sábado, abril 12, 2014

Notícias da concentração militar na fronteira da Ucrânia fazem parte da guerra de propaganda


Texto traduzido e enviado pelo leitor Pippo:

"Mary Dejevsky, 11/04/2014

Qualquer reportagem sobre a Ucrânia nestes tórridos dias precisa vir com um “alerta de saúde política”, mesmo que tal reportagem possa ter origem no que se designa de " nosso lado”. Isso inclui a mais recente revelação da NATO sobre o envio de tropas russas para as fronteiras do leste da Ucrânia.

Nos últimos seis meses, mas especialmente desde o colapso do governo de Viktor Yanukovich em Fevereiro e seu vôo tortuoso de Kiev, houve tanto de guerra de propaganda como - potencialmente - uma verdadeira guerra entre a Rússia e o Ocidente. Duas distintas, e na maior parte das vezes mutuamente exclusivas, versões da verdade foram colocadas no ar e têm encontrado audiências receptivas de cada lado.

A Rússia viu a partida de Yanukovych como o resultado de um golpe ilegal, orquestrada por perigosos elementos nacionalistas de direita. Ela discerniu uma intervenção Ocidental, nomeadamente de interesses norte-americanos, na formação do governo interino, e acredita que estes participantes externos dirigiram os acontecimentos, com o objectivo subjacente de reivindicar a Ucrânia para o Oeste e colocar a Rússia na mó de baixo.

Os políticos ocidentais e a maioria dos meios de comunicação [ocidentais] têm tido uma visão totalmente diferente. Yanukovych foi removido como o resultado de uma verdadeira revolução popular. A Rússia anexou a Crimeia na sequência desse acontecimento e em busca da ambição de longa data de Vladimir Putin de ressuscitar algo parecido com a União Soviética. Em seguida seria o Leste da Ucrânia, com a sua população maioritariamente de língua russa e com interesses orientados para Leste, e em seguida, a Moldávia e talvez até mesmo os Estados bálticos e a Polónia.

O último relatório da NATO deve ser visto neste contexto. As suas imagens alegadamente mostram as tropas russas e uma concentração de material bélico nas fronteiras do Leste da Ucrânia. Mas há um detalhe digno de nota. A NATO dá um intervalo de datas para essas fotos que as torna, essencialmente, históricas. Não é de todo claro que esta situação diz respeito a hoje.

Várias outras observações poderiam ser feitas. A primeira é que vários jornalistas atravessaram recentemente o sector oriental da fronteira russo-ucraniana a todo o seu comprimento, do lado russo, e não encontraram nada que não correspondesse aos exercícios anteriormente realizados. Eles relataram que o clima parecia ser relativamente relaxado, e não o nível de alerta que se poderia esperar de um exército prestes a ser usado de forma agressiva.

A segunda é que o secretário de Estado dos EUA, John Kerry, afirmou depois de sua conversa com ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, que a Rússia havia retirado um batalhão da área, perto da fronteira com a Ucrânia. Em outras palavras, a tendência era para de-escalada - para usar a expressão do momento dos diplomatas ocidentais - e não o contrário .

Nada disto significa, é claro, que a Rússia não possa, ou talvez não venha a avançar para o Leste da Ucrânia, caso surjam desordem graves na região e sejam emitidos apelos urgentes de ajuda por parte de "compatriotas russos". E não é está para além dos limites da possibilidade de que essas chamadas possam ser deliberadamente fabricados por Moscovo. Existe uma coisa chamada “planos de contingência”.

Mas também devemos ter em mente que existem interesses dos dois lados. É improvável que Moscovo faca alarde de qualquer retrocesso da sua presença militar perto do Leste da Ucrânia, para que não pareçam estar a ceder à pressão Ocidental ou que estejam a deixar esses mesmos “compatriotas do Leste da Ucrânia desapoiados. Internamente, a Rússia precisa de manter uma aparência de prontidão.

Algo semelhante se aplica ao Oeste e, especialmente, à NATO. A aliança ocidental precisa projectar uma impressão de força, tanto para manter a sua própria credibilidade (não tendo conseguido evitar a anexação da Crimeia pela Rússia) e convencer os países bálticos e outros que se sentem vulneráveis deque eles estão protegidos. Para projectar essa força, a NATO precisa de um inimigo convincente. Uma Rússia a recuar não cumpre esses requisitos.



13 comentários:

MSantos disse...

As expected...

A guerra de propaganda, em particular do lado ocidental contra a Rússia raia a insanidade e a paranóia extremas. E não começou com a Ucrânia mas sim com os jogos de Sochi que já todos esquecerem apesar de terem sido um sucesso, mas completamente abafado e isso por si só é demonstrativo de um plano delineado que se aproveita de todas as circunstâncias e acontecimentos provocados.

Antigamente assistíamos a isto do lado soviético e ao vermos os nossos media irem por este caminho, é plenamente demonstrativo do rumo que tomaram as nossas democracias e liberdades.

