segunda-feira, julho 14, 2014

Boatos e desinformação num conflito perigoso


São cada vez mais os boatos de que as tropas russas poderão realizar amanhã uma operação especial no leste da Ucrânia a pretexto de evitar ataques contra o território da Rússia a partir do país vizinho. Segundo as autoridades de Kiev, o Kremlin concentra tropas e armamentos junto da fronteira russo-ucraniana.
Uma das possíveis razões dessa operação poderá ser a tentativa de Moscovo evitar a derrota total dos separatistas pró-russos que, nos últimos dias, têm sofrido sérias revezes e abandonado partes significativas do território por eles controlado.
A fim de preparar a opinião pública russa, alguns órgãos de informação controlados continuam uma guerra de desinformação sem precedentes contra a Ucrânia.
Ninguém duvida que, durante uma guerra, as partes do conflito utilizam a desinformação como uma das mais poderosas armas, mas também aqui deveria haver limites lógicos.
Mas não é assim. O primeiro canal de televisão russo (ORT), completamente controlado pelo Kremlin, anunciou no Sábado, num dos seus noticiários, que os militares ucranianos teriam crucificado em público uma criança na cidade ucraniana de Slaviansk, recentemente recuperada por tropas de Kiev.
O relato de tal barbaridade é feito por uma alegada refugiada do oeste da Ucrânia, cujo marido se teria juntado aos separatistas e cuja mãe estava pronta a fuzilada por ter traído a Ucrânia.
Galina Pychniak relata: “Pegaram numa criança pequena de três anos, em cuecas e t-shirt, e crucificaram-no como Cristo num quadro de anúncios. Um pregava e dois seguravam. E isto à frente da mãe. E a mãe viu como a criança se escoo em sangue”.
A dita testemunha contou que a “execução” teve lugar no centro da cidade, na Praça Lénine.
Um jornalista russo do jornal Nezavissimai Gazeta foi investigar o caso e constatou que a praça central da cidade não tem o nome de Lénine, mas chama-se Praça de Outubro. Galina afirmou que do lado dos separatistas combatiam “mineiros simples”, embora em Slaviansk não haja minas, mas sim fábricas.
Além disso, o jornalista não encontrou nenhuma prova, nem testemunha de semelhante acontecimento.
A entrevista da “refugiada” é atribuída a Iúlia Tchumakova, chefe da redacção do Sul da ORT, mas este trabalho não está presente na lista dos trabalhos dessa jornalista, publicada na página da televisão.
Se a televisão russa desinformou, esta não é a primeira que a utilizada para atiçar o ódio contra as autoridades de Kiev.

Neste momento, é preciso baixar a tensão na região e dar início a conversações com vista a encontrar a paz. A aposta numa campanha militar pela Rússia terá consequências imprevisíveis, não havendo alternativa ao diálogo entre Kiev e Moscovo. 

8 comentários:

ANTI-COWBOY disse...

