segunda-feira, dezembro 21, 2009

Numerosos russos continuam a simpatizar com Estaline, mas maioria não quer ver dirigente desse tipo no Kremlin


Continua a ser maior o número dos que fazem uma avaliação positiva da actividade de José Estaline, ditador comunista que dirigiu a União Soviética entre 1824 e 1953, revelam sondagens publicadas hoje, dia do 130º aniversário do seu nascimento.

Segundo o Instituto de Estudos da Opinião Pública (VTSIOM), 37 por cento dos russos avaliam a acção de Estaline como positiva, dos quais 26 sentem por ele respeito, 08 por cento, simpatia e 03 por cento, admiração.

Do lado oposto, 24 por cento dos russos têm um sentimento negativo face ao ditador comunista, 13 por cento dos quais detestatam-no, 06 por cento têm medo e 05 por cento, repulsa.

O estudo mostra que José Estaline é bem mais popular entre os idosos do que no seio das camadas jovens.

Quanto às qualidades de Estaline enquanto líder, 54 por cento dão-lhes uma nota alta, 25 por cento consideram-nas médias e apenas 08 por cento baixas.

35 por cento dos inquiridos reconhecem que Estaline foi um tirano cruel, culpado da destruição de milhões de pessoas, enquanto que o mesmo número lhe atribui o principal papel na vitória na Segunda Guerra Mundial.

O VTSION chama a atenção para o facto de, entre 1998 e 2009, ter aumentado o número de respondentes, de 16 para 21 por cento, que considera o ditador comunista “sábio líder”, crescendo mais depressa ainda, de 28 para 35 por cento, a quantidade de russos que vêem nele um “tirano cruel”.

A sondagem mostra que, entre 2005 e 2009, subiu de 52 para 58 por cento o número de russos que não querem ver um político do tipo de Estaline no Kremlin.

Esta sondagem mostra que a Rússia continua fortemente dividida no que respeita à sua história.

A conhecida defensora dos direitos humanos Liudmila Alekseevna sublinha, numa entrevista ao diário Rossiskaia Gazeta, que “nós não temos o direito de esquecer os fusilados, as vítimas do terror estalinista”, sublinhando que o seu número é comparável ao dos soviéticos que tombaram na Segunda Guerra Mundial (1939-1941).

Depois de constatar que “o genocídio do próprio povo é um facto sem precedentes na história”, Liudmila Alekseevna, acrescenta que também o estalinismo está na origem do actual atraso científico da Rússia.

“Estaline liquidou a genética, determinou o nosso atraso de muitos anos no campo da cibernética, que ainda não conseguimos superar. Além disso, ele provocou graves prejuízos à ciência ao prender e assassinar muitos cientistas conhecidos”, frisou.

Os comunistas, pelo seu lado, foram hoje depôr flores no jazigo do ditador, que se encontra na Praça Vermelha.

“Os maiores êxitos da era estalinista continuam a ser a base de apoio da Rússia actual”, considera Ivan Melnikov, membro do Comité Central do Partido Comunista da União Soviética.

O analista político Boris Tumanov considera que “qualquer discussão sobre o papel de Estaline na história da Rússia não tem sentido, porque se discute não sobre um homem que realmente existiu, mas sobre um mito que foi inventado pelo próprio líder e mestre”.

P.S. À medida que as gerações mudarem e se a Rússia não enveredar por um novo regime repressivo, os admiradores de José Estaline irão diminuir. Tanto mais se foi deixada aos historiadores analisarem imparcialmente esse período da história soviética.

Recentemente, na televisão russa, voltei a ver um filme chamado "O testamento de Lénine", baseado na biografia e obra de Varlam Chalamov, um dos maiores escritores e poetas do séc. XX. Leiam os seus "Contos de Kolimá". Fiquei ainda mais convencido que o comunismo não foi mais humano, nem tem melhor explicação do que o fascismo. Trata-se de duas ideologias que se encontram por serem extremas. Em situação alguma, qualquer uma dessas ideologias conduziu apenas a regimes sanguinários e ditatoriais.

Não estando contente com o actual estado das coisas no mundo, não recomendo, mesmo assim, fazer novas experiências com essas ideologias, porque o preço dos primeiros ensaios foi tenebroso.

Deixo aqui apenas uma das ideias de Varlam Chalamov: os campos de concentração foram criados pelo regime comunista soviético. O primeiro abriu em 1921, ou seja bem antes da chegada de Hitler ao poder e quando ainda Vladimir Lénine governava a União Soviética...

74 comentários:

MSantos disse...

Nós portugueses sofremos os mesmos complexos com "o velho" e creio que em todos os países que tiveram ditadores sofrem do mesmo.

Tenho uma tia muito idosa que sofreu muito, pois o marido, meu tio, foi torturado e esteve preso durante 4 anos por delito de opinião e hoje diz que era necessário outro Salazar.

