terça-feira, junho 16, 2009

Duas Cimeiras em Ekaterimburgo


Passei hoje o dia inteiro a escrever sobre as duas cimeiras que se realizaram em Ekaterimburgo, cidade russa situada entre a Europa e Ásia: a Cimeira da Organização de Cooperação de Xangai (OCX) e a Cimeira dos BRIC's, mas fiquei com a sensação que ambas as reuniões não foram além de declarações verbais, importantes, mas que, por enquanto, continuam no papel.
O Presidente do Irão, Mahmud Ahmadinejad, quase estragava a primeira cimeira, pois chegou mais tarde e partiu mais cedo do que o previsto. Não ficou claro se se encontrou com Dmitri Medvedev à parte ou se apenas o cumprimentou para a fotografia, mas conseguiu receber os parabéns dos dirigentes dos países membros da OCX pela sua reeleição.
Os chefes de Estado dos países membros da Organização de Cooperação de Xangai assinaram a Declaração de Ekaterimburgo, documento fundamental da cimeira dessa organização, onde se faz uma avaliação da actual situação internacional.
Na declaração sublinha-se “a irreversibilidade da tendência para uma multipolaridade real e para o aumento da importância do aspecto regional na solução dos problemas globais”.
O documento destaca também a importância do reforço das bases fundamentais das relações internacionais e do aumento do papel coordenador da ONU nos assuntos internacionais; reafirma o apego aos princípios de manutenção da paz com base na segurança igual para todos os Estados sem excepção e na regularização dos conflitos internacionais e regionais através de meios político-diplomáticos.
Os participantes da cimeira da OCX manifestaram o seu apoio ao Tratado de Não Difusão de Armas Nucleares, defenderam o aumento da cooperação na esfera do controlo e gestão das finanças mundiais, na conservação da estabilidade da economia.
“A cooperação internacional é um instrumento sem alternativas para a solução dos problemas permentes da actualidade, incluindo a segurança energética e alimentar, as alterações do clima, a crise financeira”, constata-se na declaração final, onde se sublinha também a necessidade de uma “participação mais activa dos Estados da OCX na direcção dos processos globais”.
Os dirigentes dos países-membros da OCX aprovaram também um comunicado conjunto onde são definidos os passos com vista ao desenvolvimento da cooperação no quadro dessa organização em campos concretos.
Foi igualmente assinada a Convenção da OCX contra o terrorismo, documento que “desenvolve a base normativo-jurídica da Organização tendo em conta as exigências da época e a especificidade dos novos desafios e ameaças”.
A cimeira aprovou também o programa de combate contra o terrorismo, separatismo e extremismo para 2010-2012, um acordo sobre a preparação de quadros para a luta antiterrorista, bem como um acordo sobre a cooperação no quadro da garantia da segurança informativa internacional.
Os países da Organização de Cooperação de Xangai aprovaram um apelo especial ao reinício de conversações “com vista a procurar uma solução para o problema nuclear da Coreia do Norte”, que se agravou depois de Pyongyang ter reiniciado testes nucleares.
A OCX é constituída por países como a Rússia, China, Cazaquestão, Quirguistão, Tadjiquistão e Uzbequistão. A Índia, Irão, Paquistão e Mongólia têm o estatuto de observadores. A Bielorrússia e o Sri-Lanka receberam o estatuto de “parceiros de diálogo” na cimeira de Ekaterimburgo.
Dmitri Medvedev não poupou adjectivos na avaliação da importância da primeira Cimeira dos BRIC's.
“Trata-se de um acontecimento de destaque, diria mesmo, histórico”, declarou Medvedev, na conferência de impensa realizada após o encontro dos quatro Presidentes.
“Todos os participantes do encontro consideraram que a primeira cimeira justificou as expectativas”, acrescentou, sublinhando que “a conversa não foi apenas séria e pormenorizada, mas absolutamente concreta”.
Segundo Medvedev, “a Cimeira dos BRIC’s deve criar condições para uma organização mundial mais justa e para a formação de um meio favorável que permita resolver as tarefas actuais de envergadura universal”.
O dirigente russo destacou que “do desenvolvimento dinâmico das economias da China, Índia, Brasil e Rússia depende, no fim de contas, o desenvolvimento de numerosos processos económicos no mundo, o potencial industrial e, em certa medida, a segurança global”.
“O nosso objectivo continua a ser o mesmo. Esse objectivo constitui o reforço das bases colectivas da vida internacional, a base da tomada de decisões sobre as questões internacionais mais actuais e sobre as questões da segurança deve ser mais justa”, acrescentou.
“Mas, ao mesmo tempo, claro que não devemos esquecer as nossas tarefas nacionais, isso é para cada um de nós uma prioridade incondicional enquanto dirigentes dos respectivos Estados e Governos”, frisou.
Os dirigentes dos BRIC’s ordenaram aos seus ministros das finanças e presidentes dos bancos centrais para se reunirem e elaborarem posições coordenadas sobre questões financeiras e económicas da cooperação conjunta. Estas posições deverão ser apresentadas noutras reuniões internacionais como no “G-20”.
Medvedev anunciou também que os dirigentes dos BRIC’s delegaram nos respectivos Ministérios dos Negócios Estrangeiros a coordenação do trabalho conjunto, mas acrescentou: “Também podem ser os Ministérios da Agricultura, os ministérios que respondem pelo desenvolvimento das relações comerciais e económicas. Espero que neste trabalho participem também autoridades regionais”.
Nas duas cimeiras voltou-se a falar da necessidade de novas moedas supranacionais de reserva, tendo o Presidente russo se lembrado do ecu europeu, como um dos modelos a ser seguido.
Não se pode deixar de assinalar o apoio da Rússia e da China às pretensões da Índia e do Brasil a desempenharem um papel maior nas Nações Unidas.
Muito foi dito nas duas cimeiras, resta esperar para ver o que irá ser levado à prática.
No que consiste à Rússia, trata-se de dois importantes palcos de influência na política mundial, mas não se pode deixar levar em eufurismos, pois em ambas as organizações há outros jogadores tão ou mais fortes.

