segunda-feira, dezembro 02, 2013

A Cimeira de Vilnius



Texto enviado pelo leitor João Gil Freitas:

"O anunciado recuo da Ucrânia em assinar o Acordo de Associação com a União Europeia (UE) foi confirmado em Vilnius. A cimeira da Parceria Oriental, que juntou na capital lituana representantes dos 28 Estados-membros da UE, representantes da Comissão e do Conselho aos chefes de Estado e de governo da Ucrânia, Moldávia, Geórgia, Arménia, Bielorrússia e Azerbaijão, saldou-se por um evidente defraudar de expectativas.
A cimeira de Vilnius vinha sendo anunciada, desde o seu anúncio, como o momento crucial para a definição do quadro de relacionamento da UE com a sua vizinhança a leste. Em Vilnius, a UE colocava todas as suas esperanças em se afirmar em definitivo como o principal centro de poder com influência na região. Este objectivo está, por enquanto, mergulhado num banho-maria do qual ninguém pode prever quando poderá sair. Mas há duas ideias primordiais a reter deste desfecho:

A primeira é a de que a Ucrânia continua a basear a sua política externa numa espécie de limbo entre a Europa ocidental e a Rússia de onde procura retirar benefícios do «melhor dos dois mundos». A denominada política externa multi-vectorial, plenamente identificada e definida por múltiplos observadores e especialistas desde a sua independência em 1991, permanece um facto indesmentível. O principal desafio dos decisores políticos europeus é cortar o cordão umbilical que ainda liga Kiev a uma visão desactualizada da Europa, uma Europa onde não havia lugar para a Ucrânia. Ora essa barreira já há muito deixou de existir. O que existe agora é reafirmação de um quadro que já era nítido: Kiev vem jogando um jogo perigoso, entre a sucessivamente adiada opção europeia e a opção russa. Vilnius veio trazer os europeus de volta à Terra, já que Kiev permanece temente às consequências que adviriam da assinatura do acordo. Serão por isso necessárias respostas sobre como contornar esta realidade por parte de Bruxelas. Não se trata apenas de promover boas relações com a sua vizinhança, está em jogo a fiabilidade e a capacidade de sustentação a longo prazo do próprio projecto europeu; está em causa a afirmação internacional de um poderoso actor normativo, que é caso único no Sistema Internacional. Não se trata aqui apenas da escolha soberana de um Estado independente como é a Ucrânia, trata-se sim de perceber que tipo de projectos normativos e políticos dominarão as próximas décadas nas relações internacionais contemporâneas. E, a este respeito, o desfecho da cimeira de Vilnius não vem transmitir um sinal nada positivo.

A segunda ideia a reter está directamente relacionada com os pressupostos em que continua a assentar a política externa russa. Para Moscovo, a melhor defesa é o ataque. Pressionar Kiev a não assinar o acordo com a UE é, aos olhos dos estrategas do Kremlin, a forma mais eficaz de conter as aspirações democráticas num país que considera de primordial importância para o seu projecto de poder regional. Se, por um lado, a UE tem por objectivo estar rodeada de Estados democráticos, a Rússia pretende sobretudo estar rodeada de Estados politicamente leais, de modo a prevenir quaisquer hipóteses de exportação de modelos democráticos para dentro do próprio país. Mas a reacção russa não se limita a isto: desde a onda democratizante que marcou os dias da Revolução Laranja de 2004, que Moscovo modificou substancialmente a sua estratégia em torno da “vizinhança comum” com a UE. Hoje, a UE não tem apenas que lidar com um desafio de realpolitik do qual dificilmente sairá vencedora. Hoje (e agora mais do que nunca após o desfecho da cimeira de Vilnius) a UE tem pela frente um dificílimo desafio normativo, que se tem vindo a complexificar, e que deve abraçar sem hesitações. O apelo do Kremlin só será devidamente enfrentado pelo poder das ideias. Hoje, a Rússia apresenta aos seus vizinhos ucranianos um modelo alternativo ao europeu, junto da sociedade civil, junto dos media locais, junto das empresas e das ONGs locais. Moscovo joga forte a cartada da herança cultural e linguística, aposta na livre circulação de pessoas e oferece projectos políticos e económicos de integração alternativos. Esses projectos são a escolha mais confortável que a liderança ucraniana pode fazer. O normativismo que em que a UE sustenta a sua política externa não tem aplicabilidade prática perante o pragmatismo russo em temas como a energia, por exemplo. A UE tem, por isso, de se apresentar cada vez mais como um modelo político de proximidade, de solidariedade e, acima de tudo, de verdadeira parceria, e não de uma imposta subserviência. A disputa pela Ucrânia, ainda que pejada de episódios mediáticos como este, é uma disputa de desgaste lento, que só poderá ser “vencida” por qualquer dos lados através da força das ideias.
O exercício do poder normativo europeu não foi nos últimos anos capaz de mobilizar a sociedade civil ucraniana a níveis desejáveis. Todavia, os violentos tumultos que presentemente se registam em Kiev mostram que as forças civis pró-europeias na Ucrânia não estão adormecidas e que a sua mobilização massiva não se cingiu ao episódio de 2004. Pelo prolongamento e pela dimensão que os protestos vêm atingindo, 2013 pode ser o novo 2004 na Ucrânia, com consequências profundas na estabilidade política do país a curto prazo. O falhanço da cimeira de Vilnius e o correspondente defraudar das expectativas pró-europeias de importantes sectores da sociedade civil e do espectro político ucraniano inaugura uma nova fase deste jogo de tabuleiro que têm sido as relações Bruxelas-Kiev-Moscovo. A aposta prioritária da UE terá que ser na força das suas ideias, dos seus princípios e dos seus valores. Aqui residirá a chave deste imbróglio.

