terça-feira, outubro 02, 2012

Geórgia: Líder da oposição defende adesão à UE e NATO, bem como normalização de relações com Rússia

 
Bidzina Ivanichvili, dirigente da coligação Sonho Georgiano, que vai à frente na contagem dos votos, declarou hoje que o seu país não mudará a política de adesão à União Europeia e NATO.
“A estratégia da Geórgia não muda e a Rússia continuará o caminho escolhido pelo seu povo, e o principal anseio será a União Europeia e, do ponto de vista da segurança, a NATO, devendo-se, ao mesmo tempo, estabelecer relações com a Rússia”, declarou o multimilionário.
Ivanichvili diz tratar-se de uma tarefa difícil, mas mostrou-se convicto de que a Geórgia, como o passar do tempo, conseguirá convencer a Rússia de que a adesão à NATO não constituirá um perigo para Moscovo.
“Compreendemos as contradições da nossa política, compreendo bem que isso não será fácil. Penso que o anseio de Saakachvili influiu de forma negativa na Rússia. Compreendo que o nosso desejo geopolítico de aderir à NATO não é interessante para a Rússia, mas isso não é uma questão de princípio. Através de uma diplomacia e análise correctas é possível  convencer a Rússia, com o tempo, que isso não será uma ameaça para ela”, explicou.
Contados que estão metade dos votos, a coligação Sonho Georgiano vai à frente com 54,1 por cento, enquanto o Movimento Nacional Unido recebe 41,03 por cento.
O primeiro-ministro russo, Dmitri Medvedev, considerou que o espectro político georgiano será mais amplo e que a população quer mudanças.
Medvedev, que dirige também o Partido Rússia Unida, acrescentou que esta força política está aberta ao diálogo sobre o futuro das relações russo-georgianos.
A Rússia e a Geórgia romperam as relações diplomáticas em agosto de 2008, quanto tropas russas entraram na Ossétia do Sul, região separatista georgiana, a pretexto de defender os cidadãos russos.
Em Setembro do mesmo ano, o Kremlin reconheceu a independência dessa e de outra região separatista na Geórgia: a Abkhásia.
Tbilissi não reconheceu esses actos e exige a devolução dos territórios.
P.S. Uma situação interessante a seguir, pois vamos ver como irá decorrer a luta entre Saakachvili e Ivanichvili. Uma coisa parece ser clara: a política externa da Geórgia não deve mudar no essencial.

6 comentários:

Anónimo disse...

O Sr. milionário Benzina conseguiu na Geórgia o que congéneres não conseguem na Rússia. Que o dinheiro lhe sirva para alguma coisa de jeito.

PortugueseMan disse...

India hashes LNG deal with Russia

GAIL India has signed a 3.5 bcm per year LNG deal with Gazprom to secure much needed energy supplies.

An Indian energy major has signed a deal which secures large amounts of liquefied natural gas (LNG) from Russia, it emerged on Monday. The deal guarantees long-term gas supplies for the country, currently the fourth largest energy consumer in the world.

GAIL India has hashed a 20-year LNG deal with the Singapore unit of Russian gas major Gazprom to receive 3.5 billion cubic meters per annum of LNG...


http://www.oilandgastechnology.net/business-strategy/india-hashes-lng-deal-russia

Com este acordo, assistimos a duas estratégias que a Rússia segue. A aposta do LNG e a diversificação de rotas/clientes.

Com o aumento da capacidade de produção do LNG, permite á Rússia uma política mais agressiva para com os seus clientes. Se um pipeline exige compromissos políticos de longo prazo, o LNG permite uma rápida mudança de cliente caso seja necessário.

Isto tanto serve de aviso para a Europa como para a China, ambos gigantescos clientes de gás russo via pipeline.

Se neste momento temos notícias de um gigante como a Índia a negociar LNG, não podemos esquecer que no mês passado foi acordado a construção de um complexo de produção de LNG em Vladivostok num projecto conjunto com o Japão em vista ao aumento de consumo de LNG por parte do Japão devido a diminuição da capacidade nuclear do Japão.

Portanto a capacidade de produzir gas natural liquefeito vai aumentar de forma significativa.

Com o aumento de produção, será necessário mais navios com capacidade de transportar LNG e dado que a Rússia construi navios, está aqui mais uma vertente que a Rússia vai seguir, investimento nos estaleiros russos para este tipo de embarcações, gerando muitos milhares de postos de trabalho e know-how, algo que já está a ser feito como indica este artigo do ano passado:

New deals call for Russian-built LNG carriers by 2015

On June 17 at the St. Petersburg International Economic Forum, Sovcomflot (SCF) signed a previously announced contract with Gazprom Global LNG (GGLNG), a subsidiary of Gazprom, for the charter of two ice-class LNG-carriers...

...Simultaneously, SCF signed a shipbuilding contract with STX Offshore and Shipbuilding, a partner of Russian state shipbuilding enterprise United Shipbuilding Corporation (USC) in the Archtech Joint Venture, which will carry out the construction of the ships. Delivery of the first vessel is scheduled for the fourth quarter of 2013, with the second vessel to follow in the second quarter of 2014...