29 comentários:

PortugueseMan disse...

...No que consiste à Rússia, trata-se de dois importantes palcos de influência na política mundial, mas não se pode deixar levar em eufurismos, pois em ambas as organizações há outros jogadores tão ou mais fortes.


Mais fortes? não. Em nenhuma das organizações, existe país que se possa dizer que é mais forte que a Rússia e a única que se pode dizer que está ao lado é a China.

Não é uma questão de euforismos, é uma questão de que a Rússia, aparece em todos os centros de decisão incluindo neste novo BRIC, onde o mundo ocidental está de fora.

Das duas organizações salta à vista os países que voam cada vez mais alto, a China e Rússia.

Considero a cimeira dos BRIC de importância superior dado que é uma nova aliança que se começa a desenhar em força e esta coloca em xeque o nosso mundo, o mundo Ocidental e a moeda de referência que é o dólar.

Esta nova aliança pretende fazer o que a Europa fez, arranjar um mercado económico interno com uma moeda própria.

O mesmo pretende fazer a Rússia para a sua àrea de influência e o Brasil na América Latina, com a MERCOSUL.

O primeiro país a ser atingido com tudo isto será os EUA, pois detêm domínio a nível global e isto também é conseguido com a moeda mundial que actualmente é o dólar.

Daí a necessidade periódica de se dizer que tudo anda bem com o dólar, mas a verdade é que toda a gente está a reduzir as suas reservas de dólares e a diversificar por outras moedas.

O BRIC significa que está a haver mudanças nos centros de poder e isto significa perda de influência pelo mundo Ocidental, principalmente pelos os EUA e UE.

Da Rússia, de Portugal e do Mundo disse...

Caro PM, o poderio não é só militar, mas também económico e, neste campo, a Rússia ocupa o último lugar depois do Brasil, China e Índia.
Além disso, estamos perante quatro países com interesses muito próprios. O próprio Presidente Medvedev assinalou isso.
No entanto, não posso deixar de reconhecer que estes processos de coirdenação de posições possam vir a enfraquecer as posições mundiais da UE e dos EUA. Muito irá depender de como o Presidente Obama conseguir gerir as coisas no seu país e na arena internacional.
Quanto à UE, não digo nada de novo, esta organização parece cada vez mais uma manta de retalhos, sem políticas comuns. Talvez eu esteja enganado (que bom seria!), mas esta UE faz lembrar cada vez mais a defunta URSS.