Concluindo, a disputa estratégica pela Ucrânia é, na presente situação internacional, o mais importante e evidente episódio de confrontação entre a clássica visão realista das relações internacionais e uma nova visão do mundo, assente no pluralismo democrático, no Estado de direito e na resolução multilateral dos conflitos. E seria um sinal extremamente positivo para o nosso futuro colectivo enquanto europeus que a segunda levasse a melhor".

24 comentários:

Da Rússia, de Portugal e do Mundo disse...

Caro João, duvido que a UE esteja hoje em condições de dar lições do que quer que seja. Tem de pôr ordem na casa primeiro.

João Gil Freitas disse...

Caro Jose Milhazes,

Não se trata de lições, mas sim de potenciar aquilo que é o bem mais precioso da UE que o seu modelo de integração e os princípios em que este historicamente assenta. Na minha reflexão ficou a faltar as sucessivas falhas de abordagem da UE desde 2004, mas ficará para uma próxima! Um abraço!

João Gil Freitas disse...

Caro Jose Milhazes,

Não se trata de lições, mas apenas de potenciar a projecção externa daquilo que é o maior bem da UE, os princípios nos quais assenta o seu projecto de integração. Não fosse a UE uma força de atracção, as pessoas não sairiam à rua em protestos. A abordagem da UE está repleta de erros e insuficiências, mas essa reflexão ficará para uma próxima..! Um abraço !

PortugueseMan disse...

...Pressionar Kiev a não assinar o acordo com a UE é, aos olhos dos estrategas do Kremlin, a forma mais eficaz de conter as aspirações democráticas num país que considera de primordial importância para o seu projecto de poder regional...

Meu caro,

O que verdadeiramente preocupa a Rússia é a ameaça à sua segurança, com a expansão da UE.

Quanto à UE, que fez ela para ajudar a Ucrânia a sair do lamaçal de onde se encontra?

A Ucrânia sozinha não se liberta da areia movediça, mas eu não vi a UE a esticar-lhe uma corda.

A UE quer uma omeleta feita sem partir os ovos.

Não é possível.

A UE tem uma grande parte da culpa pela situação ucraniana.

Como diz o JM, a UE tem de arrumar a casa primeiro, antes de pensar em expandir.

Pippo disse...

Portanto, se que bem percebi esta peça, o que está em disputa é a maquiavélica acção da Rússia, que só quer dominar a Ucrânia tendo por base uma antiquada e malvada visão realista (Estatal) das RI; e uma nova e benigna visão EU-ropeia do mundo assente no "pluralismo democrático, no Estado de direito e na resolução multilateral dos conflitos", ou seja, só maravilhas.

O facto de metade da população ucraniana preferir manter laços com a Rússia é totalmente ignorado, tal como são ignoradas as contingências específicas da Ucrânia em termos geográficos, populacionais, económicos políticos, etc. qu levaram o seu governo a tomar a decisão que tomou.

Também se ignora que na UE a democracia vai até um certo limite, por exemplo, países houve em que os referendos à adesão ao Tratado de Maastrich foram repetidos até se obter o sim (mas depois não houve mais referendos!), ou que um certo e determinado presidente da Comissão Europeia mui democraticamente "advertiu" (ou melhor, ameaçou) um tribunal constitucional de um país membro para o tipo de decisão que este tribunal viesse a tomar quanto a um determinado Orçamento de Estado...

Curiosa é também essa insistência em classificar-se os pró-UE (e os federalistas) como "pró-europeus", o que, por oposição, classifica automaticamente os do campo oposto como "anti-europeus" ou seja, "anti-Europa". Isto não é dito assim desta forma mas a mensagem subliminar fica lá, e não é por acaso...
Acontece que talvez os que não sejam a favor da UE sejam tão europeus e "pró-europeus" como os outros. A diferença que querem outro modelo de Europa, não necessariamente pior, mas apenas diferente.

O que a UE precisa realmente de fazer é, como diz o JM; "arrumar a casa".
E em primeiro lugar, precisa de se definir, ou seja, saber se é um espaço político, económico e "normativo", isto é, baseado em leis, ou se é, antes de mais nada, um espaço cultural, vide civilizacional.
Se a UE insistir na primeira visão, em breve verá o seu ocaso, pois não são as normas, a economia e as políticas que irão aproximar as populações, tornando-as "europeias". Aliás, cada vez se assiste mais o contrário.
Se, por outro lado, a UE decidir voltar às "bases" e definir o que significa, em primeiro lugar, "ser-se europeu", aí terá de tomar decisões, ver qual é a sua cultura, o seu "povo" e o seu espaço, e então aí poderá decidir que tipo de Pol Ext realmente faz sentido ter, nomeadamente na área da integração e relações com outros países europeus que não desejam fazer parte deste espaço comunitário.