...At the forum a trilateral strategic partnership agreement was signed between SCF, Royal Dutch Shell and USC. The agreement provides for cooperation between the parties on organising the construction of LNG vessels at Russian shipyards, incorporating the international expertise of Royal Dutch Shell and Sovcomflot.


http://www.bairdmaritime.com/index.php?option=com_content&view=article&id=10466:new-deals-call-for-russian-built-lng-carriers-by-2015&catid=65:tankers&Itemid=56

Como se vê pelo o último parágrafo, os estaleiros russos vão importar know-how e será mais uma capacidade adquirida pela Rússia, aumentando assim a capacidade de oferta do estaleiros, que terão mais encomendas em carteira, dado o país estar a apostar em LNG.

Dentro de poucos anos, iremos assistir os resultados destes investimentos.

Wandard disse...

O presidente da Geórgia, Mikhail Saakachvili, reconheceu hoje a derrota de seu partido nas eleições parlamentares. Terminou assim a cisão anti-russa na história contemporânea do país.
Muitos observadores explicam a derrota de Saakachvili com a queda económica e a crescente sensação de insegurança dos cidadãos perante a arbitrariedade de poder. Contudo, um fator não menos importante é a dignidade nacional espezinhada dos georgianos.

O dirigente da União de Georgianos da Rússia, Mikhail Khubutia, reagiu assim aos resultados das eleições: “O nosso povo não pode conformar-se com a ditadura e a humilhação. Uma americanização artificial da Geórgia e a tentativa de romper os nossos laços seculares com a Rússia são antinaturais. É isso que os nossos compatriotas mostraram a todo o mundo”.

O chefe da diáspora georgiana na Rússia destacou ainda que a Administração de Saakachvili desprezava os seus cidadãos que vivem fora da Geórgia. Todas as tentativas de trocas culturais e de cooperação nas esferas não políticas deparavam com barreiras intransponíveis. Para além disso, o dirigente adjunto da União de Georgianos da Rússia, professor Vissarion Khvinteliani, foi preso e condenado na Geórgia por motivos políticos.

A perda da Abkházia e da Ossétia do Sul pode ser qualificada como principal resultado do governo de Mikhail Saakachvili. A sua política levou a resultados diametralmente opostos, desde que o reforço da Geórgia e a garantia da integridade territorial do país possam ser considerados como o objetivo verdadeiro de Saakashvili.

É sintomático o fato de, na véspera das eleições, haver na Abkházia opiniões a favor de Saakachvili. Assim, em entrevista ao Eco do Cáucaso, o politólogo abkhaze e redator-chefe do jornal Tcheguemskaia Pravda, editada na Abkházia, Inal Khachig, comentou as declarações de Bidzina Ivanichvili, líder da coligação Sonho Georgiano, vencedora nas eleições georgianas, sobre a necessidade de aproximação e de reconciliação com os povos da Abkházia e da Ossétia do Sul: “Por mais paradoxal que seja, mas a maioria considerava que é melhor Saakachvili, porque ele é previsível. Mas, por outro lado, ele tem tão más relações com Moscou que há uma garantia de cem por cento que elas não se normalizem durante seu governo”.

Em outras palavras, a manutenção do poder de Saakachvili na Geórgia garantiria o congelamento da situação. Ninguém tencionava abordar seriamente o problema dos 300 mil refugiados georgianos da Abkházia, uma parte considerável dos quais se instalou na Rússia. Ninguém pretendia iniciar conversações sobre o futuro estatuto da Ossétia do Sul e da Abkházia.

Neste contexto, pode-se compreender a preocupação dos habitantes da Abkházia em relação aos resultados das eleições na Geórgia. Nem todos em Moscou estão satisfeitos com a situação atual, quando a república que proclamou a independência vive à conta do orçamento russo e, ao mesmo tempo, demonstra tendências separatistas e nem sempre leva em consideração os interesses do país que a apoia.

A Rússia está também interessada em regularizar o destino de mais de cem mil georgianos expulsos da Abkházia em 1993. A maioria destas pessoas não se tornaram cidadãos russos porque têm direitos inalienáveis a regressar a Sukhumi e às regiões adjacentes. Encontram-se num estado muito grave, esperando o regresso e tendo estatuto de refugiados em um Estado estrangeiro com todos os problemas sociais daí decorrentes, que também preocupam muitos habitantes da capital russa e de outras grandes cidades.

Os problemas do Cáucaso não serão resolvidos por si após o afastamento de Mikhail Saakachvili. Contudo, depois de sua saída, será possível discutir as lições para toda a região: o afastamento forçado da Rússia da região caucasiana é impossível devido ao seu estatuto geopolítico; a solução militar dos velhos problemas pode levar a resultados contrários.

http://portuguese.ruvr.ru/

Da Rússia, de Portugal e do Mundo disse...

Wandard, a propaganda e análise tendenciosa russa no seu pior. Confundem desejos com realidade.

PortugueseMan disse...

Wandard, a propaganda e análise tendenciosa russa no seu pior. Confundem desejos com realidade.

Porquê? não vi assim nada tremendamente chocante no artigo.

Wandard disse...

Sr Milhazes,

Aonde está a propaganda e análise tendenciosa?


Será que por aqui no blog não circulam vários tópicos escancaradamente tendenciosos????