Da Rússia, de Portugal e do Mundo disse...

Caro PM, mais uma opinião:

Sommet du BRIC: aucune décision significative (Vedomosti / Nezavissimaïa gazeta / RBC Daily)
14:00 | 17/ 06/ 2009



MOSCOU, 17 juin - RIA Novosti. Le sommet du BRIC d'Ekaterinbourg n'a débouché sur rien de sensationnel: les dirigeants brésilien, russe, indien et chinois n'ont pas décidé d'engager le démantèlement du système de Bretton Woods, notent ce mercredi les quotidiens Vedomosti, Nezavissimaïa gazeta et RBC Daily.

Les experts recommandent donc de ne pas surestimer l'importance de ce type de rencontres.

L'assistant du président russe, Arkadi Dvorkovitch, avait annoncé, dans un premier temps, que les dirigeants des quatre pays pourraient adopter une position concertée concernant leurs réserves en devises placées dans des bons du Trésor américains, qui pourraient être transférées dans des instruments financiers des pays membres du BRIC. Ces derniers possédant 2.800 milliards de dollars dans leurs réserves, tout doute émis publiquement sur la stabilité du dollar par des représentants du BRIC se répercute sur ses cotations.

La question des accords swap et d'une nouvelle devise de réserve n'est actuellement qu'à l'état de discussions: aucune décision n'a été adoptée, car il s'agit d'un objectif à long terme, a expliqué un représentant du ministère russe des Finances à l'issue du forum. Les économies des pays du BRIC représentent aujourd'hui, au total, 15% de l'économie mondiale, ce qui équivaut à l'économie des Etats-Unis, rappelle Alexeï Moïsseïev, analyste de Renaissance Capital. La question du dollar demeure un problème d'actualité, mais tout le monde a visiblement intérêt à conserver sa stabilité.

Ce forum était nécessaire pour élaborer des positions communes sur les grandes questions de l'économie mondiale, des décisions plus concrètes pouvant être adoptées plus tard, relève Iaroslav Lissovolik, de la Deutsche Bank.

Evgueni Iassine, ancien ministre russe de l'Economie à l'époque de Boris Eltsine, estime que le BRIC n'a aucun avenir: ce groupe restera un club informel, dans la forme et dans le fond. Les différences entre ces pays étant énormes, ils ont beaucoup de peine à concerter leurs positions économiques, relève Martin Walker d'A. T. Kearney.

L'analyste politique Mikhaïl Vinogradov conseille de ne pas surestimer l'importance de tels sommets: "l'OCS, le BRIC et le G8 sont davantage des espaces de communication que des centres de prise de décisions. Ces organisations servent à échanger des points de vue et à rechercher des approches communes. Les questions-clés sont réglées, généralement, dans le cadre de rencontres bilatérales, tout le reste n'étant que des moyens de se rapprocher les uns des autres". Le sommet du BRIC présente pourtant, selon lui, un avantage pratique : il élève, d'une certaine manière, le statut de la Russie en tant que sherpa du BRIC au sein du G8, dans le cadre de la formule "huit plus trois". "Et c'est exactement ce que la Russie souhaite obtenir de ces pays", conclut-il.

Ce texte tiré de la presse russe n'engage pas la responsabilité de RIA Novosti.

PortugueseMan disse...

Caro JM,

Se reparar eu não falei em poderio militar. Apesar de nesse campo, estar sem dúvida no topo. Mas a Rússia é uma super potência em termos energéticos e dos BRIC só o Brasil se poderá pensar que irá conseguir ser autónomo neste campo.

Por muito que seja uma economia forte, se não fôr independente energéticamente e com os problemas crescentes de produção de energia e respectivo aumento de consumo, esse país vai sofrer. Por exemplo nesta organização BRIC tem um gigante que é a China e que está a sofrer de asfixia energética, eles não têm energia suficiente e não conseguem ter o país inteiro a funcionar em simultâneo.