João Gil Freitas disse...

Caro Pippo,
Perdoe-me mas terá que me esclarecer: Que ideias sobre a Europa têm os apoiantes do actual presidente ucraniano? E peço-lhe também que explique um pouco melhor a referência à "mensagem subliminar" que acusa de ter, que não percebi qual possa ser.
Terá depois também que esclarecer a diferenciação que faz entre espaço político, econômico e normativo por contraponto com espaço civilizacional. Confesso que tornei a não perceber, pois segundo sei a UE é constituída por 28 Estados com culturas e tradições diferentes, não é um espaço uniforme em praticamente nada. O que procura ser é uma união de Estados assente em princípios e normas, e assumir-se como actor internacional que promove essa base normativa. A sua política externa, por muitos falhanços que acumule, procura reflectir o seu modelo de integração. Que outro projecto conhece que se possa equiparar ao da UE? Sou o primeiro a assumir que a UE falha, que é ineficaz, que não fala a uma voz. Este texto vai precisamente no sentido de propor um caminho a ser seguido. Existem muitos aspectos a melhorar e a corrigir na actual arquitectura da moeda única, para citar apenas um exemplo. E sim, é verdade: a UE tem de arrumar a casa antes de aspirar a ser mais influente externamente, isso é inegável, mas não vejo como a ideia principal do meu texto contradiga isso.

Caro Portuguese Man,
Do seu comentário só posso pressupor que tem saudades das antigas práticas diplomáticas, praticadas antes da I Grande Guerra. Pois é exactamente isso que a postura russa me faz lembrar. Mas está no seu direito de a aplaudir, naturalmente. Já agora permita-me que lhe pergunte, com toda a franqueza: se a Rússia é um parceiro tão próximo da Ucrânia, porque é que a Ucrânia está a passar por tantas dificuldades? O que tem feito a Rússia para além de permitir que a Ucrânia não morra de frio? Oferece-lhe apoio em reformas constitucionais? Ajuda-a a melhorar o seu sistema eleitoral e a encetar reformas judiciais? Propõe-lhe abrir um mercado com cerca de 500 milhões de consumidores, o mercado de consumidores da maior potência comercial do mundo? Faz ideia do afastamento da Rússia da UE em termos de tecnologias e e potencial de inovação das suas empresas? Sabe que tipo de relação têm os presidentes russo e ucraniano? Caro Portuguese Man, não brinque com coisas sérias.

João Gil Freitas disse...

Caro Pippo,
Perdoe-me mas terá que me esclarecer: Que ideias sobre a Europa têm os apoiantes do actual presidente ucraniano? E peço-lhe também que explique um pouco melhor a referência à "mensagem subliminar" que acusa de ter, que não percebi qual possa ser.
Terá depois também que esclarecer a diferenciação que faz entre espaço político, econômico e normativo por contraponto com espaço civilizacional. Confesso que tornei a não perceber, pois segundo sei a UE é constituída por 28 Estados com culturas e tradições diferentes, não é um espaço uniforme em praticamente nada. O que procura ser é uma união de Estados assente em princípios e normas, e assumir-se como actor internacional que promove essa base normativa. A sua política externa, por muitos falhanços que acumule, procura reflectir o seu modelo de integração. Que outro projecto conhece que se possa equiparar ao da UE? Sou o primeiro a assumir que a UE falha, que é ineficaz, que não fala a uma voz. Este texto vai precisamente no sentido de propor um caminho a ser seguido. Existem muitos aspectos a melhorar e a corrigir na actual arquitectura da moeda única, para citar apenas um exemplo. E sim, é verdade: a UE tem de arrumar a casa antes de aspirar a ser mais influente externamente, isso é inegável, mas não vejo como a ideia principal do meu texto contradiga isso.

Caro Portuguese Man,
Do seu comentário só posso pressupor que tem saudades das antigas práticas diplomáticas, praticadas antes da I Grande Guerra. Pois é exactamente isso que a postura russa me faz lembrar. Mas está no seu direito de a aplaudir, naturalmente. Já agora permita-me que lhe pergunte, com toda a franqueza: se a Rússia é um parceiro tão próximo da Ucrânia, porque é que a Ucrânia está a passar por tantas dificuldades? O que tem feito a Rússia para além de permitir que a Ucrânia não morra de frio? Oferece-lhe apoio em reformas constitucionais? Ajuda-a a melhorar o seu sistema eleitoral e a encetar reformas judiciais? Propõe-lhe abrir um mercado com cerca de 500 milhões de consumidores, o mercado de consumidores da maior potência comercial do mundo? Faz ideia do afastamento da Rússia da UE em termos de tecnologias e e potencial de inovação das suas empresas? Sabe que tipo de relação têm os presidentes russo e ucraniano? Caro Portuguese Man, não brinque com coisas sérias.