Mas creio que se fosse confrontada realmente com essa hipótese já não manifestaria esse entusiasmo.

Cumpts
Manuel Santos

MSantos disse...

E José Milhazes

Sobre a sua condenação a estas "sociedades alternativas" que estou totalmente de acordo e subscrevo, continuo na minha:
só apontou as ditaduras e engenharia social da esquerda, mas também as houve de direita, embora mais suaves e inteligentes mas não menos implacáveis e condenáveis.

Cumpts
Manuel Santos

Anónimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Felipe Pinheiro disse...

Prezado José Milhazes,

Acho um erro sua equiparação do comunismo ao nazismo. Pela sua justificativa, você está relacionando estas ideologias por apenas dois aspectos: a existência de campos de concentração e por serem extremas. Acho esta justificativa bastante frágil.

Você está confundindo o comunismo com a experiência soviética, e, mais precisamente, com o modelo stalinista. Você sabe que, de acordo com Marx, o ideal comunista almeja a construção de uma sociedade sem classes, e que isso somente será possível quando os trabalhadores conquistarem o controle dos meios de produção, e administrarem a economia coletivamente, de modo racional e planejado (em contraposição ao mercado). Em minhas palavras, o comunismo é um conceito mais avançado de democracia, pois democratiza também o poder econômico, e não somente o político, como no capitalismo. Pois bem, onde estão os campos de concentração? Onde está o extremismo (admito que este conceito é extremamente relativo)? Se os soviéticos enveredaram para uma ditadura, foi por questões políticas e circunstanciais próprias.

Já em relação ao nazismo, o totalitarismo e a superioridade da raça ariana (“que tem que conquistar e submeter as raças inferiores”) já estão contidos na própria ideologia. Estes ideais, por si só, conduziriam ao Holocausto.

E mais, você não pode colocar “na conta” do comunismo, as mortes provocadas pelo período de guerra civil da Revolução Russa, que vai do estopim da revolução (1917) até a criação da URSS (1922). Durante esta guerra civil, o Exército Branco teve o reforço de tropas de 14 países (entre eles, EUA e Japão). Se for assim, deverá ser colocada “na conta” do capitalismo, todas as mortes provocadas pelas revoluções burguesas.

Também não pode ser colocada “na conta” do comunismo, as mortes provocadas pela ditadura stalinista. Pois, se assim for, também deverá ser colocada “na conta” do capitalismo todas as mortes provocadas pelas ditaduras militares latino-americanas (entre tantas outras mundo afora), todas sob o modelo econômico capitalista.

Anónimo disse...

Stalin é um desgraçado.

Nuno Santos disse...

Só uma pequena correcção:

Os campos de concentração foram inventados pelos ingleses na guerra com os boeres. Eu sou anti-qualquer tipo de ditadura fascista ou comunista mas os campos de concentração foram inventados por uma das democracias mais antigas...

Quanto a Staline foi o ditador mais sanguinário do século XX e matou o próprio povo o que é ainda menos compreensível..

Unknown disse...

Qual o motivo da existência da ideologia marxista? Ideologia é o correto para designar essa coisa. Dominou a metade do globo, espaço e pessoas, por bom tempo. Como foi permitido um desvario desse tipo na história? Qual Teologia pode resistir a um fenômeno dessa natureza?

E o nazismo?

"O MUNDO JAZ NO MALIGNO", ou:
"TUDO O QUE É COMPOSTO ESTÁ SUJEITO A CORRUPÇÃO"; e ainda: "OS DEUSES FIZERAM OS HOMENS APENAS PARA JUDIAR DELES". Acreditar tem o peso específico de negar.

"JESUS FOI PRETERIDO À BARRABÁS".

A profissão mais difícil do mundo deve ser a de Teólogo.

Jest nas Wielu disse...

De facto, foi um regime brutal e desumano sem precedentes, só para terem uma pequena ideia: enquanto Álvaro Cunhal defendeu na cadeia a tese de doutoramento (salvo erro), sobre a problemática do aborto, os presidentes da Letónia, Lituânia e Estónia (países invadidos em 1940), morreram nas cadeias & campos de concentração soviéticos, sem se saber onde estão sepultados os seus corpos…

p.s.
Até Ahmedinejad exige que a Rússia paga uma compensação pela ocupação do Irão nos anos 1941 – 1946:
http://news.mail.ru/politics/3186366

e essa, ehm?!!!

Jest nas Wielu disse...

Jovens “comunistas” russos na porta de McDonalds:
http://drugoi.livejournal.com/3125246.html

quem entende as coisas, saberá que nada mudou, nos tempos soviéticos, os trabalhadores também iam tomar 777 ou as cervejolas por trocos que costumavam ganhar pela participação nas manifestações (quem carregava os retratos, recebia 3 – 5 rublos, dependendo do tamanho físico e o “peso” político do líder estampado no retrato).

Da Rússia, de Portugal e do Mundo disse...