O facto de estarem dependentes de energia vinda do exterior AUMENTA o poder de negociação de quem a possui essa energia tão necessária.

Isto de se dizer que este é o mais forte ou o mais fraco, não se pode ir apenas pelo PIB. E não é por PIB's que a Rússia está nos BRIC, na ONU, no G8, G20, etc. O poder não se traduz apenas por quem tem mais dinheiro.

Quanto a Obama, vou evitar de ir por aqui dado a especifidade do blogue, a não ser que queira isto mais desenvolvido, mas considero os EUA o mais afectado de toda a situação que estamos a viver e tenho sérias reservas de que Obama consiga reverter o processo descendente em que os EUA se encontram.

Quanto à UE, não compare com a URSS, é completamente diferente e com problemas diferentes. A UE é a meu ver uma excelente organização, as próximas gerações vão crescer num ambiente onde conhecem a mesma moeda e onde não existe fronteiras, o futuro será um diluir dos poderes regionais (de cada país), porque as novas gerações irão começar a sentir que são europeus. Não dirão que são portugueses ou espanhois, dirão que são europeus. A resistência é nossa porque nós crescemos num ambiente diferente. Claro que nem tudo são rosas, mas diga-me é facil um casal tomar decisões em conjunto quando têm opiniões opostas sobre determinado assunto? Aplique a isto com todos os países da UE, com cada um a puxar a brasa à sua sardinha.

Olhe, nós por exemplo, já viu a dificuldade que temos em aceitar a visão que o outro tem sobre a Rússia? complicado.. muito complicado..

PortugueseMan disse...

Hum... francês, não me dou nada bem nessa língua. isso é da Novosti vou ver se existe em inglês.

PortugueseMan disse...

Por acaso não me sabe dizer se existe o equivalente em inglês. Não estou a conseguir localizar o artigo.

Inácio Cristiano disse...

Caro Milhazes,

A propósito da Cimeira dos BRIC's que nos deve merecer a máxima atenção, por se tratarem dos principais agentes que protagonizam o futuro paradigma do equilibrio a advir e que condicionará a forma de viver de todos nós.

Um dos items que está na agenda destes protagonistas, é uma séria reserva quanto ao real valor do Dolar, que estão habituados a receber pela venda das suas matérias-prima, vis a vis com outras divisas existentes. Ora esta matéria é delicadissima, e há quem advogue que já houve lideres de nações que perderam a vida por tentar incursões neste assunto.

Sobre esta Cimeira, o Milhazes como habitualmente descreve-a sintéticamente e bem do ponto de vista jornalistico, mas quanto a mim há um pequeno e estranho erro de tradução (pelo menos para a lusofonia), quando escreveu:

"Nas duas cimeiras voltou-se a falar da necessidade de novas moedas supranacionais de reserva, tendo o Presidente russo se lembrado do ecu europeu, como um dos modelos a ser seguido."

Ora parece-me que não existe o termo "ecu" para identificar a moeda europeia, essa expressão foi substituida por uma nova identificação a pedido da parte portuguesa, e tomou a nova designação de "euro".

Peço desculpa pela rectificação pública, mas como este Blogue é muito lido por cidadãos de outras nacionalidades, que não a portuguesa, convinha rectificar neste local.
Respeitosamente, com os melhores cumprimentos.

Da Rússia, de Portugal e do Mundo disse...

Caro PM, eu encontrei o artigo apenas em francês, mas quero apenas acrescentar um pormenor ao seu raciocínio. O poder não está em possuir riquezas energéticas, pois há países que as têm e de pouco lhes servem, mas em saber utilizá-las com cabeça, para modernizar as infraestruturas, etc., etc.
Por enquanto, os dirigentes russos não têm sabido fazer isso... e esta é que é a questão, ao contrário do Brasil, por exemplo

Pippo disse...

Caro Inácio, no que respeita ao ECU o JM tem razão.
O ECU era apenas uma moeda virtual, uma moeda de referência que existia apenas no campo da política monetária e que obrigava os Estados Membros a manter as suas moedas dentro de uma determinada faixa cambial.
Isso é exactamente o que os BRIC agora pretendem.