PortugueseMan disse...

Mas está no seu direito de a aplaudir, naturalmente.

Meu caro, até de deitar foguetes.

Mas vamos deixar de imaginar o que cada um faz por detrás de um teclado e passar a coisas sérias.

Já agora permita-me que lhe pergunte, com toda a franqueza: se a Rússia é um parceiro tão próximo da Ucrânia, porque é que a Ucrânia está a passar por tantas dificuldades? O que tem feito a Rússia para além de permitir que a Ucrânia não morra de frio?

Fez mais do que a UE pode ter a certeza.

É que está para vir o dia, em que um pai consiga encher a barriga do filho com conversa. E a UE até hoje, foi tudo o que deu à Ucrânia, conversa.

A Rússia subsidiou energia para um país de 50 milhões, quando poderia estar a usar esse valor no próprio país (mas o que interessa isso não é verdade?). não estamos a falar de tremoços, estamos a falar de quantidades gigantescas de dinheiro.

O que fez a Ucrânia, para aproveitar esta benesse? reformulou a sua industria para a preparar para trabalhar com energia com valores reais? não. não fizeram nada. andaram a brincar. mas experimente você lá em casa não pagar as suas contas para ver o que acontece.

Propõe-lhe abrir um mercado com cerca de 500 milhões de consumidores, o mercado de consumidores da maior potência comercial do mundo?

Onde é que estavam estes 500 milhões de consumidores, esta coisa com o "maior potencial do mundo", quando Yushchenko foi encostado à parede, com uma dívida à Rússia para pagar? Não estava a UE a dar apoio a Yushchenko na altura? não estava na altura um político que tinha como objectivo principal a integração na UE? Onde é que estava a UE, quando foi preciso actuar? Ou vai dizer-me que a coisa resolvia-se com conversa?

A única conversa que vi foi uma pancadinha nas costas para dizer: "pois, estão lixados e não podemos fazer nada, conversa e democracia temos muita, dinheiro não. Mas podem contar com a nossa solidariedade"

Resultado? A Tymoshenko quando viu que da UE nada viria a não ser conversa democrática, teve que ceder em tudo o que a Rússia quis e começar a pagar. A pagar e bem.

Não brinque com coisas sérias meu caro. Conversa é muito bonita, mas as contas, essas, são para pagar.

MSantos disse...

Eu ia aqui pôr que este texto parte de um conjunto de ideias feitas (como a "democracia" europeia) e pressupostos já não válidos. Como habitualmente, o Pippo e o PM demonstraram a enorme fragilidade dos argumentos de uma forma que eu nunca o conseguiria.

De relembrar que a chantagem russa é no aspecto económico, tal como a UE, a China, os EUA fazem quando se trata de defender os seus interesses.

Quanto aos ucranianos, tenho pena que continuem presos no seu radicalismo cego e autista, não querendo acordar do seu sonho de uma Europa e Ocidente de valores e apoio financeiro que já não existem mais. O que ficou é apenas um pesadelo de desindustrialização, de pobreza e de submissão.

Só no aspecto económico, os seus irmãos eslavos são os únicos que lhes podem levar alguma coisa, unicamente na forma de gáz subsidiado. Já para não falar no interesse em revitalizar as indústrias existentes como a aeronáutica ou a construção naval (exactamente o oposto dos propósitos últimos da UE).

Tudo o resto é conversa para boi dormir.

Cumpts
Manuel Santos

João Gil Freitas disse...

Caro Portuguese Man,
Apenas apontei um caminho que na minha opinião deve ser seguido pela UE. Não precisa de se dirigir a mim como se eu fosse um responsável político europeu. O meu texto tem alguns pontos que são puramente factuais, e sugere um caminho que a UE deve seguir. Toda a integração económica e política com a UE exige reformas, que vão sendo apoiadas e levam tempo. Com esta decisão em Vilnius, a Ucrânia veio demonstrar que pouco ou nada mudou na sua política externa. Este acordo vinha a ser negociado há pelo menos seis anos, com elogios de parte a parte. E, subitamente uma semana antes, Yanukovich diz não. Se isto não é chantagem, eu não sei o que é chantagem. Não vi a mesma postura por parte da UE, o senhor viu? O gás e os milhões russos vão mantendo a Ucrânia do seu lado mas...por quanto tempo? Esquece-se que uma ideia pode ser mais poderosa do que benefícios materiais imediatos, no longo prazo.
Mas claro, a política internacional é uma selva, e temos que lidar com isso.
A opção europeia por parte da Ucrânia envolve riscos, obviamente. Mas tendo em conta a situação do país, que não parece melhorar pelo contrário, creio que este é o único caminho que pode garantir à Ucrânia o estabelecimento de uma democracia digna desse nome e de se tornar um estado moderno, mais transparente e mais respeitador dos seus cidadãos. É a minha visão das coisas, Portuguese Man. Ninguém disse que era um caminho fácil nem óbvio nem para a UE nem para a Ucrânia, é apenas um caminho possível e que felizmente permanece em aberto, percebe?

