sexta-feira, novembro 04, 2011

Voluntários terminam com êxito viagem simulada à Marte após 520 dias de isolamento numa cápsula

 
Seis voluntários que participaram  numa experiência inédita saíram para o mundo exterior na sexta-feira, depois de um ano e meio de isolamento numa cápsula construída em Moscovo para estudar o efeito de uma viagem ao planeta Marte no organismo humano.
Os seis homens, que passaram 520 dias numa cápsula instalada num Instituto de Moscovo, abriram às 14 horas de Moscovo (10 horas de Lisboa) GMT de sexta-feira a comporta do módulo que havia sido lacrada no dia 3 de junho de 2010, e foram levados para ser submetidos a uma bateria de exames médicos.
Os membros da expedição eram esperados por Vladimir Popovkin, presidente da Agência Espacial da Rússia.
A equipa integrada apenas por homens é formada por três russos (dois médicos e um engenheiro), um astronauta chinês e dois engenheiros enviados pela Agência Espacial Europeia (ESA), um francês e um ítalo-colombiano.
O teste simulou um "lançamento" em junho do ano passado e a "aterragem” em Marte em fevereiro. Os voluntários realizaram "caminhadas espaciais" com o traje completo num espaço preparado com areia antes de deixar o planeta vermelho e "voar" de regresso à Terra.
"Eu diria que os rapazes estão com muito bom humor. Sabem que realizaram algo realmente grande", disse na terça-feira Mark Belakovski, vice-diretor do programa.
"Passar 520 dias com pessoas de diferentes grupos, diferentes nacionalidades e mentalidades não é nada fácil. Eles comportaram-se de forma notável", declarou Belakovsky aos jornalistas.
O projeto chegou a ser ridicularizado, já que a experiência não saiu do solo, sem a ausência de gravidade, como em um voo real. Mas os organizadores seguiram estritamente as regras de um voo real, inclusive com os 20 minutos de atraso nas comunicações.
As agências espaciais que se associaram ao projeto Marte 500 disseram que a experiência desempenhou um papel fundamental ao provar que pessoas são capazes de enfrentar a solidão e a frustração de uma longa viagem para Marte e regressar.
"Efetivamente, a tripulação pode sobreviver ao isolamento inevitável para uma missão a Marte e regressar", disse Patric Sundblad, cientista da ESA no site da entidade. "Do ponto de vista psicológico, podemos fazê-lo", acrescentou.
Os voluntários, vestidos com uniformes azuis, passaram todo o tempo, exceto na "aterragem" em Marte, num complexo hermeticamente fechado de quartos minúsculos, cumprindo ordens dos líderes do projeto e alimentando-se das reservas especialmente planejadas.
Nos últimos dias da experiência, os voluntários simularam a "trajetória em espiral em direção ao campo de gravidade terrestre", explicou o site oficial da experiência.
Os seis cientistas permanecerão em quarentena até o dia 8 de novembro, disse Belakovsky, já que os especialistas expressaram preocupações sobre sua eventual vulnerabilidade a doenças de inverno, embora testes indiquem que se encontram em bom estado de saúde.
Na mudança mais evidente desde o "lançamento" em direção a Marte, no ano passado, o comandante da tripulação, o engenheiro russo Alexeo Sitiov, passou a exibir uma enorme barba, como foi visto num vídeo divulgado pelos organizadores.
"Não acredito que seja difícil para eles adaptar-se à vida normal, porque os psicólogos trabalharam muito intensamente com eles. Acredito que a adaptação será fácil", disse Belakovsky.
A Rússia e a ESA consideram que uma viagem tripulada a Marte pode tornar-se realidade no ano 2040.

2 comentários:

PortugueseMan disse...

...O projeto chegou a ser ridicularizado, já que a experiência não saiu do solo, sem a ausência de gravidade, como em um voo real....

A sério? e quem é que fez isso? jornalistas? ou alguém mais?

Aquilo foi uma experiência e tanto, não há motivos para escarnear com o assunto.

MSantos disse...

Só poderá ser a ignorância a falar, ridicularizar um estudo destes porque é dum estudo que se trata.

Numa das primeiras destas "missões" houve sessões de pancadaria. Nesta já se implementou procedimentos de maneira a contornar o stress do confinamento.

O mesmo tem sido feito nas longas estadias (6 meses - 1 ano) nas estações espaciais.

Estas expriências são vitais para missões onde poucos seres humanos terão de conviver num espaço fechado por alguns anos.

Cumpts
Manuel Santos