Uma das últimas insanidades é retomarem o assunto da queda em Somolensk do avião presidencial polaco para a demonização de Putin...

http://www.thedailybeast.com/articles/2014/04/11/did-putin-blow-up-the-whole-polish-government-in-2010-a-second-look.html

Cumpts
Manuel Santos

Pippo disse...

Note-se que a manipulação das imagens por parte das nossas "demo-cracias" não é coisa de hoje.

Ná já referida Guerra do Kosovo, num dos seus briefings a NATO mostrou imagens da destruição de um comboio por um míssil (um dano colateral, como está bom de se ver!). E qual foi a desculpa usada para dizer que tinha sido uma situação inevitável? É que "tudo se tinha passado muito rapidamente e não tinha sido possível evitar a tragédia".
O que eles não referiram é que as imagens tinham sido aceleradas de propósito...

PortugueseMan disse...

Por muita guerra de propaganda que exista, (e existe de ambos os lados)
o facto é que a Ucrânia está REALMENTE dividida e duvido que se consiga parar esta bola de neve.

Não vai ser possível esconder o descontentamento crescente que existe em certas regiões.

Duvido que seja possível sair disto, num cenário onde a Ucrânia seja apenas uma.

Aryan disse...

Pelos vistos no Ocidente querem fazer as pessoas acreditar nas historietas das imagens de satélite como as do Iraque, da Sérvia, etc, etc até ad nauseum. Já chega de nos mentirem com aquilo que na realidade se está a passar com a Rússia; o não quererem que aquele País siga o seu caminho sem as maléficas interferências Ocidentais que pelos acontecimentos Históricos anteriores sempre foi tenebrosa! Inventem outra s.f.f.
E já agora, tendo sido este blog criado por quem conhece bem a Rússia e por lá viveu, ao menos um pouco de pudor; não se cospe na mão que nos alimenta ou alimentou! Passem bem. Aryan

PortugueseMan disse...

https://www.youtube.com/watch?v=jNES1o5usQQ#t=74

A coisa definitivamente mudou de tom.

Certas cidades já estão a tomar uma atitude mais séria.

Portanto, não estou a ver como uma junta em kiev, poderá mandar quem quer que seja para acabar com isto à força.

Resta saber, onde estão os militares destas regiões?

As polícias estão do lado de quem?

Bola de neve a correr montanha abaixo e a aumentar de tamanho.

chukcha disse...

As imagens da NATO são risiveis. Eu, em 2 horas com o google earth fazia muito melhor. Um aeródromo com meia duzia de aviões? Nota-se claramente o subfinanciamento da organização, se compararmos com as WMD do Iraque!

Nem um propagnadista de jeito conseguem arranjar. Ainda bem que agora já têm um inimigo e vão ter um pump up do finaciamento!

A coisa está negra (azul e vermelha) no Donbass. Os galaicos em kiev não querem saber, ou não sabem o que fazer... e o ocidente está entretido com fotos de aeródromos...

Esta é de graça:
Basta fazer o que o Lavrov disse desde o dia 1 (neste caso 20 de fev.)
1. Governo de unidade nacional, com membros do Donbass, kharkov, odessa, que não os oligarcas.

2. Referendum federalização/revisão constitucional.

3. Mandar às malvas a guarda nacional, desarmar os fascistas ou dar-lhes o tratamento dado ao sashko (esta é mais dificil).

A alternativa:
1. Dizer à russia para de-escalar e alicar mais sanções.
2. Esperar por kharkov. Depois de donetsk é o óbvvio. Se não fôr antes no 1º de Maio é uma boa data para a revolta de uma cidade operária russa!

E isto não é rocket science, apenas bom senso regado a cerveja e com uns tremoços a acompanhar!

chukcha disse...

As imagens da NATO são risiveis. Eu, em 2 horas com o google earth fazia muito melhor. Um aeródromo com meia duzia de aviões? Nota-se claramente o subfinanciamento da organização, se compararmos com as WMD do Iraque!

Nem um propagnadista de jeito conseguem arranjar. Ainda bem que agora já têm um inimigo e vão ter um pump up do finaciamento!

A coisa está negra (azul e vermelha) no Donbass. Os galaicos em kiev não querem saber, ou não sabem o que fazer... e o ocidente está entretido com fotos de aeródromos...

Esta é de graça:
Basta fazer o que o Lavrov disse desde o dia 1 (neste caso 20 de fev.)
1. Governo de unidade nacional, com membros do Donbass, kharkov, odessa, que não os oligarcas.

2. Referendum federalização/revisão constitucional.

3. Mandar às malvas a guarda nacional, desarmar os fascistas ou dar-lhes o tratamento dado ao sashko (esta é mais dificil).

A alternativa:
1. Dizer à russia para de-escalar e alicar mais sanções.
2. Esperar por kharkov. Depois de donetsk é o óbvvio. Se não fôr antes no 1º de Maio é uma boa data para a revolta de uma cidade operária russa!

