Muitos russos afirmam que um dos seus maiores poetas, Serguei Iessenin, é tão russo que é impossível traduzi-lo. O meu saudoso amigo José Sampaio Marinho respondeu ao desafiou e traduziu para português. Aqui fica a tradução de um dos poemas do mais russo dos poetas:
CARTA À MÃE
Vives ainda, minha velhinha?
Também eu vivo. Salve-te Deus!
Que caia sobre a tua isbazinha
A vesperal, doce luz dos céus.
Alguém me escreve que, preocupada,
Chamas por mim morta de saudade,
Que muitas vezes sais para a
estrada
No velho trajo de uma outra idade.
Na treva azul da noite serena
Sempre te ocorre a mesma visão:
Que numa briga, alguém, na taverna,
Me crava a faca no coração.
Nada, querida! O teu medo acalma.
É só delírio de bem-querer.
Não sou um bêbedo tão sem alma
Para, sem ver-te, poder morrer.
Sou carinhoso como era outrora
E um sonho só dentro em mim se
aninha:
Mandar insone saudade embora,
Voltar à nossa casa baixinha.
Regressarei quando no jardim
A Primavera florir os ramos.
Mas de manhã não venhas a mim
Pra me acordar como há oito anos.
Deixa dormir o de sonos lasso,
O que não fiz por favor olvida:
Cedo de mais, perdas e cansaço
Que sofrer tive na minha vida.
E orar não quero. Não é preciso!
Para o passado não há regresso.
Só tu pra mim és ajuda e riso,
Só tu és luz de intenso reflexo.
Deixa de estar tão preocupada,
De mim não tenhas tanta saudade.
Não corras tanto para a estrada
No trajo velho de uma outra idade.
3 comentários:
:0)
E eu nem costumo gostar de poesia...
Se ao menos tu valesses um pálido reflexo da minha mãe...
Poesia pede música, por isso aqui deixo o último videoclip de Paul McCartney, para quem ainda não conhece:
http://www.youtube.com/watch?v=f4dzzv81X9w
Esperava uma música mais heavy-metal para um pirata como o Johnny Deep, mas a Natalie Portman está óptima. Digamos que é uma homenagem minha a todas as mães Natálias, não se vá pensar que tenho algo contra um nome tão russo.
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