Texto enviado pelo leitor Jest
"O marechal Zhukov, promovido
pelos neoestalinistas como “génio militar soviético”, era visto pelos seus
contemporâneos como um pessoa brutal e despótica, adepta do princípio de
“vitória a qualquer custo” e dada às pilhagens. A sua alcunha entre os soldados
soviéticos era “carniceiro”…
A doutrina militar do
Zhukov se baseava na ideia do que após o fogo da artilharia, o ataque era feito
pela infantaria e só depois, nas brechas por ela abertas entravam os tanques.
Ou seja, a caminho dos tanques era traçado pelos corpos dos soldados. O uso
desta tática, condenada por comandantes militares de senso comum, ditava que
por cada soldado alemão morto, a URSS perdia 8-10 militares (no fim da II G.M.,
Zhukov surpreendeu o general americano Eisenhower com a famosa frase,
explicando porque ele poupava os tanques em detrimento dos soldados: “Soldados
são esterco, as gajas russas vão parir mais, enquanto o tanque custa o
dinheiro”).
Comandando a defesa de
Moscovo em outono de 1941, Zhukov lançou contra a ofensiva alemã os 179.000
soldados do “corpo voluntário” – professores, engenheiros, cientistas, muitos
deles trazidos da Ucrânia. Eles tiveram 1 (uma) espingarda para cada 5 (cinco)
pessoas e 1 (uma) granada para cada 3 (três). Naquela “trituradora” morreu Yuri Kondratyuk, autor
do programa da viagem para a Lua, cujas ideias foram mais tarde aproveitadas
pela NASA.
No dia 19 de dezembro
de 1941, Zhukov usou três divisões da cavalaria contra os blindados alemães.
Essa cavalaria foi aniquilada em algumas horas (durante cerca de 40 anos a
propaganda soviética afirmava que o caso foi protagonizado em 1939 pela
cavalaria polaca).
Na primavera de 1944,
durante a batalha de Korsun-Cherkassy,
Zhukov ordenou que as tropas “voluntárias”, às pressas formadas pelos camponeses
ucranianos com idades entre 15 e 55 anos, atacassem as defesas alemãs. Durante 24
dias da batalha o exército soviético perdeu 770.000 pessoas, na sua maioria
ucranianos.
A “Enciclopédia da Arte
Militar” escreve que na batalha de Berlim, para poupar o tempo de desminagem,
Zhukov mandou a infantaria avançar pelos campos minados. O marechal não sentiu
nenhuma vergonha e até gabava-se disso perante os aliados. O general americano
Eisenhower escrevia nas suas memórias: “Tenho dificuldade de imaginar o que
aconteceria no nosso exército com um general que tivesse a ideia de dar uma
ordem semelhante”. O Marechal Zhukov recebeu a terceira estrela do herói [da
União Soviética]. [1]
Em 14 de setembro de
1954, Zhukov deu a ordem de experimentar a bomba nuclear nos seus próprios
soldados. No polígono de Totskoye,
nos arredores de Oremburgo, cerca de 40.000 militares foram lançados no
epicentro nuclear. Cerca de ¾ morreram de queimaduras e lesões de
radioatividade. Outros 10.000 tornaram-se inválidos para sempre. Em resultado
Zhukov recebeu outra estrela do herói [da União Soviética]. [2]
«Zhukov não era
mesquinho. Ele não gostava de castigos como repreensão ou repreensão severa. O castigo de Zhukov é o fuzilamento. Sem formalidades…», lembrava nas suas memórias o general Petró Hryhorenko. [3]
O historiador catedrático
russo, Andrey Mertsalov, caracteriza Zhukov assim: «Após Estaline, Zhukov era a
segunda figura na direção militar a URSS… Não apenas ao Estaline, mas também ao
Zhukov era próprio o princípio vicioso “a qualquer custo”, brutalidade e
despotismo» [4]
O retrato do Zhukov não
seria completo, se não falamos do seu instinto de saqueador. O Ministro do Defesa
da URSS, Nikolai
Bulganin escreveu [5] no memorando ao Estaline:
Conselho de ministros
da URSS
Ao Camarada Estaline I.
V.
Segundo a sua
orientação, no dia 5 de janeiro de [1948] no apartamento de Zhukov em Moscovo
foi feita uma busca não oficial. Pretendia-se encontrar e apreender uma mala e
porta-joias com ouro, diamantes e outras preciosidades. Durante a busca a mala
não foi achada, mas porta-joias estava no cofre, situado no quarto de dormir. A porta-joias continha:
Relógios – 24 unidades,
destes 17 de ouro, 3 com pedras preciosas; pendentes de ouro e anéis – 15 un.,
8 com pedras preciosas; porta-chaves de ouro com grande quantidade de pedras
preciosas; outras peças de ouro (porta-cigarros, fios, pulseiras, brincos de
pedras preciosas, etc.).
[...]
Na noite de 8 para 9 de
janeiro de [1948] foi feita uma busca não oficial na casa de campo de Zhukov,
na aldeia de Rubliovka, nos arredores de Moscovo. Em resultado foi descoberto
que dois quartos da casa foram transformados no armazém, onde fica armazenada
uma grande quantidade de objetos e valores.
