quarta-feira, agosto 27, 2014

Cimeira de Minsk: muita parra, pouca uva



As expectativas face à Cimeira de Minsk, ou melhor, face ao encontro entre os Presidentes da Rússia e da Ucrânia, Vladimir Putin e Petro Poroshenko, eram muito poucas e as longas horas de conversação não foram suficientes para sequer dar início a um sério processo negocial com vista a pôr fim a um conflito que já matou quase 2 500 pessoas.
É de salientar que o Presidente Putin pouco tempo prestou ao conflito armado no leste da Ucrânia, preferindo concentrar-se nas perdas económicas da Rússia se Kiev avançar com o cumprimento do Acordo de Parceria com a União Europeia.
Mais, ele voltou a insistir na tese de que Moscovo nada tem a ver com a guerra civil no país vizinho: “A Rússia não pode falar de condições do cessar de fogo entre Kiev, Donetsk e Lugansk. Isso é um assunto da própria Ucrânia”.
É sabido que milícias pró-russas apenas aceitam dialogar com Kiev na base do reconhecimento da independência da chamada Novorrosyia, enquanto que as autoridades ucranianas consideram os separatistas terroristas e não querem ouvir em federalização do país. Nesta situação, Putin diz-se disposto a apoiar o processo de paz, “se ele começar”.
A julgar pelas declarações dos líderes dos dois países, o único acordo possível foi o de criar uma comissão para estudar a possibilidade do encerramento da fronteira russo-ucraniana de forma a que não entrem armamentos e homens do país vizinho no território ucraniano. Ora é sabido que se Moscovo realmente quisesse resolver esse problema, ele talvez nem sequer teria surgido, pois os separatistas fazem o que o Kremlin manda.
Catherine Aston, que representava a UE nas conversações, tal como qualquer pessoa minimamente informada, compreende que Putin está a fugir à verdade quando diz que nada tem a ver com a situação no leste do país vizinho e que os 10 militares russos (paraquedistas profissionais bem treinados) capturados na véspera em território ucraniano “apenas se enganaram” quando patrulhavam a fronteira. A imprensa da oposição russa está repleta de artigos sobre dezenas de soldados russos mortos e feridos nos combates na Ucrânia.
Neste caso, não se trata da opção entre “uma má paz e uma boa guerra”, mas do alastramento de um sério conflito armado no seio da Europa. Mas a posição da UE continua a não ser consolidada, ouvindo-se vozes como a da chanceler alemã, Angela Merkel: “Claro que o povo ucraniano deve ter a possibilidade de escolher o seu caminho, mas isso (as acções ucranianas) não deve prejudicar a Rússia”. Em Bruxelas parece continuar a existir dúvidas de quem é o agressor e a vítima neste conflito, que se deverá arrastar por muito tempo e não permitir a realização de eleições parlamentares, marcadas para 26 de Outubro.

Então, Moscovo terá mais um argumento para apoiar o separatismo e manter a instabilidade da Ucrânia até que ela se afunde na falência económica.

12 comentários:

PortugueseMan disse...

...Mas a posição da UE continua a não ser consolidada, ouvindo-se vozes como a da chanceler alemã, Angela Merkel: “Claro que o povo ucraniano deve ter a possibilidade de escolher o seu caminho, mas isso (as acções ucranianas) não deve prejudicar a Rússia”. Em Bruxelas parece continuar a existir dúvidas de quem é o agressor e a vítima neste conflito...

O que Bruxelas não tem dúvidas é que empurrou a Ucrãnia para este conflito. E agora que é preciso apoio a SÉRIO europeu e não dumas bolachinhas, está tudo a assobiar
para o lado.

Como eu SEMPRE disse aqui no seu blog, a Europa tem muita democracia e solidariedade para oferecer, dinheiro é que não.

A Europa não vai enterrar dinheiro num buraco negro, não
vai pagar o gás para os ucranianos. Resta saber quem são
os responsáveis europeus por esta desastrosa política externa.

Tão desastrosa que conduziu à desintegração da Ucrânia e está a colocar em perigo o fornecimento energético europeu.

Mais grave ainda, empurrou a Rússia para o mercado asiático, quando é exactamente este que mais cresce em termos de consumo energético.

Porque é que a Rússia tem que estar a aturar países europeus hipócritas e de narizes empinados, sempre preocupados com os valores democraticos, quando tem ali ao lado, quem lhes pague sem estar sempre a apontar dedos?