Claro que há desinformação JM.Isso é próprio dos momentos de crise.Lembro-me bem de um jornal do meu tempo de novato que era o Primeiro de Janeiro que em plena época da nossa ditadura todos os dias relatava a odisseia americana no Vietname dando a entender,aliás como quase toda a imprensa ocidental daquela altura,que a vitória estava próxima tal era a avalanche de napalm,proibida aliás pela convenção de Genebra,como sabemos,que teimava em cair e queimar milhares e milhares de hectares de terra daquele sacrificado País.Apenas de vez em quando lá havia relatos das tropas vietcong a atormentarem os heróicos militares americanos.Todos os dias,ou quase,lá vinha mais uma notícia falando dos feitos dos bravos soldados americanos em terras malditas, execráveis e comunistas.Um dia fui surpreendido pelo facto dos exércitos regulares do Vietnam estarem já em Saigão atirando helicópteros e outro material militar americano para dentro das águas do mar.O sonho também dos fascistas portugueses estava a ruir.As mentiras da informação foram sempre assim.Isto tudo para dizer que,embora vivendo em tempos diferentes não sabemos bem o que verdadeiramente se passa.Sabemos apenas qualquer coisa.Como já tenho vindo a dizer a Rússia não invadirá a Ucrânia com tropas regulares.Não acredito nisso,essa não é a minha convicção e não vou novamente repetir-me.Agora que vão fornecer aos separatistas armamento e até eventualmente armamento mais ou menos sofisticado,ai isso vão.Até porque a Rússia não quer facilitar a vida ao poder instalado em Kiev e tudo fará para dificultar o diálogo da Ucrânia com a Europa.Enterrar dinheiro na Ucrânia numa situação deste tipo não interessará muito à Europa e muito menos à Rússia.Esse deve ser o grande objectivo russo,inviabilizar na prática, qualquer integração de uma Ucrânia (que não paga dívidas) numa Europa ainda por cima adoentada,moribunda e decadente.Claro que estas situações podem alterar-se para rumos complicados que podem fugir aos acordos silenciosos feitos nos tais areópagos políticos reservados internacionais, entre as grandes potências.O que está acordado não sabemos bem,mas que há acordos há,e eles envolvem muitas questões de ordem geoestratégica,quer militar quer económica que,como já noutra altura referi,não conhecemos nem sequer,e muito menos, os detalhes.Contudo,como a história ensina,os acontecimentos podem desequilibrarem-se pondo em causa acordos secretos já decididos.Esses desequilíbrios podem deitar tudo a perder,por exemplo no entendimento que a Rússia teve com os EUA a propósito da possível COWBOYADA americana preparada para a Síria.Esse acordo está na cara que foi feito.Qual a moeda de troca, não sabemos, mas pode muito bem ser a Ucrânia mas,julgo,que sempre sem a NATO.A ver vamos.O futuro,inexoravelmente
o dirá.

Anónimo disse...

"as partes do conflito utilizam a desinformação como uma das mais poderosas armas, mas também aqui deveria haver limites"

Que piada tão engraçada e catita principalmente vindo daqui e de si. "Homem" voçê esta um autentico parodiante.

Vai censura la este tambem

Unknown disse...

Ainda espero pelo dia... Ah como espero! Dizia eu... Ainda espero pelo dia em que o JM fará um artigo, neste blogue, condenando os ataques massivos, indiscriminados, indiferenciados e bárbaros contra a população do leste da Ucrânia.

Ainda espero pelo dia em que o JM escreva um artigo em que, mesmo ao de leve, condene o comportamento, natureza e dureza do governo de Kiev.

Ainda espero pelo dia em que JM faça um artigo em que, para indicar uma "insuficiência" da estratégia ocidental, não tenha de desancar a politica Russa de alto a baixo primeiro. Ou seja, uma no cravo, 1000 na ferradura.

Ainda espero pelo dia em que JM condene o inicio de toda esta coisa, nomeadamente, o golpe de estado ilegítimo e o aproveitamento que a direita mais radical e o ocidente fizeram de manifestações, justas, contra a corrupção, que, pelos vistos, continua.

Ainda espero pelo dia, como espero, em que o JM condene os movimentos neonazis, os sector direita e a sua participação, às claras, no governo, na guerra e nas forças armadas.

Ainda espero pelo dia em que o JM condene o recurso, pelo governo de Kiev e oligarcas pró ocidentais, a milicias de extrema direita, exercitos de mercenários e outros que tais, como o faz de forma tão fogosa com os Russos que ajudam no leste.

Ainda espero pelo dia em que o JM condene de forma veemente o apoio da UE e EUA a grupos de extrema direita, nada próprio de governos que o JM diz democráticos e humanitários. Ah, sem que tenha de chamar fascista, autoritário e nazi ao Putin.

Ainda espero pelo dia em que o JM denuncie o que sucedeu em Odessa, na casa sindical, ou a utilização de fosforo branco em cima de inocentes, no leste da Ucrânia.

Ainda espero pelo dia em que o JM escreva um artigo de fundo, sobre o que está mal na Ucrânia, sem que, para responsabilizar o ocidente, tenha de agredir a Rússia.

Ainda espero pelo dia em que o JM aponte o dedo ao ocidente, pelas responsabilidades que tem, na Ucrânia e noutros lados, sem que tenha medo de perder os empregos que tem.

Nós somos o nosso passado. Quem renega o passado não tem história. Quem não tem história, não existe... Pense lá porque lhe digo isto!