O EURO foi um passo muito maior pois determinou o controlo total das políticas monetárias dos EM por parte do BCE.
Não me parece que os BRIC queiram ir nesse sentido. Aliás, até a Alemanha parece já estar arrependida de ter perdido o Marco.

PortugueseMan disse...

Por enquanto, os dirigentes russos não têm sabido fazer isso... e esta é que é a questão, ao contrário do Brasil, por exemplo



Está a ver. Nunca conseguimos acertar as agulhas. A minha opinião é exactamente ao contrário, os russos estão a fazer isso e estão a fazer muito bem.

Mas deixou-me curioso com a sua referência de que o Brasil está a fazer bem. Dê-me lá pormenores para eu tentar perceber o seu raciocínio por favor.

E quanto ao artigo eu vou passar por um tradutor e já vejo o que por lá se diz.

Sérgio disse...

Caro aqui tem uma oipinão divergente à sua sobre a China ser igual à Russia. Já que não acredita em nós, pode ser que se convença com uma opinião terceira.

Apesar do barulho, cúpula do Bric termina sem nada de impacto

CHRIS BUCKLEY - REUTERS
Tamanho do texto?
ECATERIMBURGO, RÚSSIA - Apesar de ter feito muito barulho quanto a desafiar o status quo das finanças internacionais, a primeira cúpula das potências emergentes do Bric foi uma performance pouco expressiva, demonstrando as dificuldades que seus membros enfrentam para formar um bloco coeso.

A reunião de líderes do Brasil, Rússia, Índia e China por poucas horas na cidade russa de Ecaterimburgo na terça-feira nunca poderia produzir um projeto de reforma internacional.

Mas o comunicado final do encontro trouxe poucos dados específicos. Não mencionou a criação de uma moeda de reserva supranacional para diluir o domínio do dólar, uma ideia que a Rússia tem promovido fortemente.

"Presidentes não assimilaram a moeda de reserva" foi a manchete do diário russo Kommersant na reportagem sobre o encontro.

Em vez disso, as quatro potências econômicas emergentes díspares se apresentaram como uma ampla frente comum para tentar serem mais ouvidas em negociações com as potências ricas, disse Gregory Chin, da Universidade de York, em Toronto.

"Isto (a cúpula) era para se certificarem de que os interesses das nações em desenvolvimento continuem a receber atenção nos encontros do G8 e do G20," disse Chin, que está estudando o papel internacional dos Brics e outras economias emergentes.

A próxima cúpula do Grupo dos Oito, que reunirá as potências mundiais, será realizada em julho, na Itália, e a do Grupo dos 20 terá lugar nos Estados Unidos no fim do ano.

Para terem influência de fato, os governos do Bric precisam concordar com metas comuns que vão além de simplesmente pedir mais lugares nas principais mesas de negociação do mundo.

Profundas diferenças entre eles tornam isso difícil.

A China, de longe a nação mais poderosa do Bric, ficou em grande parte silenciosa em Ecaterimburgo. Não fez eco aos pedidos do Brasil e da Rússia para que as potências do Bric tentem afrouxar o controle do dólar sobre o sistema financeiro mundial.

O fato de a China possuir enorme quantidade de títulos dos EUA faz com que o país se inquiete sobre qualquer conversação dura que possa levar à redução do valor desses papéis.

A China é o maior detentor mundial de Treasuries dos EUA, num total de 767,9 bilhões, segundo informações recentes do Departamento do Tesouro dos EUA. O Japão tem 686,7 bilhões.

"Há muito mais motivo para a China ser cautelosa, até mesmo hesitante, em pressionar por reformas internacionais," afirmou Chin. "Acho que é seguro dizer que seria do interesse de todo mundo que a China opere como um reformista cauteloso."

As potências do Bric concordaram em prosseguir com seu namoro no ano que vem no Brasil. Mas a coesão que o bloco terá nessa altura vai depender de quanto conseguirão entrar em acordo para chegar a uma agenda comum.