Por exemplo:
Os panos de lã, seda,
brocado, veludo fino e outros – mais de 4.000 metros; peles de zibelina,
macaco, raposa, otária, cordeiro de caracul – 323 peles; cabrim de qualidade
superior – 35 peles; carpetes caros e gobelins de tamanhos grandes, retirados
do palácio de Potsdam e outros palácios e casas da Alemanha – 44 no total, uma
parte está colocada e pendurada nos quartos, outra está no armazém.
As pinturas preciosas
clássicas de tamanhos grandes em molduras artísticas – 55 no total,
parcialmente pendurados nos quartos da casa e parcialmente estando no armazém; os
jogos de loiça de jantar e de chá (porcelana de acabamentos artísticos,
cristal) – 7 caixas grandes; jogos de talheres de jantar e de chá – 2 caixas;
acordeões com acabamentos caros e artísticos – 8 peças; espingardas de caça de
marca Holland & Holland e outras – 20 peças no total. Todos estes bens
estão guardados em 51 caixas e malas, mas também ficam deitados.
[...]
Toda o mobiliário,
começando pelas mobílias, carpetes, loiça, adornos e acabando com as cortinas
nas janelas é estrangeiro, principalmente alemão. Na casa de campo não há
nenhum objeto de fabrico soviético, menos as passadeiras na entrada de casa.
Não há mesmo nenhum livro soviético, mas nas prateleiras está um grande número
de livros com impressão de ouro, exclusivamente em língua alemã…
Ao Camarada Estaline
Na alfândega de Yagodyn
(nos arredores da cidade de Kovel)
foram apreendidos 7 vagões, que continham 85 caixas com mobílias. Durante a
verificação foi sabido que mobílias pertencem ao marechal Zhukov.
[...]
No dia 19 de agosto os vagões
com mobílias de Yagodyn foram enviados para Odessa. Alfândega de Odessa recebeu
a ordem de não entregar as mobílias até receber uma orientação especial. A
descrição de mobílias, contidas nos vagões verificados está anexa.
Bulganin,
21 de agosto de 1946
No fim deste processo,
a maioria dos objetos aqui citados foi apreendida pelo MGB da URSS e entregue à
Direção de Património do Conselho de Ministros da URSS.
Bibliografia
[1] “Enciclopédia da
Arte Militar”, Minsk, Literatura, 1997, pp. 208-209
[2] Idem, p. 210.
[3] Viktor Suvorov, Dia “M”, Cherkassy,
Ingles, 1994, p. 225.
[4] Alexey Mertsalov,
“Sob hipnose da personalidade forte”, revista “Rodina”, 1991, №6-7, p. 115.
[5] Arquivos Militares
da Rússia, Vol. 1, Moscovo, 1993, pp. 184-190."
14 comentários:
Grande história... Adorei, fazia tempo que não era postado algo assim neste blog!!! Pura nostalgia...
Parabéns!!!
E contudo, o facto é que Zhukov foi um dos poucos que, sobrevivendo à purga ordenada pelo georgiano Estaline, foi capaz de desenvolver com êxito operações combinadas, quer na Mongólia contra os japoneses (amedrontando-os o suficiente para que estes não atacassem a URSS em 1941), quer contra os alemães e seus aliados na Frente Ocidental.
Incapaz de levar avante a sua estratégia devido aos constantes impedimentos e interferências de Estaline, Zhukov não pode evacuar Kiev nem impedir a formação do "caldeirão" ("kessel") da Frente Sudoeste, mas ainda assim, sob seu comando directo, infligiu enormes baixas aos alemães na operação de Yelnya.
Zhukov também foi fundamental na organização da defesa de Leninegrado, vital para a segurança da Frente Norte e para o reabastecimento da URSS via Archangelsk, e foi sobretudo fundamental na defesa de Moscovo, a qual salvou de ser tomada pelos alemães.
Em 1942 foi encarregue da defesa de Leninegrado e do contra-ataque que cercou e destruiu o 6ª Exército Alemão (Operação Urano).
Em 1943, foi mais uma vez responsável por uma batalha decisiva, a de Kursk, a qual quebrou de vez as aspirações ofensivas da Alemanha nazi.
De Kursk até Berlim, Zhukov foi responsável basicamente por todas as operações vitoriosas do Exército Vermelho que não só empurraram a Wehrmacht e os seus aliados para fora do território da URSS como permitiram a conquista e submissão do território inimigo.
Por estas razões, Zhukov é justamente considerado um herói.