PortugueseMan disse...

Algo que considero bastante interessante é o facto de não haver notícias sobre o FMI. Ou seja, algo de MUITO errado se está a passar.

o FMI era para estar até ao meio da semana passada na Ucrânia, para avaliação e atribuição de nova tranche. A Ucrânia tem feito pressão a dizer que estava a
cumprir "tudo" o que lhe era exigido e que ainda dizia que o que "iria"
receber nem seria suficiente para implementar as reformas.

Entretanto saiu notícias de que o FMI iria ficar até ao fim de semana, para melhor avaliação.

Tenho estado a aguardar que saiam notícias sobre o FMI e apenas se vê silêncio. Parece que os avaliadores do FMI já sairam da Ucrânia, mas tendo saído ou não, NÃO Há declarações sobre o que seja. Isto só pode significar uma
coisa: o FMI não quer libertar mais dinheiro, não quer, porque o dinheiro não vai ser aplicado em reformas de coisa nenhuma, existe uma guerra civil no país e pairam incertezas sobre o que vai acontecer.

A Ucrânia não está a resolver a questão do "terrorismo" em tempo útil e enquanto não fôr resolvido será difícil falar em entradas de mais dinheiro.

Como é que nas condições em que a Ucrânia está, podemos ver o FMI dizer que liberta novas tranches? O FMI está em maus lençois, porque está concerteza debaixo de muita pressão para enterrar mais dinheiro, mas isso não é possível
de acordo com as regras do FMI.

Se o FMI não entregar nova tranche, a Ucrânia aproxima-se da implosão económica. Salários, pensões e o esforço de guerra. A juntar isto, o corte energético por parte da Rússia.

Parece que a Ucrânia, para receber o dinheiro, terá que resolver a questão separatista e dar a imagem de país unido (sem a Crimeia). Tem que fazer isto antes de chegar o frio.

Duvido que consigam resolver a questão separatista em tempo útil, mas a agressividade irá aumentar.

Estamos a assistir à destruição de um país, onde os políticos ucranianos são os principais culpados.

antónio m p disse...

O governo neo-nazi de Kiev deu, dia 12 de Junho, um novo passo na escalada genocida contra o seu próprio povo: a utilização de bombas incendiárias de fósforo contra a população civil de Slavyansk . Os media corporativos, ditos de "referência", calam-se. Ocultam deliberadamente este novo acto de barbárie dos fascistas ucranianos patrocinados pelo governo Obama. E a União Europeia permanece de cócoras, também calada, subserviente aos EUA e conivente com os seus crimes.

(Recortado em resistir.info, com origem em http://rt.com/news/165628-ukraine-incendiary-bombs-phosphorus/)

antónio m p disse...

«Ninguém duvida que, durante uma guerra, as partes do conflito utilizam a desinformação como uma das mais poderosas armas, mas também aqui deveria haver limites lógicos», diz o José Milhazes com pouca autoridade moral nessa matéria - diz este seu leitor assíduo.

chukcha disse...

Hum... então a alegação que o Exercito Galico crucifica crianças é mentira porque... OK... a praça é Outubro e não há minas em slaviansk... olha grnde novidade. A wikipedia tem isso e muito mais em 5 min de leitura...


Mas e Odessa, caro Milhazes? Foi o Putin que incendiou a casa dos sindicatos? E em Lugansk, foi a aviação Russa, e em...

Bom... é isso PUTIN está em todo o lado!!!

https://www.youtube.com/watch?v=mq-Wd8J9s_s

chukcha disse...

A oRT é raquinha, fraquina. A VGRT é uma miséria... mas caro Milhazesvocê já viu o Shuster Live?

a hRAMODSKIE OU SERÁ GRAMADNOE tv UCRÂNIANAS?

Pois, acredto que não.

Ao lado destas a estatal VGTRK e a privada pan-Kremliniana Life são o PARADIGMA DA ISENÇÃO...


Por isso, ANTES DE ACUSAR UM LADO, CONVÉM, PORVENTURA, ANALISAR A PROPAGANDA DOS 2.... digo eu..

... que não sou Presidente da Ucrânia, nem tenho canal de televsao privado...

... mas a culpa é do Putin..