Caro Felipe Pinheiro, não foram Marx e Engels que preconizaram a "luta de classes", luta essa que previa a vitória de uma e o esmagamento das restantes? Teoricamente, o marxismo e, depois, o marxismo-leninismo prometiam mundos e fundos, garantindo, nomeadamente, a transição do capitalismo para o socialismo. O determinismo político e social é simplesmente impressionante. Na prática, porém, as coisas mostraram não ser assim em toda a parte onde essa ideologia tentou ser imposta.
O capitalismo pode ser muito imperfeito, para não empregar algo mais duro, mas o marxismo e o marxismo-leninismo não lhe criaram alternativa ou alternativas.
Posso aceitar que o único êxito do marxismo, e mesmo esse de forma parcial, foi a social-democracia.

Luciano disse...

Sublinho também que os campos de concentração foram criados pelos ingleses na guerra contra os boers, em 1906. Penso que seria muito mais proveitoso para os historiadores, do ponto de vista científico, analisar o fenómeno da ascensão dos regimes totalitários, neste caso, o fascismo e o comunismo, como dois casos extremos de autocracia que sempre floresceram na história da humanidade quando se reunem determinadas condições. Concentração de todo o prestígio em torno de um líder (homem-providencial), purgas internas e externas, construção de uma máquina militar, imperialisnmo, perda de controlo sobre as respectivas polícias secretas.

Pippo disse...

"Posso aceitar que o único êxito do marxismo, e mesmo esse de forma parcial, foi a social-democracia."

E a alfabetização, não esqueça a alfabetização.

Felipe Pinheiro disse...

José Milhazes, sou comunista porque acredito no seu ideal, ou seja, em uma sociedade sem classes, sem opressores, nem oprimidos. Acredito que este ideal tornaria nossa sociedade muito mais fraterna, justa e solidária, que é o que sonho. Acho que o capitalismo (mais precisamente o neoliberalismo) está conduzindo a humanidade para um caminho completamente oposto. Acho ainda que a chamada “3ª via” (social-democracia e o trabalhismo) são até auto-sustentáveis, mas são limitados. Entretanto, não vou entrar no mérito do combate sem fim entre comunismo e capitalismo. Entendo que, no fim das contas, se trata de uma opção de alinhamento moral. E, em se tratando de moral, não existe certo nem errado. O certo ou errado é determinado pelo julgamento da maioria (ou deveria ser).

A questão que quero tratar é de diferenciar o comunismo em si e os meios para alcançá-los. Marx tratou da luta de classes como sendo a principal causa das revoluções da história da humanidade. Foi assim na Revolução Francesa, que foi uma revolução burguesa (e, portanto, capitalista) e que moldou o mundo em que vivemos hoje. Não seria diferente em uma eventual transição do capitalismo para o comunismo.

É óbvio que é extremamente desejável uma revolução pacífica, pelas vias democráticas (ainda que seja pelo desequilibrado jogo eleitoral capitalista). Mas será que é possível? Entendo que para saber se é possível, ela deve ser tentada e esgotada. A história recente (principalmente na América Latina) tem demonstrado que sempre que a esquerda (mesmo que não seja comunista) é eleita democraticamente, ou ela sofre um golpe de estado patrocinado pela direita, ou ela muda de lado (seja para manter a “governabilidade” para não sofrer um golpe, seja por ter se vendido mesmo).

Ainda é cedo para analisar os casos atuais dos países latino-americanos mais progressistas, como Venezuela, Equador e Bolívia. Apesar de se declararem socialistas, até o momento, todas são de cunho social-democrata (o que no meio de um oceano de países neoliberais, são consideradas pela grande mídia como de extrema-esquerda). O certo é que a ascensão das atuais lideranças destes países somente foi possível devido a graves rupturas sociais em conseqüência da insatisfação popular contra o neoliberalismo, como foi, por exemplo, o chamado “Caracazo”ocorrido na Venezuela, além de movimentos semelhantes nos outros dois países.

Anónimo disse...

Já que se fala da Venezuela, aqui está mais uma tentativa moderna de engenharia social: Hugo Chavez tenta a pequenos passos implantar o socialismo e nós vemos o descalabro que isso está a originar (e que era de prever) e as frustrações e mesmo violência que está a gerar na sociedade. Basta falarmos com os actuais imigrantes portugueses na Venezuela e ouvirmos o que eles acham do presidente do país. Chavez é um bom exemplo como os comunistas começam de mansinho, com boas intenções e depois, se não os travam, acabam numa ditadura igual ou pior que as outras...
José L.

Da Rússia, de Portugal e do Mundo disse...