PortugueseMan disse...

...
De relembrar que a chantagem russa é no aspecto económico, tal como a UE, a China, os EUA fazem quando se trata de defender os seus interesses...


Um pormenor importante que salientou. Todos fazem o mesmo quando toca aos seus interesses.

Todos aqueles que podem.

E neste grupo restricto, a Rússia está nitidamente mais forte. A política externa russa está cada vez mais pujante.

E quando o South Stream pipeline estiver a funcionar, pobre da Ucrânia, que não sei o que lhe vai acontecer.

PortugueseMan disse...

Meu caro,

Eu percebo e volto a dizer-lhe, as ideias não enchem o prato de NINGUÉM. De ideias e boas intenções está o inferno cheio.

Se vier um amigo ter consigo a dizer-lhe que vai pedir um empréstimo para comprar uma boa casa e um automóvel topo de gama, mas o banco pediu um fiador, você claro assina o documento sem hesitar não é verdade? Afinal nunca vai existir a situação de o banco vir ter consigo para pagar as prestações. Mas também o que interessa estes valores materiais? o que conta nesta vida é a amizade certo?

Você talvez pense assim, mas a UE é bem mais cautelosa. Não assina por baixo para depois ter que pagar as prestações. E faz muito bem.

Não interessa o tempo que estão em negociações, o que interessa é a altura em que se assina o papel.

Portanto isso de comparar a postura da UE com a da Rússia é disparate. A Rússia ENTERROU dinheiro lá e fez isso até com um governo hostil, a UE oferece COISA NENHUMA, a não ser receber de braços abertos quem deseja "abraçar a democracia", com a salvaguarda de que só recebe com braços abertos países que não estejam na bancarrota, como é o caso da Ucrânia.

Ora, neste momento a Ucrânia está na bancarrota, está sem dinheiro e está desesperada sem alternativas.

Virou-se para a UE que lhe diz que aceitamos sim senhor, mas têm que pedir dinheiro ao FMI e fazer o que eles mandam.

O FMI diz que a primeira reforma a fazer é aumentar o preço do gás aos ucranianos, e só depois empresta dinheiro.

Ora se os ucranianos estão como estão, com um valor artificial de energia, sabe o que vai acontecer quando fôr reflectido preços de mercado? aquilo explode!!

O anterior governo não fez isso e claro que este também não o quer fazer!

Portanto a Ucrânia não precisa de uma "ideia poderosa a longo prazo", precisa de uma solução PRÁTICA já!

Pippo disse...

Caro João Freitas,

Os apoiantes de Yuschenko terão a mesma ideia de Europa que qualquer um será capaz de ter: um continente com vários países que têm elementos culturais em comum. Isto é, não têm de ter, como o parecem ter os federalistas, a ideia de que a Europa tem de ser, forçosamente, a EU-ropa, uma união política forçada, e quem quem não a quer, obviamente, tem de ser anti-europeu.

Teve dúvidas quanto à mensagem subliminar? Não tenha. Como sabe muito bem, nos debates “europeus” são sempre contrapostos os “europeístas” e os “euro-cépticos”! Porquê chama-los de euro-cépticos? Será que eles não acreditam na existência e fortalecimento dos laços entre os países europeus? Será que eles são contra a Europa? Ou será que o que eles não querem é a federalização da Europa? Se calhar é isso... mas como isso deve estar contra a “integração que se deseja”, essa rapaziada tem de ser rotulada, e neste caso, com rótulos negativos. Aos outros, aos bons, cabem os rótulos positivos, como está bom de se ver.

Vamos agora à diferenciação entre a EU-ropa “espaço político” e a Europa “espaço civilizacional” que lhe parece fazer grande confusão.

Há uma afirmação sua que diz tudo acerca da visão que norteia a primeira opção: “a UE é constituída por 28 Estados com culturas e tradições diferentes, não é um espaço uniforme em praticamente nada.” Essa afirmação é muito significativa e profundíssima, pois expõe de uma forma clara o que, para si e para os federalistas, significa realmente a Europa: um espaço jurídico, político e económico no qual existem Estados e indivíduos sem nada que os una a não ser normas jurídicas, a política e a economia (determinadas superiormente).
Agora diga-me lá: se os Estados europeus têm “culturas e tradições diferentes”, não havendo uniformidade em “praticamente nada“, qual é a argamassa que unirá os europeus, que cimento fará com que a “construção europeia” resista ao passar e às dificuldades dos tempos?
Acaso eu me sentirei mais unido ao meu vizinho só porque temos legislação comunitária comum que rege o funcionamento do IVA? Ou sentir-me-ei mais próximo a ele só porque temos uma mesma moeda? Ou porque um Parlamento ou uma Comissão recomendaram ou legislaram acerca das cores das facas que deve ter num restaurante? Sabe bem qual é a resposta...

(cont.)

Pippo disse...

(cont.)