Em breve a Europa vai ter um problema, futuros incrementos energéticos, podem não ser fornecidos pela Rússia, esta tem clientes alternativos. Isto vai complicar a relação com a Europa.

A Europa fez uma opção muito má nesta "brincadeira" da Ucrânia e infelizmente vamos pagar por isto.

ANTI-COWBOY disse...

Estou de acordo com o que diz PortugueseMan.
Mas queria referir que toda esta atitude da política externa dos EUA é altamente desastrosa e perigosa.Tenho pensado muito sobre toda esta situação à volta do que se passa na Ucrânia e não encontro outra resposta senão a tentativa da América chegar-se o mais possível para junto do território russo porque quer evitar um confronto directo.Mesmo que a Ucrânia se parta em duas os EUA ganham sempre terreno sob o ponto de vista geográfico em relação à mesma Rússia,suceda o que suceder. A única coisa que pode obstar a essa situação é que venha a existir um golpe de Estado em Kiev.Já disse várias vezes neste blog que os russos não estão interessados em invadir a Ucrânia a não ser numa situação especial que,para já não prevejo muito.E para mais, uma entrada clássica de tropas na Ucrânia justificaria da parte dos EUA um aumento considerável de material bélico para países da Europa Oriental que fazem fronteira com a Rússia e que fazem parte da NATO.Ora a Rússia não vai nisso.Mas tudo isto que aconteceu desde os acontecimentos de Maidan, que todos conhecemos,e com o comportamento dos EUA nesta matéria, penso que a médio prazo a Europa sujeita-se a ser confrontada com uma guerra inevitável.E a acontecer,por culpa apenas da América,pondo de parte uma guerra nuclear que destruiria a vida no hemisfério norte,seria uma guerra clássica geral e portanto mundial que envolveria necessariamente a China.Já falei neste assunto aqui neste blog.Um ataque da Coreia do Norte à Coreia do Sul,outro ataque da China a Taiwan,a explosão de um largo conflito no Médio Oriente através do ISIS e que envolveria totalmente Israel,a entrada da Rússia para a tomada da Europa Oriental com a ajuda da China para tomar conta da Europa Ocidental,por exemplo, encravava completamente a América.O Japão será sempre no final e na hora H um aliado da Rússia contra a América porque ajustaria as suas contas com os EUA até por causa das bombas atómicas de Nagasaki e Hiroshima que nunca lhes sairam,como é óbvio, do seu pensamento.O Paquistão e a Índia não se metem e juntamente com o Irão são uma frente geográfica que obsta ao avanço de tropas americanas que não poderão responder em todas as frentes e ainda por cima são péssimos na guerra no terreno.Com a Rússia e China daqui a uns poucos anos, a aviação dos EUA não resolve problema nenhum porque terá que ir para o terreno, para além de nesse campo a Rússia já lhes fazer frente nesta altura.A França é facilmente ocupada e a única potência que poderá ajudar a América é o Reino Unido mas que mesmo assim é capaz de não se envolver.
Quero dizer com isto tudo que os EUA são completamente loucos se se meterem numa guerra que parecem querer para resolver os seus problemas económicos.Valha-nos Deus para quem acreditar Nele.

Pippo disse...

"10 militares russos (paraquedistas profissionais bem treinados) capturados na véspera em território ucraniano “apenas se enganaram” quando patrulhavam a fronteira."

Mas não se enganaram? Tinham sistemas Glonass? Sabe o que aconteceu? Estava lá?
É que estar a afirmar algo assim com tanta certeza...

"A imprensa da oposição russa está repleta de artigos sobre dezenas de soldados russos mortos e feridos nos combates na Ucrânia."

Pensava que estava cheia de artigos sobre soldados mortos e que se questionava onde é que eles teriam morrido, mas pelos vistos já sabem que morreram na Ucrânia...

Já agora, consta que alguns países ocidentais andam a fazer o mesmo. Pelo menos há inúmeros relatos de polacos a lutar junto dos kievitas.

Unknown disse...

http://redecastorphoto.blogspot.com.br/2014/08/ucrania-decisiva-conferencia-de.html?m=1

Unknown disse...

Boa tarde,
As ultimas noticias vindas da Ucrânia, dizem que as tropas russas ja estão no terreno ocupando uma cidade no leste da Ucrânia, podem confirmar essa informação, sendo estas noticias verdadeira a escalada deste conflito esta se a tornar o mais grave des II GM na Europa.

