Confrontos entre a polícia e operários da indústria petrolífera provocaram pelo menos 10 mortos na cidade de Janaozen, no sudoeste do Cazaquistão, anunciou Askhat Daulbaevn, procurador-geral do país da Ásia Central.
Segundo Daulbaevn foram incendiados os edifícios da câmara municipal, da sede de uma empresa de gás e de um hotel.
Fontes não oficiais, citadas por agências russas, falam em mais de mil participantes nos confrontos, que teriam provocado dezenas de mortos e feridos.
Os confrontos ocorrem no 20º aniversário da proclamação da independência do Cazaquistão.
As autoridades planeavam realizar festejos na praça central de Janaozen, onde se encontravam grevistas a protestar.
Segundo autoridades locais, citadas pela agência Itar-Tass, os grevistas, armados com paus e cocktails Molotov fizeram dispersar a manifestação que festejava a independência, incendiaram um autocarro e uma árvore de Natal, bem como destruíram uma tenda e um palco.
Porém, o jornal Respublika, da oposição ao regime do Presidente Nursultan Nazarbaiev, acusa as autoridades de terem provocado os confrontos.
"As autoridades obrigaram crianças e jovens, transportando bandeiras, a desfilar na praça, no local onde se encontravam os operários. Os trabalhadores da indústria petrolífera travaram-nos e foram atacados pela polícia. Assim ocorreu o primeiro confronto. As crianças e jovens fugiram", escreve o jornal.
O jornal eletrónico Life News cita testemunhas referindo que a polícia teria disparado contra a multidão e lançado um camião contra os manifestantes, o que provocou a ira destes.
O jornal Lada chama a atenção para o facto de a greve se prolongar há mais de meio ano e ter como principal reivindicação o aumento de salários.
As autoridades concentram na região polícia de choque a fim de controlar a situação.
O Cazaquistão é uma antiga república soviética da Ásia Central. Rico em hidrocarbonetos e minérios, o país destaca-se pelo grande fosso existente entre uma minoria rica e uma maioria pobre.
Mais um foco de tensão numa região de si tão complicada como é a Ásia Central. Veremos se Nussultan Nazarbaev conseguirá gerir esta crise, a mais grave na ainda breve história deste país.
7 comentários:
É curioso, e porventura preocupante, este surto de violência no Cazaquistão, que é um país onde isso não é habitual.
Para além destes problemas económico-sociais, agravados pelas assimetrias já referidas, temos um crescente movimento islamita que começa a adquirir moldes violentos, como já noticiei aqui; e o governo, o que faz?
Segue a estratégia do confronto co os trabalhadores! É capaz de não ser muito boa ideia...
Tudo é por causa de petróleo e gás!!! Muitas guerras e confrontos irão ocorrer ainda por causa de petróleo e gás.
E talvez o "próximo Oriente Médio" do planeta será a região do Ártico, que já está começando á provocar hostilidades entre Rússia, Canadá Estados Unidos, Noruega e Dinamarca!!!
Vídeo sobre os acontecimentos:
http://www.facebook.com/photo.php?v=182277555201770
Fotos, videos, textos sobre a revolta:
http://socialistworld.ru/materialy/mir/
czentralnaya-aziya/kazaxstan/v-zhanaozene-nachalis-massovyie-besporyadki
A página oficial do presidente Nazarbayev publicou o Decreto presidencial que no seu ponto 4.7 ordena o seguinte: “limitar ou proibir o uso de copiadoras, equipamentos de rádio e televisão, equipamentos de áudio e gravação de vídeo, e implementar uma apreensão temporária dos equipamentos de amplificação de som”.
Todos os ditadores se parecem entre si...
Todo apoio aos camaradas socialistas e grevistas do Cazaquistão!
Vcs não percebem? Ele é aquilo que nas eleições brasileiras nós chamamos de "laranja". Laranja é candidato sem nenuma chance pago por um candidato mais forte para fazer aquilo que ele não pode fazer, por exemplo, atacar adversários com termos de baixo calão. No caso do líder comunista, assim como os nacionalistas, o objetivo deles é amedrontar a população e o Ocidente. Fazer uma espécie de "terrorismo emocional". É como se Putin dissesse: será bem pior se não for eu. É exatamente essa a esperteza dele. Ele tira qualquer meio de expressão dos candidatos e grupos que são realmente de oposição e uma real alternativa. E dá uma relativa liberdade para os comunistas e os nacionalistas. A polícia de Moscou, por exemplo, permite protestos de Nacional-bolchaviques mas não de liberais. É por essa razão. Ele quer passar para a população russo e para o Ocidente a sensação de que não há alternativas. De que ele é o "menos pior". Tudo isso não passa de estratégia de poder. Dê a todos os meios de divulgação e expressão e as alternativas aparecerão.
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