Caro Felipe Pinheiro, estou de acordo que a Humanidade necessita e alternativas ao actual desenvolvimento, desenfreado, muitas vezes desumano e cruel. No entanto, considero que o marxismo ou o marxismo-leninismo sejam alternativas, porque já não o foram e acho insensato trilhar várias vezes o mesmo caminho depois de se constatar a um beco sem saída.
A Venezuela é mais um triste exemplo de como um caudilho sul-americano utiliza o socialismo e a igualdade social como formas de impor uma nova ditadura. Não se pode responder a um regime mau com um ainda pior, com consequências nefastas para quase todas as camadas sociais.
O Pippo diz que a alfabetização é mais um êxito do marxismo-leninismo, mas estou apenas parcialmente de acordo. Como é sabido, o próprio desenvolvimento capitalista obriga ao melhoramento e alargamento do ensino a todas as camadas sociais, pois necessita de mão de obra cada vez mais especializada e instruída.
Além disso, o ensino nos regimes comunistas era e é altamente controlado, pois caso não o seja, as pessoas descobrem que há outros países onde se vive melhor.
Na URSS não havia analfabetos. Você tem toda a razão, mas sabia que os soviéticos podiam ser castigados por lerem a Bíblia ou outros livros perigosos. Eu estudei na Faculdade de História da Universidade, onde o estudante podia consultar, a partir do 1º ano, a Biblia na biblioteca com uma autorização escrita do decano. Nas restantes faculdades, por exemplo na de Filosofia, só se conseguiria autorização em anos posteriores.
O Pippo sabe também como eu que é impossível entender o que quer que seja da cultura, da pintura da Idade Média e do Renascimento sem os conhecimentos mínimos da Bíblia.
O saber ler e escrever ainda não dá acesso à cultura, ao conhecimento, se não existirem instrumentos que permitam isso.
Na Coreia do Norte não há analfabetos, e depois?
Na Coreia do Sul, há analfabetos? Se é que há, significa que a segunda é menos desenvolvida que a primeira.
No meu texto, cito uma defensora dos direitos humanos que chamou a atenção para o duro golpe desferido por Estaline na ciência soviética ao proibir a genética e a cibernética.
Por isso, a alfabetização é apenas uma das fases da caminhada para o conhecimento, a primeira, que necessita de continuidade, só possíveis em sociedades livres e democráticas.

Da Rússia, de Portugal e do Mundo disse...

Caro MSantos, a engenharia social das ditaduras de direita e as suas consequências são bem mais conhecidas do que os resultados do estalinismo. É porque ainda há pessoas que consideram que, por exemplo, Estaline e o Partido Comunista venceram a 2ª Guerra Mundial, o que não é verdade. Não fora a política incompetente e criminosa do ditador comunista e da sua polícia política, os nazis talvez tivessem ficado muito longe de Moscovo e de Leninegrado.
Ao analisar a política das ditaduras de esquerda, não significa que apoio as de direita. Simplesmente estamos a falar da Rússia...

MSantos disse...

Independentemente da monstruosidade dos regimes comunistas e do falhanço desta mesma ideologia quer no plano social e económico (não compatível com a natureza humana), a actual equiparação que se está a verificar deste em relação ao nazismo vem de sectores políticos actualmente radicalizados e cujo único propósito final é afastar (ilegalizar de vez) todo o quadrante político à esquerda do centro-direita, se possível contendo o socialismo que aqui tivemos em Portugal e mesmo a social-democracia (mais próxima do actual PS), reduzindo o espectro político disponível aos sectores restantes e establecendo isto como verdade absoluta final, criminalizando tudo o resto.

Esta é a nova "democracia" que estes senhores estão a tentar construir e tal como o comunismo foi a grande ameaça mundial até aos anos 80, esta é o perigo claro e imediato, tal como o título do romance de Tom Clancy.

Cumpts
Manuel Santos

MSantos disse...

Sem dúvida José Milhazes.

Tivessem Tukachevski e outros valorosos generais sobrevivido ao "bigodes" e provavelmente Hitler nem sequer teria iniciado a operação Barbarossa.

Cumpts
Manuel Santos

Anónimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anónimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anónimo disse...

É só comparar Coréia do Sul e Japão com a Coréia do Norte.


Não preciso dizer mais nada.


O capitalismo e a democracia são de longe MUITO SUPERIORES.

Anónimo disse...

O problema com os filósofos políticos nos quais muita gente ainda acredita, tais como Marx, Engels e mesmo Lenine, é que o seu conhecimento de biologia e zoologia era limitado, senão inexistente. Para entender o comportamento dos humanos humano e os sistemas sociais nos quais estes se integram, é necessário compreender as suas raízes biológicas. É por isso que zoólogos como Desmond Morris ou biólogos como Richard Dawkins (que apresentou a sua extraordinária tese sobre a base molecular do egoísmo há quase 36 anos) fazem muito mais sentido a explicar o comportamento social do que a maioria dos cientistas sociais.

O cerne da questão é a natureza humana e a sua imutabilidade, que só se contraria através de milhares de anos de imprevisível evolução biológica. Tal como todos os outros animais, o ser humano é egoísta, fundamentalmente por uma questão de sobrevivência biológica. Na medida das suas capacidades físicas e intelectuais, tenderá a apropriar-se do máximo possível de bens materiais que garantam a sua sobrevivência, se necessário, em detrimento de outros seres humanos (e do ambiente em geral).