E quanto à Europa “espaço civilizacional”? Ah, essa, meu caro, essa, a que segundo você e os federalistas, não existe porque “a UE é constituída por 28 Estados com culturas e tradições diferentes, não é um espaço uniforme em praticamente nada”, essa é a que existe mesmo, e existe há muitos séculos, muito antes, até, de haver democracia, mercado livre, diplomacia “integracionista”, espaços económicos, etc., em suma, todos os “valores” que norteiam a UE!

A Europa, enquanto espaço civilizacional, é definida, como sabe, por três elementos-base: a cultura greco-romana; as culturas bárbaras (que englobaram a primeira); e o elemento fundamental e aglutinador, o Cristianismo.
Os elementos romano e grego definiram grosso modo, o que significa actualmente a Europa Ocidental e a Europa Oriental, com a adopção dos respectivos alfabetos e as respectivas versões do Cristianismo. Os elementos bárbaros (germânico no Ocidente, eslavo no Oriente) definiram outros aspectos fundamentais tal como a cultura. Estes elementos, no seu conjunto, são o que distinguem a Europa “civilização” das restantes “civilizações”, e disso o meu caro certamente será capaz de se aperceber, bastando para tal visitar Madrid, Paris, Roma, visitar ainda Belgrado, Sófia ou mesmo Moscovo, e depois dar um saltinho a Marraqueche...

Portanto, é falso que a EU-ropa seja um espaço com “culturas e tradições diferentes”, sem uniformidade “em praticamente nada”. Na verdade, havendo culturas diferentes, como as há do Minho ao Algarve, há enormes elementos culturais em comum, e são esses elementos, absolutamente desprezados, por vezes até vilipendiados, e sempre, mas sempre encobertos pelos grandes senhores da UE, que poderão algum dia vir verdadeiramente a aglutinar os europeus, que não o deixam de ser só por não querem aderir a uma “União Europeia” que tem, ela própria, uma suposta “missão civilizadora” baseada na exportação de “valores” tais como a “democracia” (entre aspas!), o mercado livre e mais umas coisas que servem de vez em quando, mas deixam de servir quando não dá jeito.

Em suma, o João contrapõe uma integração EU-ropeia “benigna” a uma “não integração” necessariamente funesta, mas não compreende que esse modelo de integração, a continuar, não fornece qualquer elemento verdadeiramente aglutinador aos povos que constituem a Europa a não ser palavras, legislação e algum (cada vez menos) dinheiro.
A Rússia, com uma política externa realista (no duplo sentido da palavra), usando os argumentos que têm (incluindo a chantagem económica, algo a que todos os outros países certamente nunca recorrem, como bem sabemos!), pretende controlar espaço. Faz promessas e cumpre algumas, algo que a EU não tem a mínima capacidade de o fazer. Tem peso, e poderia ter mais, mas ouvi dizer que trabalha para isso, nomeadamente tentando adquirir know-how, algo que, curiosamente, parece ser-lhe negado pela benigna Eu-ropa. Mas mais cedo ou mais tarde a Rússia, e outros países, adquirirão as ferramentas necessárias e a EU-ropa, unida por palavras, leis e pouco mais, não será capaz de fazer face aos novos desafios.

Pippo disse...

"Tudo o resto é conversa para boi dormir."

Manel Santos, também adoptou esta expressão do Wandard? :)

PortugueseMan disse...

Estou a ver que hoje anda tudo com vontade de escrever...

Entretanto a Rússia deu mais algum tempo à Ucrânia, o que retira por agora uma das preocupações mais prementes, ter dinheiro para pagar as contas.

Rússia tenta seduzir a Ucrânia com acordo Gazprom-Naftogaz

A Ucrânia pode respirar de alívio até à primavera. A russa Gazprom e a ucraniana Naftogaz chegaram a acordo: Kiev tem até à primavera para pagar a Moscovo o gás importado entre outubro e dezembro.


http://pt.euronews.com/2013/12/03/russia-tenta-seduzir-a-ucrania-com-acordo-gazprom-naftogaz/

...Trata-se de um pequeno país, à escala de uma ampla zona euro...

Esta teve piada... um pequeno país...

Fernando Negro disse...

"o bem mais precioso da UE que o seu modelo de integração e os princípios em que este historicamente assenta"

"o maior bem da UE, os princípios nos quais assenta o seu projecto de integração"

...

Como o princípio da não eleição dos seus dirigentes, tal como era o caso do Politburo soviético? ("Comissão Europeia")

Como o princípio da concentração de poder, que toda a gente sabe que é sempre menos democrático?

Como o princípio do desrespeito pelos resultados de referendos, fazendo algumas mudanças cosméticas nas mesmas propostas e aprovando-as através de outros tratados, já não referendados? ("Constituição Europeia" > "Tratado de Lisboa")

Como o princípio das descaradamente falsas promessas de referendo, feitas pelos partidos que montaram tal União?

Como o princípio da destruição propositada da Economia dos países que dela fazem parte? (http://www.forumdefesa.com/forum/viewtopic.php?f=24&t=10579)

Como o princípio de ser esta União (que não surgiu por vontade dos diferentes povos) a concretização de um projecto fascista, pós-Segunda Guerra Mundial, que visava atingir os seus objectivos pela via reformista, depois de falhada a via militar? (http://en.wikipedia.org/wiki/National_Party_of_Europe)

...

