Enquanto a
União Europeia anda entretida com o “problema grego”, dando
provas da incapacidade total dos seus dirigentes de retirá-la do
beco em que se encontra, a Ucrânia transforma-se num problema
gravíssimo a Leste, afundando-se cada vez mais em contradições
internas e externas.
Desta vez,
os confrontos armados chegaram à parte ocidental da Ucrânia, na
fronteira com a Hungria, envolvendo grupos armados políticos com
ligações mafiosas e grupos armados mafiosos com ligações
políticas. Na calma cidade de Mukatchevo, membros da organização
de extrema-direita “Pravyi Sektor” (Sector de Direita)
envolveram-se num tiroteio com guardas de Mikhail Lanio, deputado do
Parlamento ucraniano.
Segundo as
notícias da região, os confrontos deveram-se ao facto de esses
grupos não terem dividido pacificamente os lucros do contrabando do
tabaco e de outros produtos. O resultado do tiroteio foi de 3 mortos
e 9 feridos, alguns dos quais nada tinham a ver com este tipo de
guerrilha e apenas estavam à hora errada no sítio errado.
As
autoridades de Kiev enviaram para o local destacamentos especiais da
polícia e exigem que os homens armados do “Sector de Direita” se
rendam e entreguem as armas. Porém, estes respondem que só se
renderão se receberem essa ordem do seu comandante máximo Dmitri
Iarosh.
Iarosh
deslocou-se de Kiev para o local e, provavelmente, o caso poderá
ficar resolvido sem mais vítimas. Porém, ele não resolve o
problema em definitivo enquanto as autoridades ucranianas não
acabarem completamente com os grupos armados existentes no país e
não organizarem forças armadas e polícia mais eficazes. Grupelhos
com o peso eleitoral do “Sector de Direita”, nem outros
quaisquer, não têm o direito de aterrorizar civis, trazendo à
memória cenas da guerra civil ocorrida após o golpe comunista de
1917 no Império Russo, de que a Ucrânia fazia parte.
Entretanto,
no Leste, com maior ou menor intensidade, continuam os combates entre
forças armadas ucranianas, de um lado, e separatistas e tropas
russas do outro. Os Acordos de Minsk, de cujo cumprimento a Rússia,
Alemanha e França são garantes, transformam-se cada vez mais em
simples papel e o conflito pode reiniciar-se com nova força.
Nesta
situação, acompanhada da degradação social e económica na
Ucrânia, as autoridades de Kiev parecem tentar provar que a política
do Kremlin em relação ao país vizinho foi um amontoado de erros de
palmatória. Mas não pelas razões que se possa pensar.
Na História
não há condicional, o que aconteceu aconteceu e é impossível
fazer rodar o filme para trás. Mas suponhemos que Moscovo autorizava
que o antigo Presidente ucraniano Victor Ianukovitch assinasse o
Acordo de Parceria com a UE em finais de 2013. Acredito que nada do
outro mundo teria acontecido, como não aconteceu depois da
“revolução laranja pró-ocidental” de 2004. Mais, não duvido
que Ianukovitch fosse reeleito presidente (com mais ou menos batota)
e as relações com a Rússia pouco ou nada mudariam, nem sequer as
acesas discussões sobre a passagem do gás russo para a Europa que
terminavam sempre em acordo.
Além disso,
a Rússia continuaria a dominar as bases que tinha na Crimeia.
Sendo assim,
a anexação da Crimeia pelas tropas russas e a ingerência directa
no Leste da Ucrânia mais não foram do que erros crassos de
estratégia do Presidente Vladimir Putin. Este dirigente e a sua
corte, sempre pronta a adivinhar as vontades do dono, não tiveram a
paciência suficiente para esperar e o resultado está à vista. Além
das consequências já apontadas, é de salientar também que a
intervenção russa contribuiu seriamente para a consolidação do
espírito nacional ucraniano, processo esse que tem por base o ódio,
sublinho, o ódio, para com o país vizinho.
Porém,
devido à luta pelo poder entre grupos e clãs na Ucrânia, este país
pode acabar destruído e dividido em pequenos feudos.
2 comentários:
Putin é estúpido. Tenho ódio a esse homem, também sublinho, ÓDIO. É um assassino do KGB e uma besta sem escrúpulos que quer destruir a Europa em conjunto com os Estados Unidos que foi quem provocou toda esta situação para começar.
Obama e Putin deviam mas era de ir dançar a lambada juntos e deixar-nos a todos em paz porque já chega de tanta demência no Ocidente!
Mukatchevo, sede da Igreja Rutena, igreja católica oriental, de rito bizantino - e que muito sofreu na época soviética com o conluio dos ortodoxos russos
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