Como disse o analista político russo Mikhail Vinagradov em um comentário para o diário Nezavisimaya Gazeta: "Se com a Índia temos pelo menos alguma cooperação na esfera técnico-militar, é difícil imaginar o que podemos querer do Brasil".

Sérgio disse...

O meu comentário anteriror é para o PM.

Sérgio disse...

Retirado de: http://www.estadao.com.br/noticias/geral,apesar-do-barulho-cupula-do-bric-termina-sem-nada-de-impacto,388672,0.htm

Da Rússia, de Portugal e do Mundo disse...

Caro PM, o Brasil tem sabido diversificar e modernizar o seu tecido económico. Claro que tem problemas gigantescos a resolver, mas tem um tecido produtivo bem mais sólido do que a Rússia.

PortugueseMan disse...

Caro aqui tem uma oipinão divergente à sua sobre a China ser igual à Russia. Já que não acredita em nós, pode ser que se convença com uma opinião terceira.

Ora vamos lá a ver não pelo facto de alguém publicar um artigo, que a coisa passa a ser verdade, análises há muitas e cada um interpreta como quer. Se você acha que a China tem um poderio superior seja. Para mim não, ambos têm pontos fortes e pontos fracos e complementam-se.

Depois acho este artigo como apenas mais um entre tantos por aí, lamento mas para mim parece-me é desilusão de jornalista, por não haver notícias "bombásticas" saídas deste encontro BRIC, como o anúncio formal de uma nova moeda. Vão ter que arranjar outras notícias para vender jornais. A criação de novas moedas é um passo perigoso e a ser dado terá que bem equacionado como será feito. Só isto daria conversa para muito tempo.

Quanto ao último parágrafo acho incrível um analista político russo não visualizar o que se possa querer do Brasil, esse país que pertence aos BRIC e é só o mais importante país da América do Sul, o que mostra para mim a linha de pensamento de quem escolhe tais analistas para compôr o seu artigo.

PortugueseMan disse...

Caro JM,

Isso é muito genérico. posso responder exactamente com as mesmas palavras, mudando apenas o país...

Pippo disse...

O curioso é que cada um destes países tem enormes potenciais e enormes faltas:

A Rússia tem recursos naturais e tem bom material humano; mas tem uma demografia negativa e está pouco diversificada em termos industriais;

A China tem uma enorme demografia, pessoal qualificado e mão-de-obra baratíssima; mas não tem recursos energéticos e está á beira de uma catástrofe ecológica que lhe pode ditar a morte pela fome.

O Brasil tem (como a Rússia) enormes recursos naturais e uma economia que tudo produz, desde sandálias a aviões; mas tem uma taxa de pobreza e de criminalidade assuatadora, sem grandes perspectivas de melhorar.

A Índia tem recursos naturais (mas nada de especial) e gente altamente qualificada; mas tem índices de pobreza assuatadores e tem sempre a possibilidade de se envolver numa guerra nuclear com o vizinho Paquistão.

É um problema.

PortugueseMan disse...

Já que foram colocados aqui alguns artigos coloco também um. Cada um de nós acaba por escolher um artigo que mais se aproxima das nossas ideias.

BRIC Summit Sees End of Dominance of U.S. Dollar

...These four countries collectively amass twenty-five percent of the planet's land surface, contain approximately 40% of the world's population and have a combined GDP exceeding $15 trillion, a figure larger than that of the United States...The BRIC has just held its first summit, and has emerged with a pointed gun aimed at the U.S. dollar...With a growing perception among key economic players across the globe that the U.S. budget deficits are raging out of control and will inevitably spark high levels of inflation, this new power bloc is already planning for the day after the supremacy of the once might American greenback has been terminated.

http://www.huffingtonpost.com/sheldon-filger/bric-summit-sees-end-of-d_b_216463.html

Este é para mim o assunto mais importante neste encontro BRIC, o pôr em causa o dólar como moeda mundial e única.

O impacto de deixarmos de ter o dólar como a única moeda de referência é na minha opinião um completo desastre para os EUA, pondo directamente em causa a sua supremacia a nível planetário.

E aqui entra a àrea a que eu mais atenção dedico. Até onde estão os EUA dispostos a irem para garantir a continuação da sua supremacia?
Considero esta a maior ameaça que temos pendente e que vai afectar o mundo inteiro.