E isto não é rocket science, apenas bom senso regado a cerveja e com uns tremoços a acompanhar!

MSantos disse...

É apenas isto, e isto de que se trata, senhores...

"A political analyst says the US and NATO are using the crisis in Ukraine to further their military buildup around Russia with the aim of regime change in Moscow.

The analyst pointed out that the US seeks regime change in Moscow “because Russia, despite being much weaker than when it was part of the Soviet Union, still constitutes an obstacle to US’ global domination.”

http://www.presstv.com/detail/2014/04/12/358295/us-nato-seek-russia-regime-change/

Cumpts
Manuel Santos

Anónimo disse...

Não sei até que ponto essas imagens fazem parte da "guerra de propaganda"(os separatistas tomam de assalto a esquadra de polícia no leste da Ucrânia): https://www.youtube.com/watch?v=CJkfbumGbYA

Pippo disse...

Olha que giro, estes tipos de Slavyansk parecem-se com os "homenzinhos verdinhos" da Crimeia!

O que quer dizer que das três, uma:
1 - Ou os soldados da Crimeia viajaram livremente para Donetsk, furando livremente as barreiras militares colocadas pelo exército ucraniano;
2 - Ou eles vieram directamente da fronteira Leste, o que que dizer que os serviços de segurança ucranianos(SBU), que são tão competentes para apanhar espiões russos, são incompetentes para detectar e travar a entrada de homens bem armados no seu território;
3 - Ou então são mesmo grupos de auto-defesa, com equipamento adquirido localmente.

chukcha disse...

O melhor de slavynsk é que os "invasores russos" vieram da Rússia numa Bukhanca (uaz452), uma pão de forma, carro dos anos 60. Não havia uma vito ou vá lá uma Gazelle, com vidros fumado.

Já estou a imaginar:
- Camarada comissário, não conseguimos cumprir os objectivos porque a tablete avariou pelo caminho. Além do mais esta porra é desconfortável até mais não. Mande sff assistencia em viagem e um taxi para nos levar a Kiev!

Paulo disse...

É absolutamente mentira, que qualquer jornalista independente tenha afirmado que as tropas russas não estão em pé de guerra na fronteira.

A imprensa fascista russa é que criou a ideia de que havia algum clima de retirada ou acalmia.



Depois, a estupidez e desconhecimento de temas militares entende-se em quem não entende patavina do que diz.

O regime diz que retirou um batalhão. MAs um batalhão são no máximo 500 homens, de um total de 40.000 operacionais com capacidade para se movimentarem e de pelo menos mais 40.000 de unidades de apoio.

Portanto, os russos retiraram das zonas da fronteira 0.6% do total dos seus efetivos na região.

Não há nada que possa indicar que as imagens dos caças Su-27 não são recentes.
As formações, a forma como os aviões estão colocados e os sistemas de apoio coincidem com operações especiais.

Uma força colocada de forma defensiva, não coloca os seus aviões em linhas densas, dispersa os aviões.

A força russa está naturalmente colocada de forma ofensiva, pronta para atacar.

No caso das viaturas há várias razões para se poder afirmar isso, nomeadamente pelos trilhos das viaturas blindadas, que são típicos de uma estação em que ainda chove, e não poderiam ser do verão passado.

Mas há mais que isso.
Os russos têm aquelas tropas na região e estão a mentir, como estavam a mentir sobre a Crimeia, como mentiram sobre a rendição dos navios da Ucrânia.

Os fascistas russos, não têm feito outra coisa que não seja mentir. mentir, mentir até à exaustão, para garantir que pelo menos alguma coisa fica.

Hitler e Putin neste aspeto são exatamente iguais.

As mentiras da Crimeia, deveriam ser suficientes para se perceber quem está a mentir.

Mas para os fanáticos e para os teoricos da conspiração, nem uma confirmação por parte de Vladimir o Grande seria suficiente.

Se Vladimir viesse dizer a verdade, automaticamente teriamos as viuvas estalinistas a dizer que era tudo conspiração dos malvados cães ocidentais, que tinham drogado o coitadinho do putinezinho, que é tão boa pessoa, coitadinho.

Pippo disse...

Paulo, calma, calma, não se afogue em toda essa propaganda que anda a ler!

Ainda bem que o Paulo sabe quantas tropas estão por lá. A NATO, obviamente, é uma fonte credível e séria. Seríssima! Veja-se o caso do Kosovo...

Ainda bem que o Paulo andou por lá a ver que os jornalistas mentem.

Ainda bem que o Paulo sabe que em exercícios, os aviões se encontram estacionados em ordem dispersa (aliás, em caso de conflito iminente, o ideal é concentrar todos os aviões bem juntinhos na pista, para serem todos "limpos" com um só míssil AG)

E ainda bem que o Paulo viu a data que estão no canto das imagens. É tudo desta semana. De ontem, até!

E ainda bem que o Paulo sabe o que é o fascismo e o nazismo para dizer que os russos são fascistas e, já agora, nazis!