Forças Armadas ucranianas vão entrar em acção?

Pelos vistos, as Forças Armadas da Ucrânia vão envolver-se no conflito entre o Presidente Victor Ianukovitch e a oposição, a pretexto de participarem numa operação de combate ao terrorismo.

Vários factores contribuem para solidificar essa suposição. Num comunicado publicado hoje, quarta-feira, o Ministério da Defesa afirma que, segundo a lei, as tropas “têm o direito têm direito a empregar armas e meios especiais, de deter e entregar aos órgãos do Interior pessoas que cometeram os cometem violações da lei ou de outras acções”.

Os militares consideram-se também no direito de identificar cidadãos e revistar bagagens e automóveis.

“O principal objetivo desta operação antiterrorista é travar o extremismo e actos ilegais de grupos ilegais que ameaçam a vida de milhões de ucranianos, garantir a defesa dos civis, não permitir a guerra civil na Ucrânia”, lê-se no comunicado.

A isto podemos juntar as declarações de Alexandre Iakimenko, chefe dos serviços secretos ucranianos que anunciou o “início de uma operação antiterrorista no teritório da Ucrânia”. Para Iakimenko e outros dirigentes ucranianos, como por exemplo, os ministros do Interior e da Defesa, os terroristas são os manifestantes concentrados no centro de Kiev e adeptos da oposição que ocuparam edifícios públicos noutras cidades ucranianas.

Hoje foi também anunciado que Victor Ianukovitch substituiu o chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas da Ucrânia.

Antes, o ministro da Defesa da Ucrânia ordenou a deslocação de paraquedistas do Leste do país, onde é maior o apoio a Ianukovitch, para Kiev a fim de “guardarem os rsenais militares”.

Claro que isto pode ser visto como uma forma de Ianukovitch pressionar a oposição a abandonar o centro de Kiev e a aceitar as suas condições de diálogo, tanto mais que o Presidente da Ucrânia deu ordens a políticos próximos, incluindo à ministra da Justiça e ao chefe da sua Administração para acelerarem o processo de “diálogo com vista a encontrar uma saída política para a crise”. Porém, mesmo que as conversações com a oposição se realizem, elas deverão fracassar devido à disparidade de posições. E, então, será um bom motivo para empregar as forças armadas, restando saber se essa decisão não irá desestabilizar ainda mais a situação.

Para a oposição também não é bom sinal a visita a Kiev, marcada para quinta-feira, de Dmitri Rogozin, vice-primeiro-ministro russo, dirigente do complexo militar-industrial, político nacionalista que não esconde as suas pretensões territoriais, nomeadamente face à Crimeia, e é conhecido pela sua retórica anti-ocidental.