Gostei... :)

João Gil Freitas disse...

Caro Pippo,
Antes de mais, registo com alguma surpresa termo-nos desviado tanto do assunto do meu texto. Mas adiante, já que de qualquer forma será a minha última intervenção neste “debate” um pouco desvirtuado:
Quando afirmei que a Europa é um continente composto por Estados com pouca ou nenhuma uniformidade, referia-me a aspectos como a língua, as tradições locais, a História, a riqueza gerada, entre outros que fazem com que neste momento existam no continente europeu 28 Estados que optaram por ceder parte da sua soberania a instâncias comunitárias no pressuposto de que no mundo de hoje é difícil ou mesmo impossível que cada Estado sozinho resolva os seus problemas. O projecto europeu assentou, desde o seu início, numa ideia de aprofundamento das liberdades e de garantia da paz num continente dilacerado por duas guerras mundiais. Não foi por acaso que o projecto europeu começou com um projecto de supranacionalização das duas matérias-primas indispensáveis para gerar conflitos armados: o carvão e o aço.
É óbvio que há uma civilização europeia para lá dos Tratados de Roma. A UE é apenas um projecto político, que surgiu recentemente na História da Europa e que, não por acaso, coincide com o seu período mais pacífico e de maior desenvolvimento. A História deste continente está pejada de acordos, de alianças e de episódios sangrentos. No século XX, achou-se por bem levar por diante um projecto de integração que reduzisse o potencial de conflito entre os Estados europeus. Eu estou ciente, agradeço a sua explicação, de que a civilização europeia deriva de matrizes comuns. Mas a sua História, marcada a guerra e sangue, tem pouco a ver com isso: tem a ver com interesses nacionais, com balança de poder, com conquista de território, de riquezas naturais e de domínio de rotas comerciais. O desenvolvimento tecnológico do século passado fez apenas com que a capacidade de matança aumentasse.

João Gil Freitas disse...

Por isso, caro Pippo, agradeço as suas lições (e ao PM o facto de me citar repetidamente, ainda que convenientemente fora do contexto), tomei nota, mas não gostaria de viver numa Europa onde imperassem as visões puramente nacionais de problemas que são comuns, ou visões estritamente estatocênctricas das relações internacionais.
Depois, e denotando uma vez mais a sua perícia em fazer deduções do…nada, informo-o de que não sou um federalista. Agradeço o epíteto, que não considero necessariamente negativo, mas considero-me um simples europeísta, pois ainda não estou totalmente quanto à funcionalidade e viabilidade de uma Europa federal. A UE tem de rearranjar o seu organigrama institucional, nomeadamente o da moeda única, corrigir os muitos erros que tem cometido, esclarecer que política externa quer (ou pode) ter. Como referi numa anterior oportunidade aqui neste mesmo blogue, “só com o fim dos programas de ajustamento em curso e com o avistar do fim da conjuntura que continua a perigar o projecto da União Económica e Monetária, é que será possível repensar o papel da União Europeia no restante continente”. Qualquer pessoa com um mínimo de conhecimento e de bom senso sabe isto.
O meu texto tinha sobretudo a ver com a relação que a UE deve estabelecer com a Ucrânia, tendo em consideração que tem um enorme desafio chamado Rússia pela frente. Admito que a UE possa, em última instância, sair perdedora deste desafio, embora acredite que no longo prazo, se adoptar a postura que deve adoptar, não vá ser assim.
Para os estrategas do Kremlin, percebe-se que seja difícil conceber como foi possível tamanho número de países europeus enveredarem voluntariamente por um projecto de liberdade e de paz, que se mantém actual tantas décadas depois. Sabemos também que a forma que este projecto tem de actuar internacionalmente, apesar de limitada e muitas vezes pouco eficaz, não recorre às mesmas práticas e aos mesmos instrumentos que um actor como a Rússia recorre. Sabe porquê? Porque não é um Estado. Logo, tem de assentar a sua acção nos mesmos princípios em que assenta o seu projecto de integração. Claro que isso pode redundar em fracassos, mas é assim. Esta é a escolha que a Ucrânia tem que fazer, qualquer que seja deve ser aceite, e caber-lhe-á ser responsável por ela e acarretar todas as consequências que daí advierem, positivas ou negativas para o seu povo. É só isto.

Fernando Negro disse...

Outro princípio de que me lembrei, tomando como exemplo um único país...

O princípio do não respeito (selectivo) pela soberania dos diferentes países que fazem parte da União, proibindo um mesmo de abolir um produto que toda a gente bem informada sabe ser prejudicial à sua saúde (um OGM), ao mesmo tempo que se permite que tal país faça algo tão escandaloso como intervir militarmente num país estrangeiro. (E se recebe ainda o "Prémio Nobel da Paz", após uma coisa destas...)

(Falo da França, e da sua vontade de intervir militarmente na Síria - ainda por cima, para apoiar uma entidade - chamada al-Qaeda - contra a qual dizem os países da União estar a lutar contra(?!)...)

