As autoridades russas estão a concentrar tropas na capital do país a pretexto de evitarem incidentes durante a manifestação da oposição ao Kremlin convocada para amanhã, noticiam as agências russas citando testemunhas das movimentações de soldados do Ministério do Interior da Rússia.
A oposição russa, que engloba tanto representantes de partidos com assento parlamentar, como forças políticas não autorizadas pelo Ministério da Justiça, vai protestar contra a “falsificação das eleições parlamentares”, pela demissão do dirigente da Comissão Eleitoral da Rússia e realização de um novo escrutínio.
“Eu saída de Moscovo às 19.45 horas (15.45) de quarta-feira quando vi, em sentido contrário, uma coluna militar acompanhada por automóveis da polícia de trânsito”, declarou, Andrei Filin, dirigente da Federação de Automobilistas da Rússia, à agência RBK.
Segundo ele, a coluna era constituída por “cerca de 20 veículos, entre os quais dez camiões com soldados, dois veículos e outros meios blindados móveis”.
“O ministério não planeia trazer para a capital forças suplementares além das necessárias para garantir a ordem”, comentou um porta-voz oficial do Ministério russo do Interior à agência Ria-Novosti.
Os organizadores da manifestação esperam uma afluência recorde à Avenida Sakharov, onde se irá realizar o protesto. A julgar pelos russos que já confirmaram a sua participação no evento através da rede social do Facebook e do seu análogo russo Vkontake, irão estar presentes mais de 75 mil pessoas.
Na manifestação de 10 de dezembro, o número de participantes ultrapassou a quantidade de inscritos nas redes sociais.
O Patriarca da Igreja Ortodoxa Russa, Kirill I, lançou hoje um apelo para que os russos “não acreditem incondicionalmente” nessas redes sociais.
“A confiança ingénua do homem actual na informação colocada nas redes sociais, a desorientação e a perda de valores básicos tornam os nossos contemporâneos particularmente vulneráveis à manipulação da sua consciência”, declarou ele na sua mensagem anual.
Kirill I considera que “as mudanças do vetor político não podem mudar radicalmente e tornar a sociedade feliz se não existir um desejo de transformação da personalidade humana”.
O chefe da Igreja Ortodoxa Russa desvalorizou os comícios ao compará-los com a cerimónia de veneração do “Cinto da Mãe de Deus”, realizada em Moscovo no mês de novembro.
“Na realidade, centenas ou milhares participam em diferentes comícios, mas com a Mãe de Deus foram ter milhões de nossos concidadãos ortodoxos, que conseguiram chegar até à relíquia após estarem muitas horas numa fila. A fila infinita de diferentes pessoas mostrou à nossa sociedade que o sal da terra russa, de que alguns mídias não deram conta durante muito tempo e de forma arrogante, nunca deixou de existir e que as esperanças populares estão ligadas à fé em Deus”.
O Kremlin espera que as promessas feitas pelo Presidente Dmitri Medvedev de liberalização do sistema político russo: eleição direta dos governadores das regiões e repúblicas da Federação da Rússia, facilidade de participação de partidos e cidadãos nas eleições, contribua para a desmobilização da oposição.
“Estruturas tectónicas da siciedade começaram a movimentar-se, o tecido social ganhou nova qualidade. Já estamos no futuro. E esse futuro não será calmo. Mas não vale a pena ter receio. A turbulência, mesmo que forte, não é uma catástrofe, mas um tipo de estabilidade. Tudo vai correr bem”, comentou Vladislav Surkov, vice-dirigente da Administração Presidencial e ideológo do Kremlin.
1 comentário:
Aproveito para desejar umas festas felizes a todos.
PortugueseMan
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