No fim de Novembro, se nada acontecer de
extraordinário, a Ucrânia assinará um acordo de parceria com a
União Europeia, que abre novas possibilidades de aproximação entre
Kiev e Bruxelas.
Disse “se nada acontecer de extraordinário”,
porque Moscovo está a fazer todos os possíveis para travar esse
processo e não se pode excluir a possibilidade do Kremlin tirar
“algum coelho da cartola” para fazer gorar essa iniciativa.
Na mesma reunião, a realizar em Vilnius, capital da
Lituânia, a UE deverá também assinar acordos de parceria com a
Geórgia e a Moldávia. Bruxelas tinha conseguido acordar um acordo
semelhante com a Arménia, mas Moscovo obrigou os dirigentes arménios
a darem marcha atrás. Bastou a ameaça de que a Rússia podia mudar
a sua política em relação ao problema de Nagorno-Karabakh, enclave
arménio no Azerbaijão, para fazer os arménios mudarem de ideias.
Além disso, empresas russas controlam setores económicos vitais da
Arménia como a energia elétrica e as tropas russas têm uma base
militar nesse país da Transcaucásia.
Mas voltemos à Ucrânia. As pressões económicas e
políticas russas sobre os ucranianos foram tão descaradas e brutas
(deste a proibição de venda de chocolates ucranianos no mercado
russo até às dificuldades criadas pelas autoridades alfandegárias
russas aos produtos ucranianos na fronteira, sem esquecer a “cartada”
do gás) que, como acontece frequentemente, tiveram o resultado
contrário. Praticamente todas as forças políticas ucranianas, a
começar nos liberais-laranja, passando pelo Partido das Regiões
(que alguns analistas continuam a considerar erradamente um partido
pró-Moscovo), e a acabar no partido nacionalista de extrema-direita
“Liberdade” .
Apenas os comunistas ucranianos se manifestam contra
a aproximação da Ucrânia e da Europa, posição bem recompensada
por Moscovo.
No espaço post-soviético, Vladimir Putin continua
a comportar-se como um elefante numa loja de porcelana, continuando a
insistir nas ameaças e sanções económicas e outras para obrigar
os países vizinhos a integrarem-se na União Aduaneira ou na União
Económica Euroasiática. Mas, mesmo tendo em conta a profunda crise
económica, política e social que atravessa a Europa, a UE continua
a ser um modelo de integração mais atraente.
Mas a brutalidade da política externa do Kremlin
face aos vizinhos não é a única razão para o afastamento dos
vizinhos. Moscovo também pouco tem a propôr no campo económico,
além de petróleo e gás. Ora, no caso da Ucrânia, este país tem
feito todos os possíveis para se libertar da dependência energética
em relação ao vizinho.
Mais, a própria economia russa está a entrar numa
crise profunda com consequências imprevisíveis, o que não torna a
Rússia ainda menos atraente para os vizinhos.
Por outro lado, seria importante que a UE tivesse
ainda capacidade de responder às simpatias ainda nutridas por ela
por países como a Ucrânia, Moldávia e Geórgia. Bruxelas deixou
escapar oportunidades numa situação económica e política mais
desafogada (basta recordar a “revolução-laranja” na Ucrânia em
2004)...
4 comentários:
A Ucrânia será livre! A Ucrânia sempre quis ser livre. Pode perguntar a qualquer ucraniano da Galícia o que eles pensam da Rússia. Eles sentem ódio da Rússia. A Rússia é uma tirania para eles!
Veremos se dessa vez a Ucrânia tem mais sorte, pois a tal revolução laranja foi tão desastrosa que seu líder nunca mais se recuperou do tombo. O mesmo vale para Geórgia, Saakashvili se tornou um cadáver político
"Eles sentem ódio da Rússia. A Rússia é uma tirania para eles!"
Provavelmente você nunca ouviu falar da Crimeia onde seus habitantes apesar de ucranianos, falam russo, tem parlamento próprio pró-Rússia, assistem a TVs russas, recebem apoio financeiro de Moscou e se sentem mais russos que ucranianos.
"Provavelmente você nunca ouviu falar da Crimeia onde seus habitantes apesar de ucranianos, falam russo, tem parlamento próprio pró-Rússia, assistem a TVs russas, recebem apoio financeiro de Moscou e se sentem mais russos que ucranianos."
Foi a própria Rússia que concedeu a Criméria a Ucrania, nao há nada de errado nisto.
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