E podia eu continuar a apontar contradições no modo de funcionamento desta União fascizante, que, através do seu triunvirato BCE-CE-FMI, destrói os países que dela fazem parte. Mas, penso que, para muitos, já começa esta mesma União a estar descredibilizada, o suficiente, para nem sequer ter de me dar muito mais ao trabalho de o fazer.

http://www.youtube.com/watch?v=CBVFpYN0iNo

E, sobre o texto, em si, tenho apenas a dizer o seguinte...

As "revoluções coloridas" (que já nem ao continente euro-asiático se limitam) não têm nada a ver com "Democracia" - mas, antes, com um desrespeito pelo modo de funcionamento da mesma.

A Ucrânia é uma democracia desde 1991. E, ainda que os seus sucessivos governos possam não ter respeitado alguns dos direitos dos seus cidadãos, as eleições não foram nunca abolidas.

As "revoluções coloridas" são - como toda a gente bem informada sabe - operações ocidentais que visam derrubar governos não alinhados com o Ocidente. Assentando constantemente em acusações falsas de manipulação de resultados eleitorais - mas, só quando estes não convêm a tais interesses (e aos seus fantoches locais). E, por trás das mesmas, estão ONGs ocidentais, como é o caso do "Open Society Institute", criado pelo "ex"-nazi, Sr. George Soros.

http://www.google.pt/search?q=colour+revolution+site%3Aglobalresearch.ca

Pippo disse...

Caro João,

O projecto europeu não assentou "numa ideia de aprofundamento das liberdades e de garantia da paz". Isso é o que ensinam nas universidades. A realidade é muito mais terra a terra: a ideia da criação da CECA e da CED (que não foi avante) baseou-se, a primeira, na reconstrução da Europa (o carvão e o aço são os motores de toda a indústria, como bem sabe) e na ideia de criar uma aliança militar de Estados, primeiro contra a Alemanha, e depois contra a URSS. A CED não foi avante, a CECA sim.
Havia ainda uma outra razão para a cooperação intergovernamental dos Estados: dar comida - repito, comida! - aos habitantes da Europa. Tudo estava destruído e havia bocas para alimentar, e caso não fossem alimentadas, poderiam resvalar para a revolta e para... o comunismo!

A ideia de manter a democracia era óbvia. Todos os países da Europa Ocidental era democracias, a própria Alemanha iria ser uma democracia, portanto era natural e desejável que esse sistema se mantivesse. Não porque fosse mais pacífico (os EUA são uma democracia e sabemos como as coisas são!), mas porque era o que as pessoas gostavam. A tal "paz" que nas universidades e na História oficial da CEE/UE se indica como o objectivo principal da criação a Comunidade é uma mera invenção: a paz foi conseguida por exaustão e trauma das populações europeias, e porque havia uns EUA que asseguravam a protecção dos europeus ocidentais face ao "bicho-papão" que era a URSS.

Pippo disse...

Quanto o tema principal do seu texto, teria feito melhor em não bipolarizar as versões das Pol Ext, dando uma como "boa" (a da UE) e a outra como "má" (a da Rússia). Ambas podem ser eficazes, mas resta saber se servem bem os interesses dos intervenientes. As Pol Ext dos EUA, da Rússia, China, Brasil, etc., servem os interesses desses países, ao passo que a Pol Ext da UE resume-se a políticas de cooperação, algum IDE, mas na parque que realmente interessa, têm de ser os Estados ou os actores não-estatais a agir, caso contrário os países da UE são ultrapassados pelos seus concorrentes.

Pois a UE quer aproximar-se da Ucrânia. Muito bem. Abra as fronteiras ao comércio. Elimine as barreiras alfandegárias. INVISTA no país. Enterre lá dinheiro. E já agora, não faça exigências políticas, que os ucranianos sabem bem cuidar de si próprios.

A UE é capaz de fazer isto? Não é, pois não. Então paciência.

Zuruspa disse...

"Interessante" como só se mostram as manifs pró-UE de Kiev e Oeste, e "convenientemente" se ignoram as pró-Governo (legítimo e maioritário) de Karkiv e demais Leste e Sul.
Se calhar deviam MESMO fazer um referendo relativamente a assinar o acordo de servid... perdäo, associaçäo com a UE. Podia ser que os inefáveis ministros europeus que participam nas manifs anti-Governo tivessem uma surpresa. Ah, já sei, nesse caso viriam a terreiro dizer que houve "manipulaçöes eleitorais"!

PortugueseMan disse...

...Pois a UE quer aproximar-se da Ucrânia. Muito bem. Abra as fronteiras ao comércio. Elimine as barreiras alfandegárias. INVISTA no país. Enterre lá dinheiro. E já agora, não faça exigências políticas, que os ucranianos sabem bem cuidar de si próprios...

É exactamente isto. Mais resumido que isto....

A UE sabe perfeitamente a situação complicada em que a Ucrânia está. E também sabe que contribuiu para isso.

Deixem-se de coisas, ajudem-nos a ter condições para escolher o que querem para o seu futuro.