Texto enviado pelo leitor Jest:
"O KGB da Ucrânia Soviética
(UKGB), era um dos braços mais ativos do KGB soviético. Segunda república mais
populosa da URSS, Ucrânia possuía fronteiras terrestres e marítimas com alguns países
estrangeiros, as aspirações independentistas não foram totalmente extintas e a considerável
minoria judaica era vista pelas autoridades como “alvo potencial do inimigo
sionista”. O arquivo
Mitrokhin permite saber até que ponto UKGB penetrava na sociedade e
controlava todos os aspetos da vida quotidiana dos cidadãos da Ucrânia.
Em fevereiro de 1971 em
Kyiv se reuniu a chefia do UKGB para discutir os resultados do trabalho dos
ckekistas ucranianos no ano anterior, o chefe do KGB republicano, Vitaly Fedorchuk,
apresentou o resumo das suas atividades.
Em Kyiv, Kharkiv e
Odessa foram descobertas os grupos judaicos clandestinos de inspiração
sionista, que procuravam ajudar as pessoas a emigrar para Israel.
Entre 40.000 ucranianos
que visitaram os países estrangeiros, 33 cidadãos da Ucrânia soviética tiveram
os contatos com os estrangeiros (quaisquer contatos informais entres os
cidadãos da URSS e os estrangeiros eram fortemente “desaconselhados” pelo KGB).
A tripulação do navio
cargueiro “Bashkiria”, incluindo os agentes (informadores à tempo integral) do
KGB e os seus “contatos de confiança” se dedicavam ao contrabando, como castigo
pela “deslealdade” KGB deteve algumas pessoas, dissolveu a tripulação, privando-a
de permissão para navegar no estrangeiro (enquanto os cidadãos ocidentais
colaboravam com KGB por dinheiro, vingança, afinidade ideológica com comunismo,
os cidadãos da URSS muitas vezes encaravam KGB apenas como uma alavanca prática
para prosseguir na carreira ou visitar os países estrangeiros).
UKGB controlava 800
empresas, institutos, ministérios e departamentos, os sistemas de transporte ferroviário,
rodoviário e aéreo, nenhum agente secreto estrangeiro foi descoberto naquele
ano.
Em contrapartida, em
1970, UKGB descobriu na Ucrânia 153 grupos “ideologicamente perigosos”, que contavam
com 637 membros e 13 grupos nacionalistas com 60 membros. Entre eles, 313 pessoas
foram perseguidos judicialmente, cerca de 3.000 se ficaram pelas “conversas
profiláticas”. UKGB detetou 12 linhas de contato da Organização dos Nacionalistas
Ucranianos (OUN) com Ucrânia, na cidade de Mykolaiv foi descoberta a unidade
clandestina que “tentava” divulgar os panfletos da OUN. Chekistas notavam a disseminação
do nacionalismo no Leste da Ucrânia, nas províncias de Dnipropetrovsk, Odessa,
Mykolaiv, Khmelnitsky, cidade de Kyiv.
O Serviço operativo e
técnico do UKGB confiscou mais de 20.000 documentos considerados “ideologicamente
perigosos” (violando o segredo da correspondência privada dos cidadãos sem
nenhuma permissão do judiciário). Apenas duas cartas (na Crimeia e Lviv)
continham “indícios da correspondência clandestina dos agentes”.
O 2° Serviço efetuou
mais de 8.500 ações de escutas (também ilegais) nos hotéis, apartamentos, etc.
UGKB tinha em andamento
163 casos judiciais contra 183 cidadãos, efetuou 6 julgamentos públicos, mas lamentava
conseguir condenar judicialmente apenas cerca de 34% dos detidos. Cada
funcionário do UKGB em média trabalhava com 7 – 9 agentes, considerando ter poucos
informadores entre “sionistas, nacionalistas, intelectuais, instituições superiores
do ensino”. Na cidade de Kharkiv o 5° serviço possuía 14 residenturas (núcleos permanentes
que juntavam os agentes do KGB e os seus informadores), reforçados com mais de 80
agentes.
Em 1970 UKGB recrutou 4
cidadãos estrangeiros, em 1969 – três (provavelmente ucranianos étnicos, eles eram
mais vulneráveis à chantagem por causa dos laços familiares na Ucrânia).
Os 133 especialistas ucranianos
da cidade de Zaporizhia foram designados para trabalharem na construção de uma fábrica
metalúrgica na Índia, entre eles 12 agentes e 15 “contatos de confiança” (ou
seja, a taxa de penetração do KGB é de 21,05%).
UKGB manifestava a
preocupação com a cidade de Chernivtsi, onde cerca de ¼ da população eram judeus
e a fronteira próxima com a Roménia não era “suficientemente guarnecida”. Para
reforçar a tropa de guarda – fronteira (subordinada ao KGB), UKGB usava os seus
funcionários operativos e até 67 grupos de “voluntários populares”, cerca de
2.000 pessoas, considerando, no entanto, que isso “não era a resolução da
questão”.
Mas a preocupação maior
eram os estrangeiros, cidadãos da Romênia, Polônia e Checoslováquia, que
visitando a URSS particularmente, nos períodos de 30-40 dias, por vezes permaneciam
no país até 2 anos e “tendo a vontade, podiam ficar para sempre”. Nos comboios internacionais
Varsóvia – Bucareste e Varsóvia – Bucareste – Varna, os passageiros em trânsito
tinham a possibilidade de conviver com os cidadãos soviéticos, permanecer no
território da URSS durante alguns dias. Os automobilistas da Roménia e da Bulgária,
em trânsito para RFA e os Países Nórdicos não eram controlados, mudavam as
rotas pré-definidas, aproveitavam as paragens prolongadas para fazer os negócios
com os cidadãos soviéticos.
Blogueiro
Como podemos ver, o
legado do Estaline, que após a II G.M., tinha proibido os casamentos entre os
cidadãos soviéticos e os estrangeiros era bem presente no pensamento do KGB
ainda nos anos 1970. Olhando para qualquer estrangeiro como para o espião
potencial, mesmos se este estrangeiro provinha do bloco dito socialista."
4 comentários:
Em português, o correto é "Kiev".
:P
:)
O problema é que na Ucrânia do Oeste havia(e há) muitos remanescentes de bandeiristas e demais nazi-fascistas, colaboradores e veteranos da SS...
Não queriam "liberdade" de forma alguma.
Já aqui falamos que em toda a URSS não havia maiores colaboradores com Hitler e Alemanha do que Estaline e o poder soviético. Ver a parada conjunta de RKKA e Vermacht na cidade de Brest em 22.09.1939
www.youtube.com/watch?v=7fHMfX3cySc
NKVD = KGB = FSB
É tudo a mesma coisa, só muda mesmo o nome.
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