"Mein Gott, hilf mir diese tödliche Liebe zu überleben!"
http://en.wikipedia.org/wiki/Dmitri_Vrubel
'Twelve moods of Putin'
The portraits were painted by two Moscow artists Dmitri Vrubel and Viktoria Timofeyeva. "While drawing, we literally fell in love with him [V. Putin]," said Viktoria Timofeyeva.
http://news.bbc.co.uk/2/hi/europe/1694236.stm
As palavras da Timofeeva parecem com a frase "Obrigado querido Estaline por fuzilares os nossos pais!" lol
Parecem, mas não são, são mesmo "While drawing, we literally fell in love with him"
O Putin tem mesmo admiradores, fazer o quê? :0)
2 Jest, aka Dmytro Yatsyuk,
Convinha que investigasse melhor as condições deploráveis em que o Exército Vermelho operava nos anos 30 até ao início da guerra para explicar convenientemente o porquê dos assaltos em massa com "uma espingarda para cada cinco pessoas", etc.
Quanto aos testes nucleares com soldados, é uma realidade trágica, só possível numa ditadura cruel... e numa democracia como a norte-americana!
"From 1945 through the early 1960s, some 300,000 men and women in U.S. uniform were exposed to radiation from atmospheric, underwater, and underground bomb tests. The military wanted to know how armies would react to atomic weaponry in war and they used American soldiers to find out. Though the Pentagon has insisted all along that there was little or no danger from these tests, the authors here present irrefutable evidence, which has only gradually come to light, that many of our GIs have suffered and died from leukemia, cancer, chronic respiratory distress, progressive muscular weakness, and mental disturbance. Most tragically of all, some of their children have been born with physical and mental handicaps." http://www.ratical.org/radiation/KillingOurOwn/Intro.html
E um vídeo:
http://videosift.com/video/Nuclear-Bomb-tested-with-US-soldiers-on-ground
2 Pippo - Filipe
De facto, muitas coisas interessantes aconteceram no século XX
http://www.imdb.com/title/tt1305871/
2 Jest - Dmytro Yatsyuk
E mais haveria no séc. XXI se um letão fizesse um doc lisonjeiro sobre a URSS! :0D
Seu texto é tendencioso e tem infimas fontes.
A data na carta faz referência ao ano de 1948 quanto às buscas enquanto que a data no final da mesma, supondo ser a data da escrita da mesma aparece 1946. Logo suspeito que o documento não seja autêntico. Jukov não foi um santo mas foi crucial para a vitória soviética face à Alemanha nazi. Os norte-americanos falam muita coisa e também cometem muitas atrocidades portanto não cabe a eles apontarem o dedo a ninguém, visto serem eles os primeiros a testarem a radioactividade no seu próprio exército. Deve procurar ler mais irmão e não centrar seus conhecimentos em poucas fontes
......só faltou dizer que ele também comia criancinhas....
Impressionante como ainda pensam que o mundo acredita nessas estórias que tentam desacreditar quem realmente ganhou a guerra feita pelas potências capitalistas que se devoravam entre si. Como o representante alemão perdeu a guerra e com ela o sonho das demais potências cúmplices de abocanhar o imenso território russo, s´restou a essas, difamar seu cúmplice alemão e o ganhador da guerra.
A história registra e a humanidade repensa ... O povo alemão trouxe e deixou um rastro de sangue, destruição e morte na Europa. Isso nunca será esquecido pela humanidade.
Eles se tornaram coadjuvantes de um cenário hediondo. Quarenta milhões de cidadãos russos foram mortos em suas terras e entre outras coisas e horrores, também seis milhões de civis, judeus como justificativas para ... o saque. O que era para eles como sustento moral, para os crimes cometidos contra a humanidade, tornou-se um horror indescritível para milhões de homens, mulheres e crianças ... Civis indefesos em toda a Europa.
Um período sombrio na história da civilização humana com seus jogos de poder e dinheiro. Um tempo de alienação e controle de massas ... de saque, destruição e morte a qualquer preço.
Quanto a Gueorgui Konstantinovitch Jukov, ou o conhecido Marechal Zhukov, foi ele a medida certa em tempo certo, assim como outros heróis Russos, a medida no tempo certo para as hordas assassinas que assolaram a ferro, sangue e morte o continente europeu naqueles sombrios momentos da história da civilização humana. Zhukov.. foi um homem de valor, de tenacidade inigualável no cumprimento do dever e combate aos mafiosos alemães de uma época sombria para a humanidade.
Revisionismo histórico puríssimo. O Marechal Zhukov foi um dos maiores líderes militares da História. Fato reconhecido até pela imprensa ocidental (vide o documentário do insuspeito History Channel a seu respeito). Considerado por qualquer pessoa com o mínimo de conhecimento de estratégia militar como um dos mais eficientes estrategistas que fez uso da estratégia da "pinça" (ou "envolvimento duplo", no jargão militar). Tinha ótima relação com seu comandante-em-chefe, Stálin, como ele mesmo declarou em uma longa entrevista para a televisão soviético em 1966. É bom lembrar que, na época, a URSS era comandada pelo anti-estalinista Kossigin. Portanto, ninguém pode alegar que ele foi "constrangido a elogiar Stálin" ou coisa que o valha. Compilar depoimentos de ressentidos ou anticomunistas não pode falsificar os fatos: Zhukov comandou com maestria o Exército Vermelho empurrando os alemães desde as periferias de Moscou até o interior do Reichstag, em Berlim.
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