terça-feira, julho 10, 2012

Oposição recusa qualquer tipo de diálogo com o regime de Bashar Assad


Basma Kodmani, representante do Conselho Nacional Sírio (CNS), uma das mais importantes forças da oposição síria, declarou hoje que não pode haver qualquer tipo de diálogo com o regime de Bashar Assad.

“Desde o início que o Conselho Nacional Sírio afirma que não pode haver qualquer diálogo com o regime vigente, mas podem haver conversações sobre a forma como transitar para um novo sistema político de poder”, declarou ela, numa conferência de imprensa realizada em Moscovo.

Basma Kodmani acrescentou que “hoje, discutimos o mecanismo político de solução da crise síria, ele foi proposto pela Liga Árabe e deve ser aprovado pelo CS da ONU”.

“Nós defendemos quaisquer conversações, não o diálogo com o regime, mas conversações pela realização desse mecanismo sob a égide da ONU”, frisou.

Segundo ela, “o que hoje une a oposição síria é a concordância em derrubar o poder na Síria e criar um novo sistema político no país... Nós claro que nos dirigimos à Rússia, que é um dos Estados fulcrais para a Síria, desempenha um grande papel e que, esperamos, ajudará a virar a página ligada ao velho regime e passar para um novo sistema democrático”.

Kodmani revelou ter vindo a Moscovo para explicar a sua visão da situação.

“Nós viemos para explicar a posição do CNS e a da opoisição síria”, acrescentou.

Ela espera que a visita contribua para que a Rússia se manifeste em defesa do povo sírio e preste ajuda à Síria.

“Esperamos uma resposta da direção russa ao que se passa. Espero que ela nos tente compreender e reaja”, frisou.

A delegação do CNS deverá encontrar-se com Serguei Lavrov, ministro russo dos Negócios Estrangeiros.


A dirigente da oposição síria acusou o Irão de apoiar, militar e financeiramente, o regime de Assad.

“De facto, o Irão participa nos crimes que são cometidos contra o povo sírio e este vê que o Irão se manifesta contra o povo sírio, porque ele presta ajuda militar e financeira ao regime. A pode mudar só se o Irão alterar a sua posição”, concluiu.

Makhmud al-Hamza, um dos dirigentes do CNS, considerou que a proposta de Kofi Annan, enviado especial da ONU para a Síria, com vista à criação de um governo de transição é “precipitada”.

“Antes de começar a criar esse governo, é preciso criar as condições essenciais para isso”, frisou.

Na mesma conferência de imprensa, Ndjib Gadban, membro do secretariado geral do CNS, refutou as acusações de que o Qatar e os países ocidentais estão por detrás da revolução síria.

“Jovens, inspirados pelo exemplo das revoluções egípcia e tunisina, exigiram o derrube do regime. Eles foram recebidos com balas, contra eles foi empregue a força e isso levou ao levantamento do povo. Ou seja, trata-se de uma revolução puramente síria”, declarou.

Segundo ele, “nem a América, nem o Ocidente, nem outros países, incluindo o Qatar, nada tiveram a ver com isso”.

“Quando começou a revolução síria, na primeira etapa foi apoiada apenas pelas comunidades sírias no estrangeiro, incluindo os sírios que vivem em Moscovo. Nessa base, cerca de cinco meses depois do início da revolução, foi criado o Conselho Nacional Sírio e nenhum Estado apoiou essa iniciativa. Ela partiu dos próprios sírios”, concluiu.

Entretanto, um grupo de navios de guerra russos, com destaque para o Admiral Tchabanenko, um vaso de luta anti-submarina, deixou na terça-feira Severomorsk, no noroeste da Rússia, rumo ao porto sírio de Tartus, a única base naval russa no Mediterrâneo.


Segundo a agência Interfax, citando uma fonte político-diplomática, o grupo é também composto por três navios de transporte de fusileiros navais.

Dois outros navios, entre os quais o Iaroslav Mudri, vaso patrulha da Frota do Báltico, irão juntar-se a esse grupo.

“Está programado que esse grupo naval entrará no porto sírio de Tartus, onde se encontram instalações para a manutenção de navios de guerra”, precisa a fonte, sublinhando que esta operação “não está ligada ao agravamento da situação na Síria”.

“No porto de Tartus, os navios irão reabastecer combustíveis, água e víveres”, sublinhou a fonte político-diplomática.



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