domingo, dezembro 30, 2018

Moscovo e Constantinopla lutam pelas almas a nível universal



As Igrejas Ortodoxas dos patriarcados de Moscovo e Constantinopla viram definitivamente as costas depois da criação da Igreja Ortodoxa da Ucrânia independente, processo muito contestado pelo primeiro e apoiado pelo segundo. 
Tratou-se, pelo menos por enquanto, de uma dura derrota para o Patriarcado de Moscovo, mas este responde agora noutras áreas, nomeadamente em Portugal. 
Quando surgiram notícias de que o Patriarca de Constantinopla, Bartolomeu, tencionavam acabar com o Arcebispado das Igrejas Ortodoxas Russas na Europa Ocidental, o Santo Sínodo da Igreja Ortodoxa Russa criou dois arcebispados: na Europa Ocidental e no Sudeste Asiático. 
"De forma alguma aceitaremos... e não podemos aceitar que Constantinopla tenha o direito exclusivo de acompanhamento espiritual da diáspora", declarou o metropolitano Ilarion, chefe do Departamento de Relações Internacionais do Patriarcado de Moscovo ao canal televisivo Rossya 24,  acrescentando que: "agora iremos criar as nossas paróquias, dioceses e estruturas no estrangeiro distante (termo que define os países que não fizeram parte da URSS) sem olhar de forma alguma para Constantinopla".
O primeiro arcebispado será constituído por: Andorra, Bélgica, Grã-Bretanha, Irlanda, Espanha, Itália, Lichtenstein,  Luxemburgo, Mónaco, Holanda, Portugal, França e Suíça. Ivan Bogorodski recebeu o título de arcebispo de Korsun e da Europa Ocidental, e irá dirigir esta nova estrutura.
O Sínodo da Igreja Ortodoxa Russa decidiu também criar a Diocese de Espanha e Portugal, que terá o centro na capital espanhola e será dirigida por Nestor, que recebeu o título de "Bispo de Madrid e de Lisboa".
No fundo, trata-se de uma tentativa do Patriarcado de Moscovo conquistar terreno onde a diáspora ortodoxa, que formalmente depende de Bartolomeu, tem algum significado e tentar enfraquecer o Patriarca de Constantinopla e substitui-lo no plano internacional. Resta saber se as paróquias irão seguir o conselho do metropolitano Ilarion e juntar-se à Igreja Ortodoxa Russa. Em Portugal, a comunidade russa deverá maioritariamente responder a esse apelo, o mesmo já não se podendo dizer em relação aos ucranianos e moldados. 
O principal é que o processo de separação dos crentes e da propriedade religiosa não provoque conflitos. Isto está a provocar alguns conflitos na Ucrânia, mas, por enquanto, pouco significativos.



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