Daí que a noção de posse ou propriedade é uma característica biológica inerente aos seres humanos e não é passível de ser alterada através de “engenharias sociais”. É essa uma das razões pelas quais as teorias que advoguem a abolição da propriedade privada acabaram em desastre, uma vez que, consistentemente, as revoluções “comunistas” não passaram de maciças transferências de propriedade de umas pessoas para outras (ainda que muitas vezes disfarçadas sob a capa de nomes bonitos). Lembro-me de ver há uns tempos um velho documentário a preto e branco dos tempos da nossa revolução, que retratava episódios da “reforma agrária” no Alentejo. Na sequência da expropriação de um latifundiário, os camponeses divertiam-se, diante das câmaras, a rebuscar as cómodas da esposa e a roubar as roupas “bonitas” dos donos da casa. Ou seja, longe de ter quaisquer objectivos de justiça, a motivação dos “oprimidos” não se revelava mais do que a aspiração, naturalmente humana, de trocar de lugar com os “opressores”.

Anónimo disse...

Outro excelente exemplo do egoísmo biológico a que me refiro foi-nos dado há tempos por um qualquer comentador deste blogue, quando afirmou, indignado e num claro deslize freudiano, que não tinha nada que pagar para dar prendas aos filhos dos outros. Tais comportamentos tornariam, de qualquer forma, a colectivização da propriedade material numa aberração que, como se viu, conduziu sempre a comportamentos sociais desastrosos.

Outro erro fundamental de Marx é que este não foi capaz de analisar a origem do que se convencionou chamar “classes”. Ora uma classe não é mais do que um grupo de indivíduos cuja capacidade de produzir é limitada pelas suas capacidades físicas/intelectuais. Um pedreiro pode assentar tijolos lindamente mas dificilmente será capaz de gerir uma unidade de produção ou de absorver informação que lhe permita tomar decisões informadas que afectem o colectivo. Vem-me à memória o período revolucionário russo, quando se convencionou que tudo seria dirigido por comissões e a votos (até o exército!), o que resultou, na maior parte das vezes, na total paralisação das actividades supostamente geridas pela vontade popular. Por outro lado, os proletários mais inteligentes ou que decidam educar-se, motivados pelo seu egoísmo biológico, acabavam por dominar as organizações e tornar-se nos novos “patrões”, em benefício próprio, criando uma nova “classe”.

O resultado: tendo em conta a natureza individualista humana e as diferenças de capacidades pessoais, uma “sociedade sem classes” será sempre impossível de atingir. Muitos argumentam que o caminho para o comunismo terá sido desvirtuado a meio pelas ambições pessoais de indivíduos como Estaline, sendo o socialismo soviético uma distorção desumana destes ideais. Mas a verdade é que, com Estaline ou sem ele, o resultado teria sido sempre o mesmo. Todas as “jornadas para o comunismo”, sem excepção, resultaram em aberrações monstruosas, um bocadinho com o que acontece com o celibato dos padres católicos. Não funciona e não há nada a fazer. É contra a natureza humana.

Entendendo a natureza humana, o caminho para a prosperidade é fácil de desenhar. Ainda que a palavra tenha um tom depreciativo, o egoísmo não é necessariamente mau. A “Nova Política Económica” de Lenine (a vindicação do conceito do egoísmo ao serviço do colectivo) tirou a Rússia do desastre causado pela abolição da economia de mercado. Só foi pena que este sinal de alarme não tivesse soado suficientemente forte na cabeça dos bolcheviques ferrenhos para que estes abandonassem os seus devaneios lunáticos de aplicar uma prensa ao tecido social.

Melhor ou pior, as social-democracias trouxeram prosperidade aos seus constituintes, porque ao invés de pretenderem mudar o homem, aceitaram as suas características e construíram um sistema que funciona com elas, e não contra elas. Uma sociedade que respeita a propriedade e na qual o egoísmo é aproveitado na sua faceta socialmente positiva, através da criação de riqueza pelo respeito e apoio à iniciativa privada, e controlado no seu lado socialmente negativo, através de legislação, tribunais, polícia e impostos. E acima de tudo, uma sociedade onde se recompensa o mérito e não considera que todos são pura e simplesmente iguais, a não ser perante a lei. Os melhores são recompensados e os mais fracos são protegidos pela redistribuição fiscal da riqueza criada.

António Campos

Da Rússia, de Portugal e do Mundo disse...

Caro António Campos, obrigado pelas excelentes observações.

Anónimo disse...

"Para entender o comportamento dos humanos humano e os sistemas sociais nos quais estes se integram, é necessário compreender as suas raízes biológicas", António Campos.

O sr. está certo.

O problema é que após o final da II guerra mundial, criou-se a ideia fantasiosa que os homens são iguais, o que é completamente falso.

