quarta-feira, julho 18, 2012

O Exército Vermelho no dealbar da 2ª Guerra Mundial -4





Texto escrito pelo Pippo:

4ª Parte - A logística

Um aspecto altamente relevante no que diz respeito à operacionalidade do Exército Vermelho no período antecedente à 2ª Guerra Mundial é a problemática da logística e, mais concretamente, do sistema dos transportes (ou ausência dos mesmos), o que veio a determinar uma enorme ineficiência no aprovisionamento das tropas e, como forma de obviar este problema, escolhas da ordem logística que se revelaram desastrosas.

Como é sabido, dos finais do séc. XIX até 1917, a Rússia sofreu um acelerado processo de industrialização, beneficiando de um excesso de mão-de-obra determinado pelo fim da servidão em 1861. No entanto, esse processo de industrialização não foi acompanhado pela necessária aposta nos sistemas de transporte e, mais concretamente, no incremento das vias de comunicação (estradas e, sobretudo, ferrovias), contrastando claramente com o que ocorria na Europa Ocidental ou, fazendo um paralelismo com base na dimensão, com a extraordinária expansão viária ocorrida nos Estados Unidos.

Ora, o que afectava a economia no seu todo afectava igualmente as Forças Armadas, pois a falta de transportes impede o normal abastecimento dos soldados até nos bens mais essenciais, como comida, roupas e equipamento básico, para não falar em munições, armas e combustível, afectando gravemente a vida militar e o prosseguimento das operações.

A falta de sistemas de transporte, em suma, a incapacidade logística em suportar as tropas com suprimentos e reforços, foi um dos factores-chave para as derrotas russas na Guerra Russo-Japonesa e na 1ª Guerra Mundial.

Com o fim da Guerra Civil, um período de clara recessão económica, durante o qual cerca de 60% das linhas de caminho de ferro e 80% do equipamento foram destruídos, a URSS apostou novamente na industrialização e em novas políticas económicas, mas o investimento nas vias de comunicação foi reduzido.

Para exemplificar a questão acima abordada, podemos dizer que nos princípios de 1940, aos dois regimentos de artilharia do VI Corpo de Infantaria faltavam 533 cavalos de tiro e dos 354 tratores de artilharia que era suposto haver, os regimentos apenas tinham 19 (!). A 140ª Divisão de Infantaria tinha ao seu dispor 43 camiões em lugar dos 325 que era suposto ter; quanto à rede ferroviária era basicamente a mesma desde o tempo da 1ª Guerra Mundial. Segundo o US Military Intelligence Reports: Combat Efficiency Estimates de 16 de Junho de 1941, “couple the lack of good highways and inefficient railroads with the slow antiquated horse transport, it is almost a foregone conclusion that the supply system of the Red Army will break down, The army cannot move much faster than it could thirty years ago”.

Uma das formas de solucionar este problema foi o de criar depósitos regionais de distribuição, localizados perto da frente, os quais se esperava serem facilmente acessíveis às unidades posicionadas no terreno mas deficitárias em termos de meios de transporte. Infelizmente, devido às más prestações das unidades durante os primeiros meses da ofensiva alemã (apesar da aturada resistência em certos pontos), estes depósitos foram rapidamente tomados pelo inimigo pelo que o Exército Vermelho perdeu assim impressionantes quantidades de equipamento o qual, frequentemente, foi reutilizado pelos agressores contra os seus antigos donos.



Sem comentários: