sexta-feira, novembro 13, 2009

Mais uma nova ideia na mensagem de Medvedev

A política externa da Rússia deve ser exclusivamente pragmática e ajudar a resolver os problemas internos do país, declarou Dmitri Medvedev na mensagem à nação, pronunciada hoje no Kremlin.
“Como se costuma dizer, não devemos fazer figura de maiores. Estamos interessados na entrada de capitais, de novas tecnologias e ideias inovadoras no país. Sabemos também que os nossos parceiros contam com a aproximação à Rússia para a realização das suas tarefas prioritárias. Por isso, a nossa política externa deve ser exclusivamente pragmática”, precisou Medvedev.
O Presidente russo ordenou ao Governo elaborar “critérios de avaliação dos resultados da política externa na solução das tarefas internas do país”, nomeadamente no campo da “modernização e do salto tecnológico”.
Medvedev defendeu o reforço das Nações Unidas, considerando-as um “mecanismo universal para a elaboração de abordagens colectivas”.
“Iremos contribuir para que a ONU reforce as suas posições. No campo da segurança, os principais esforços devem ser agora concentrados no Tratado de Garantia da Segurança Europeia”, acrescentou.
Ele assinalou que a elaboração jurídica do princípio da indivisibilidade e segurança na região euro-atlântica “torna-se um imperativo para nós, bem como a elaboração dos mecanismos de realização que advêm desse compromisso”.
Trata-se da segunda “mensagem à nação” dirigida por Dmitri Medvedev, devendo-se assinalar que este tipo de diálogo do Presidente russo se concentra cada vez mais nos problemas internos do país.
Além disso, Medvedev tentou inovar, em relação aos seus precedentes no cargo: Boris Ieltsin e Vladimir Putin, elaborando a sua comunicação com base num artigo seu: “Em frente, Rússia!”, publicado na Internet, e nas mensagens que lhe foram enviadas por cidadãos russos.
P.S. A retórica imperial, agressiva foi substituída pelo pragmatismo. Se isto se concretizar, a política externa russa vai conhecer fortes mudanças, o que não significará que ela vá ser mais fácil para o chamado Ocidente. Muito vai depender da capacidade da diplomacia russa de realizar esta nova política, pois terá de abandonar muitos dos "tiques soviéticos" e saber trabalhar em sociedades modernas. Por exemplo, utilizar as vantagens da sociedade de informação.

4 comentários:

Cristina disse...

Gazeta.Ru / Vedomosti

MEDEVEDEV PROCURA PONTO DE APOIO PARA MODERNIZAR A RÚSSIA

Dmitry Medvedev procura um ponto de apoio para modernizar a sociedade russa, escreve hoje a imprensa local ao analisar o discurso de ontem do chefe de Estado.
O plano de modernização que Medvedev esboçou na passada quinta-feira não corresponde ao diagnóstico que fez da situação nacional. Por um lado, reconheceu que a modernização “é uma questão de sobrevivência” para a Rússia mas, por outro, propôs um “tratamento local e homeopático”.
O politólogo Gleb Pavlovski considera que “em certo sentido, foi uma mensagem do presidente ao Governo, uma mensagem de Medvedev a Putin”.
No seu discurso, o chefe de Estado formulou realmente tarefas específicas para o Governo e até mencionou uma série de produtos e serviços concretos, começando pelo número de mísseis Iskander e terminando na divulgação da Internet de banda larga e na construção de "edifícios inteligentes" para escolas.
Essa nova orientação de um documento político talvez faça sentido: No entanto, no actual sistema político, (que Medvedev, ao que tudo indica, não vai mudar) o Parlamento não pode ser considerado um agente adequado de mudança, limitando-se este, de facto, a aprovar decisões já tomadas por outros.
O problema fundamental de Medvedev é a audiência, a base política de apoio. É provável que nalguns departamentos do Kremlin exista uma equipa de correligionários seus, dispostos a deixar de lado as razões conjunturais para fazer o país avançar, mas não sabemos nada a seu respeito. Até ao momento, os comunistas foram os únicos que, de forma directa e pela primeira vez na história pós-soviética da Rússia, ofereceram apoio político ao presidente. Tal significa que a bancada parlamentar comunista percebeu a solidão de Medvedev.
Rendamos tributo a esta reacção instantânea mas reconheçamos que se trata de um sintoma alarmante. Os comunistas dificilmente perseguem os mesmos objectivos que o presidente. O mais provável é que desejem retirar da situação algumas vantagens imediatas.
Será que resta mais alguém? Os analistas mais benévolos constatam que as palavras “peritagem” e “perito” figuram entre os termos mais utilizados no discurso presidencial mas, com todo o respeito pela satisfação dos tecnocratas, é praticamente impossível imaginar uma comunidade de peritos como força política disposta a apoiar Medvedev.

Tradução: Cristina Mestre

PortugueseMan disse...

Cara Cristina,

Obrigado pelo trabalho que teve pela tradução.

Cumprimentos.

Anónimo disse...

Será que com isto Medvedev quer também dizer que vão parar de distribuir passaportes russos aos ucranianos na Crimeia?

António Campos

anónimo russo disse...

" António Campos disse...
Será que com isto Medvedev quer também dizer que vão parar de distribuir passaportes russos aos ucranianos na Crimeia?

António Campos"



Vão parar, vão parar, sr. Campos. Acalme-se, tome o remédio e và dormir. Por sinal, esteve alguma vez na Crimeia?