As decisões tomadas na Conferência de Genebra sobre a Síria, realizada no sábado, dificilmente contribuirão para melhorar a situação nesse país, consideraram hoje peritos russos.
"Os resultados do encontro são positivos. Satisfaz muito o facto do ministro russo dos Negócios Estrangeiros, da secretária de Estado norte-americana e de todos os restantes representantes da comunidade diplomática mundial terem, não obstante tudo, chegado a um acordo sobre os princípios gerais", declarou Evgueni Satanovski, diretor do Instituto do Médio Oriente, à agência Ria-Novosti.
"Uma certa ‘mosca nessa sopa universal’ constitui o facto de esse papel não ter nada a ver com a realidade e não poder ser realizado por princípio", acrescentou ele, frisando que o documento de Kofi Annan, aprovado em Genebra, não conseguirá pôr fim à violência na Síria.
Alexandre Chumilin, diretor do Centro de Análise dos Conflitos no Médio Oriente, tem uma posição semelhante.
"Pode-se dizer aqui que os participantes da conferência tomaram o desejável por realidade: desenharam uma proposta ideal de saída da crise síria. Na realidade, tal como foi exposta, nela há muitas coisas que não encaixam, por isso esse modelo tem poucas possibilidades de ter êxito", frisou.
Por outro lado, Chumilin defende que os resultados da Conferência de Genebra poderão ser "para as partes do conflito sírio um sinal de que é necessário incentivar a busca de compromissos".
Porém, este especialista frisa que a conferência não ajudou a aproximação das posições da Rússia e dos Estados Unidos sobre a necessidade de demissão de Bashar Assad, Presidente sírio, condição que ele considera essencial para o êxito do modelo de regularização elaborado em Genebra.
Pelo contrário, o politólogo Serguei Markov, próximo do Kremlin, defende que o documento aprovado será mais facilmente realizado se Assad continuar no poder.
"Em certa medida, por paradoxal que pareça, ele constitui a continuação da política de Bashar Assad, que consiste na transformação do regime político", explicou.
Segundo Markov, a realização do documento aprovado é dificultada pela ingerência de forças externas no conflito interno na Síria.
"Se se conseguir transferir esse conflito para o espaço sírio, isso será uma grande vitória e será conseguido um compromisso", concluiu.
1 comentário:
Vejo Markov com o seu "igreis" macarrônico como uma espécie do marinheiro "revolucionário" dos anos 1920, que aprendeu por alguma obra de acaso uma língua estrangeira e agora promove a "revolução mundial"...
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