A diferênça de desenvolvimento no mundo actual é muito mais uma questão biológica/racial do que social

Sr. Milhazes, o sr. afirma que a URSS deliberadamente "proibiu" a pesquisa sobre a ciência genética, sim é verdade, mas o sr. tambem já disse há alguns anos(não muitos) que não liga nenhuma a tamanho de cranios nem QI que isso não tem importância nenhuma..

admiro a sua coerência..

já agora, e se quiser responder, o que me diz sobre o facto de nos EUA os indices de QI estarem a baixar todos os anos, e literalmente, a população americada estar ano após ano cada vez mais estupida?

não acha que isso poderá estar relacionado com a diminuição do racio dos europeus na população desse país?

vivo nos EUA e neste momento o socialismo under barack obama já está a ser construido, sabe porque?

necessidade,

é que as minorias que brevemente serão maioria não têm chance em competir com euro-americanos, daí a origem do sistema de cotas, afirmative action, leis contra o "ódio" às minorias etc.


ps:fiz questãod e não falar do caso do brasil, nordeste vs sul, para não abalar aqui os sennsiveis politicamente correctos.

Edgar Damas.Illinois.

Jest nas Wielu disse...

2 Manuel Santos

Não é por nada, mas não deve esquecer que Tukhachevsky foi derrotado pela Józef Piłsudski na batalha de Varsóvia. E a Polónia de 1920 não era a Alemanha de 1939…

Mas no geral, não era um mau oficial, embora também não devemos esquecer, que foi ele que comandou o esmagamento sangrento do levantamento campesino em Tambov (vejam http://en.wikipedia.org/wiki/Tambov_rebellion), durante o qual o exército vermelho usava os gases venenosos (sim, gases venenosos) e foram criados 7 (!) campos de concentração…

Anónimo disse...

Caro José, é sempre um prazer!

Cristina disse...

António

Comentário brilhante!
Vai de encontro ao que sempre pensei, intuitiva ou racionalmente, depois de viver nos dois sistemas.
Um abraço!

Anónimo disse...

Só um pequeno aparte:

Para que conste, antes que os supremacistas brancos comecem aqui a distorcer algum dos meus comentários relativamente aos fundamentos biológicos do comportamento, quero sublinhar que o que afirmei não tem rigorosamente NADA que ver com questões raciais.

Especificidades raciais não são para aqui chamadas nem são de todo relevantes para a base do raciocínio que expus.

António Campos

Luciano disse...

Caro M.Santos,

Penso que levantou a questão mais interessante que se pode suscitar a respeito da teoria dos sistemas políticos. Mais, esta é a batalha de sempre no universo cultural humano: Platão contra Aristótles, Hobbes contra Rosseau, natureza contra razão. Porém penso que está a "pegar" na questão do lado errado, nomeadamente, a natureza humana. A natureza, em geral, e particularmente a humana, não pode ser o exemplo e ponto de partida para as construções humanas, tão só porque os seus pressupostos são diferentes, ignotos e indiferentes àquilo que aspiramos. Podemos mesmo dizer que o fenómeno da sociedade, no qual podemos incluir todas as construções abstractas de que o homem sempre se muniu, foi e é uma reacção, consciente ou não, contra essa violência e indiferença da natureza. Portanto, penso que a perspectiva que nos pode trazer melhores frutos, independentemente de juízos de valor, é precisamente a perspectiva histórica sobre os factos.
O marxismo, concretamente o marxismo-leninismo, aquele que foi o primeiro a sair dos manuais para a prática, encontra-se inserido nessa luta do homem contra o estado de natureza. Acontece que, inclusivé a adopção do marxismo-leninismo pelos intelectuais revolucionários russos de fins do século XIX, inícios do século XX, enquadra-se nessa tendência tão russa de viver dilacerado entre a sua natureza europeia-ocidental e a sua natureza asiática, por outro lado. Por isso, os próprios marxistas russos eram ocidentalistas, não obstante tenham procurado uma simbiose com alguns princípios do pan-eslavismo (algo que faria Dostoievski dar voltas ao túmulo). Ocdentalistas à maneira russa, manietados num sistema auto-referencial czarista que fez com que as suas posições se radicalizassem. O Czar nunca compreendeu que o encerramento completo à crítca só aprofundaria o fosso que dividia a nobreza russa da "Rússia real". Simplesmente, não podemos opor Lenine a Estaline, tanto em termos de princípios como de responsabilidade pela carnificina a que o país assistiu na primeira metade do século XX. Podemos mesmo dizer que Lenine deu o golpe de misericórdia, ao insistir na revolução armada e na passagem de "todo o poder aos sovietes", como bem ilustra John Reed na sua obra "Dez dias que abalaram o mundo". Estaline limitou-se a continuar a obra do seu pai político, quando decidiu acabar de vez com o NEP e avançar para a colectivização forçada de todas as propriedades. O projecto, só por si, era impossível, e isto nada tem a ver com a natureza humana, mas tão só porque tantos séculos de tradicionalismo ligado à terra não pode ser apagado da memória colectiva da noite para o dia. Mas repito, isto nada tem a ver com a natureza humana. Essa natureza, que ninguém pode assegurar ao certo o que seja, é sificientemente maliável para se adpatar a qualquer contexto. Mas são as necessidades concretas e as exigências da vida que a ditam, e não um qualquer édito racional imposto por um ditador. Além disto, a resitência passiva dos camponeses, que mais do que qualquer esforço intelectual foi determinante no fracasso do projecto, existia já no tempo da servidão da gleba. POr tudo isto, e julgo que não estarei só nesta opinião, o período soviético não constitui um corte assim tão radical com a história da Rússia, tendo antes, em muitos casos, recuperado linhas evolutivas que são transverais à história da Rússia.
Já no que diz respeito ao comunismo hodierno, convém não confundir as coisas. O comunismo foi uma experiência histórica refractária de uma tendência que nunca desaparecerá da história da humanidade: a luta dos oprimidos contra os opressores. Sob a aparência de uma sociedade igualitária, o capitalismo empresarial desenvolveu novas estratégias de domínio, e a reacção não se fez esperar. Diversos movimentos em todo o mundo, dos quais destaco o movimento Zapatista mexicano, lutam por uma verdadeira demcocracia e processos de globalização justa.

