, ter dito que “os EUA estão a parasitar a economia mundial”.


http://www.jornaldenegocios.pt/home.php?template=SHOWNEWS_V2&id=499579

Estes dois países, atacam a imagem dos EUA, no que toca à sua capacidade económica e capacidade de pagar as suas dívidas. Rússia e China são os maiores oponentes militares dos EUA e estes três países têm os maiores arsenais nucleares do mundo. Um deles é um gigante energético, o outro a 2ª potência económica, o segundo maior consumidor do mundo e que tem as maiores reservas de dinheiro no mundo.

O ataque à economia americana, implica um ataque à sua estrutura militar, não é possível uma economia débil sustentar uma estrutura militar forte.

Estas recentes declarações vindas da Rússia e China, juntam-se a outras declarações no passado como aquela onde ambos indicaram que começaram a diversificar as suas reservas, diminuindo o peso do dolar ou a outra onde declararam a intenção de abandonar o dólar como moeda de transação de petróleo.

A Rússia e a China movem-se de modo a infligir danos na economia dos EUA, tendo como consequência a diminuição da sua influência no mundo.