Foge um bocadinho do âmbito deste blogue mas é dificil separar as coisas.

Anónimo disse...

ESSE BRIC É UMA FALÁCIA...PAÍSES TOTALMENTE DIFERENTES, INTERESSES DIFERENTES, TUDO DIFERENTE! SÓ UMA ACÉFALO PRA ACHAR QUE ESSA "ORGANIZAÇÃO" TEM ALGUMA INFLUÊNCIA NO MUNDO.

Anónimo disse...

PM

Como você considera a situação dos EUA pior que da Rússia se a recessão que os russos estão sofrendo é pior que dos americanos? Totalmente ilógico isso...

Zé Carlos disse...

Uma das grande desvantagens que a Rússia possui para o futuro é a sua forte contração populacional. Imagine, futuramente, uma China e uma Índia com mais de 1 bilhão de pessoas (cada uma) e um Brasil com 300 milhões perto de uma Rússia beirando os 90 milhões em 2050?
Apesar do PM, achar que a Rússia sempre fez tudo certo e que sempre está no caminho correto de tudo, creio que não vai adiantar nada ficar acumulando entulho militar se não se preocupar em povoar as imensas terras desertas do leste que estimulam a cobiça dos chineses há anos.

Anónimo disse...

Como europeus todos nós devemos torcer pelo grande futuro da Russia que é uma naçao branca



N. braga

Anónimo disse...

"Como europeus todos nós devemos torcer pelo grande futuro da Russia que é uma naçao branca



N. braga"

A RÚSSIA É BRANCA.

OS PORTUGUESES NÃO! SÃO NA VERDADE ÁRABES MISTURADOS COM JUDEUS..


ALÉM DISSO, A CHINA ESTÁ DESTINADA A SER A MAIOR POTÊNCIA DA HISTÓRIA DA HUMANIDADE.

PortugueseMan disse...

Como você considera a situação dos EUA pior que da Rússia se a recessão que os russos estão sofrendo é pior que dos americanos?...

É pior? faço-lhe exactamente a mesma pergunta, invertendo os países. Explique-me em que se baseia para dizer isso.

PortugueseMan disse...

Uma das grande desvantagens que a Rússia possui para o futuro é a sua forte contração populacional...

Isso é uma consequência das dificuldades de se viver na Rússia, com todas as voltas que tem dado.

Dizer que vai ter 90 milhões em 2050, ou que vou acertar na lotaria no próximo ano, vai dar ao mesmo.

Podemos dizer que baseado nos actuais valores a MANTEREM-SE, teremos em 2050 um valor aproximado de x.

Mas a situação inverte-se se houver melhoria de condições de vida por exemplo. Também poderá haver um fluxo de imigração de países vizinhos que tenham piores condições de vida.

Já agora sabe-me dizer qual o panorama actual? a contração populacional está a acelerar, a regredir, mantem-se igual... isto sim é que era uma boa informação para se dizer, em vez de afirmarmos que em 2050 temos 90 milhões.

...Apesar do PM, achar que a Rússia sempre fez tudo certo e que sempre está no caminho correto de tudo...

Se não se importa, indique-me onde é que eu disse isso.

Sérgio disse...

Caro PM não precisa de dizer, isso retira-se das suas intervenções. Cumprimentos.

PortugueseMan disse...

Desculpe Sérgio, mas não pode dizer isso.

Eu não ando a dizer que a Rússia faz tudo certo. Mas posso dizer que existem muitas pessoas que dizem mal de tudo o que é russo apenas por dizer e sem base para defenderem o que dizem.

Pode dizer-se sim que eu defendo os meus pontos de vistas e que os considero sempre certos, até que alguém me convença que estou errado. Mas tem mesmo que convencer,não é com tiradas de que isto é assim ou assado. Gosto muito do "é assim porque..."

Anónimo disse...

Há ainda muita gente a adorar os EUA e a querer que mantanham o seu domínio no mundo. É por isso que não perdoam qualquer crescimento da Rússia ou quem quer que seja que lhes faça frente.

Deolinda

Anónimo disse...
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