Luciano disse...

Peço perdão, pretendia dirigir-me a António Campos, não M.Santos.

Da Rússia, de Portugal e do Mundo disse...

Caro leitor Edgar, o estudo da genêtica e a "medição de crânios" são coisas completamente distintas.
O QI não só está a diminuir nos EUA, mas também na Europa e Rússia devido à degradação do ensino, da sua qualidade. E aqui não considero que essa degradação se deva ao aumento ou não de afro-americanos eu árabe-europeus nas sociedades.
Eu sou contra qualquer tipo de quotas, pois considero que tudo deve depender da competência.
Daí que, considerado a igualdade de todos os seres humanos uma utopia, defendo outro princípio: a igualdade de oportunidades. O Estado deve preocupar-se com isso em todos os sectores da vida. A carreira de uma pessoa deve depender, exclusivamente, dos seus dotes e qualidades, e não de militâncias em, partidos políticos, sociedades secretas, lobbis de todo o tipo.
Neste campo, acho que o mundo ocidental está a sofrer um grande retrocesso.

Anónimo disse...

Hum!!! Sensor de idéias nazista disparou!!!

Anónimo disse...

Claro que os homens não são iguais... e nem se mantem os mesmo durante a vida... ou seja, não temos as mesma capacidade nem durante nosso ciclo de vida... O problema que mesmo sendo diferente as pessoas não precisam ser umas mais pobres ou ricas que outras. Nem que umas ter que servir as outras... seja pela força física, seja pela intelectual...

MSantos disse...

Concordo em absoluto com a análise do António Campos, ressaltando o facto de que o egoísmo reflecte-se naquilo que humanamente entendemos como a propriedade e iniciativa privada e da qual não podemos prescindir (nem mesmo os comunistas embora estes o neguem, na prática revelam-se tão "capitalistas" como todos os outros pois está-nos escrito no nosso ADN) e não promovendo esse egoísmo como valor absoluto tal e qual foi durante as duas últimas décadas, razão estarmos a assistir à falência de modelos económicos que à partida eram tão promissores.

Concordo essencialmente com o que referiu:

"E acima de tudo, uma sociedade onde se recompensa o mérito e não considera que todos são pura e simplesmente iguais, a não ser perante a lei. Os melhores são recompensados e os mais fracos são protegidos pela redistribuição fiscal da riqueza criada."

...além do referido por José Milhazes:

"Daí que, considerado a igualdade de todos os seres humanos uma utopia, defendo outro princípio: a igualdade de oportunidades. O Estado deve preocupar-se com isso em todos os sectores da vida. A carreira de uma pessoa deve depender, exclusivamente, dos seus dotes e qualidades, e não de militâncias em, partidos políticos, sociedades secretas, lobbis de todo o tipo."

Esta é a grande diferença entre igualdade (positiva) e equalitarismo (redutor e destrutivo) e é a primeira que é válida.

Sei que me torno repetitivo e maçador mas o exponencial máximo da melhor justiça económica e social foi atingido nas sociedades nórdicas que revelaram tanta pujança que conseguem resistir ao neoliberalismo desenfreado (nada a fazer, António Campos, é a minha opinião).

Aproveito também para desejar a todos os leitores, participantes e anfitrião um Feliz Natal e um próspero Ano Novo.

Cumpts
Manuel Santos

Gilberto disse...

Eu entendo, Milhazes.

O senhor foi doutrinado numa linha stalinista. Para o senhor comunismo = stalinismo.