Unknown disse...

"É de salientar que o Presidente Putin preferiu concentrar-se nas perdas económicas da Rússia se Kiev avançar com o cumprimento do Acordo de Parceria com a União Europeia".


Mas é a Rússia a mais prejudicada se a Ucrânia deixar de vender os seus produtos para lá ?

Quem compra os produtos da Ucrânia a não ser a Rússia?

A Europa não lhe interessa comprar mais nada que matérias primas ! Portanto da Ucrânia as empresas Europeias só estão interessadas no carvão e no aço, porque de resto tudo quanto a Ucrânia produz está a Europa atafulhada sem ter escoamento para esses produtos.


Com esta conversa até parece que o José Milhazes não sabe o destino trágico que tiveram milhares de empresas por toda a U E esmagadas por a concorrência das economias mais fortes.


O José Milhazes fazia um excelente serviço de esclarecimento a quem o lê se fosse capaz de dizer o que a Ucrânia tem para vender à Europa.

Que não restem dúvidas, se Ucrânia entrar para a U E sofre o mesmo destino da Bulgária e da Roménia.

Unknown disse...

"Ora é sabido que se Moscovo realmente quisesse resolver esse problema, ele talvez nem sequer teria surgido, pois os separatistas fazem o que o Kremlin manda."


O José Milhazes devia refletir antes de escrever estes género de dislates, ou então está a tentar fazer de quem lê os seus comentários uns néscios atadinhos.

Tem a obrigação de esclarecer quem foi que despoletou o conflito e com propósitos ?

Além disso sabe muito bem que esta giga joga de interesses geoestratégicos não foi feita para melhorar a vida dos Ucranianos.

O que o José Milhazes pretendia era que a NATO entrasse livremente por a Ucrânia dentro sem ter ninguém a opor-se-lhe e daqui por um ano hei-lho (José Milhazes) na Praça Vermelha a agitar uma bandeirinha Americana.

Não vai ter essa sorte, os seus sonhos não vão ser concretizados.

Por mais traições que continue a cometer e desinformação que espalhe, são situações que não dependem em nada da sua vontade.

Unknown disse...

“Catherine Aston, que representava a UE nas conversações, tal como qualquer pessoa minimamente informada, compreende que Putin está a fugir à verdade”.


E que credibilidade merece esta “senhora” ?
Como se costuma dizer “perguntem S Bartolomeu que ainda mente mais que eu”.


Esta criatura não tem feito outra coisa que mentir desalmadamente. Quer sobre a agressão à Líbia, quer sobre a guerra na Síria, e atualmente ao conflito no Iraque.


O que foi a “senhora” fazer a Minsk ? Já terá esquecida da campanha de desinformação porcalhona e as sanções que moveu contra Lukaschenko? É preciso descaramento.

Lukaschenko tem os mesmos tiques autoritários que tinha há quatro anos.

Unknown disse...

“A imprensa da oposição russa está repleta de artigos sobre dezenas de soldados russos mortos e feridos nos combates na Ucrânia.”

Mostre isso José Milhazes . E por favor diga de que imprensa se trata .

É aquilo que escrevi aqui há dias o José Milhazes deu um trambolhão politico de 180 º .

Até já recolhe elogios dos pasquins de extrema direita saudosistas do salazarismo. Mudar, mas sem exageros.

antónio m p disse...

«Os separatistas fazem o que o Kremlin manda». Aqui me parece estar um erro fundamental de análise.

Sendo adquirido que a Ucrânia manterá a sua soberania como estado, a questão está, como sempre esteve, em saber como integra os cidadãos de cultura russa e como se relacionará com a Rússia, sendo que a UE tudo tem feito para prejudicar uma e outra soluções.

Anónimo disse...

Os comentadores pró-russos que prolixos enchem este blog de sufixos ... acaso conhecem a história de uma russia isolada ... sabem o que aconteceu?!!? Quando estamos perto de comemorar os 25 anos da queda do muro de Berlim .. será que se esqueceram da história?!!?

Espadim disse...

Sr. Milhases, se na Russia de Putin não houvesse Democracia há muito que não poderia dizer o que diz, pelo menos na Russia pode ser anti-Comunista, já nos Estados Unidos da América, Comunista é uma coisa que nunca poderá ser.