Se eu tivesse tido essa concepção, hoje seriam um fervoroso anti-comunista também.
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Quanto aos "campos de concentração". Me desculpe mas acho isso falacioso.

Tratavam-se de campos de prisioneiro. A Rússia foi invadida por 13 potências estrangeiras e estava numa guerra-civil que matou milhões de russos, além da fome e do frio...

Onde pôr os prisioneiros de guerra, traidores e conspiradores? Num hotel 5 estrelas? Ou seria melhor ter fizilados todos?

Comparar os campos de prisioneiros que haviam na Rússia de LENIN com os Campos de Concentração nazista é, na minha opinião, desonesto.

Gilberto disse...

Ahh...

E Stalin foi sim, um genocida e canalha da pior espécie. E um canalha contra-revolucionário.

Anónimo disse...

Caro leitor Luciano,

Vai-me desculpar, mas não percebi patavina do que escreveu.

António Campos

Anónimo disse...

Caro Manuel Santos,

Lamento desapontá-lo de novo, mas os exemplos nórdicos são precisamente o contrário do que advoga. Se estamos aqui sempre a ouvir falar das consequências nefastas do neoliberalismo desenfreado, convém então ter em conta que os países nórdicos são dos mais liberais e menos regulados e, na verdade, é isso que ajuda a que as suas economias sejam as mais fortes da Europa (e do mundo). O que torna a economia dos países nórdicos tão robusta são exactamente as reduzidas barreiras ao comércio livre, acompanhadas de uma reduzidíssima regulamentação tanto nos mercados de produtos como dos capitais. Os nórdicos são pioneiros na privatização dos serviços públicos. A educação na Suécia é privada; os seus sistemas de pensões são também privados; a Dinamarca quase não tem regulamentação do mercado de trabalho (e esta, hein?). Não temos aqui a receita que os “anti-neo-liberalistas” querem matar?

É interessante que uma das pessoas que frequentemente vai para o primeiro lugar da lista dos seres humanos mais obscenamente ricos do planeta (O Deripaska é um indigente ao pé deste tipo) é Ingvar Kamprad, “inventor” e patrão da IKEA, aquela tenebrosa multinacional que todos conhecemos (e somos vítimas). Eu cá sou uma vítima assumida e não me chateia nada.

A diferença é que existe nestes países um poderoso sistema de redistribuição de riqueza através da aplicação de impostos elevadíssimos, especialmente sobre o rendimento do trabalho (já que as empresas são taxadas mais ou menos ao nível dos outros países europeus). E como é possível obter riqueza para financiar estes sistemas? Além de uma elevada responsabilidade fiscal do governo, promovendo e desregulamentando a iniciativa privada.

Agora, vamos fazer uma comparação com o grande satã, mais conhecido por Estados Unidos. Tradicionalmente, como todos sabemos, a força de trabalho americana é avessa a impostos. Seria perfeitamente possível implementar um sistema de redistribuição social semelhante nesse país, uma vez que o tecido empresarial é pujante e gera riqueza de sobra para o financiar. No entanto, tendo em conta que a esmagadora maioria dos trabalhadores teria que aceitar taxas de imposto sobre o rendimento próximas de 50%, um governo que se atrevesse a propor tal reforma nunca teria hipóteses de ser eleito.

Aliás, basta lembrar o cavalo de batalha da campanha de MacCain para a presidência, onde as propostas de Obama sobre a segurança social eram transformadas no papão do “retorno ao socialismo”, que metade dos constituintes não queria nem ouvir falar. Aparentemente, muito poucos americanos gostam de dar prendas aos filhos dos outros…

Há até economistas americanos que advogam a abolição do imposto sobre os rendimentos do trabalho. Assim, se os americanos não têm um sistema tão justo e social como o dos países nórdicos é porque pura e simplesmente não o querem. Então, aguentem-se.

António Campos

Anónimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Cristina disse...

Valeu a pena ter vindo a acompanhar este blog já há uns anos...
Fico grata por ver o MSantos a concordar com o António Campos e, em geral, por ver a evolução de pensamento do primeiro.

Da Rússia, de Portugal e do Mundo disse...

Caro Gilberto, os campos criado por Lénine não eram só para prisioneiros de guerra. Em 1921, foi criado o primeiro campo de concentração para adversários políticos (eufemisticamente chamados campos de reeducação) na ilha de Solovetsk, no Mar Branco.
Nesse campo, situado num antigo mosteiro ortodoxo, estiveram detidos homens famosos como o académico Ligatchov, um dos maiores filólogos rusos do séc. XX, bem como o grande escritos Varlam Chalamov.

MSantos disse...

António Campos

Tenho de o voltar a corrigir:
A educação na Suécia é pública mas com uma forte alternativa privada para os que puderem escolher. Mas houve o cuidado primeiramente de providenciar a cobertura pública e com o mínimo de qualidade de modo a não criar a aberração social portuguesa de os alunos do privado ficarem com elevado background quer pedagógico, quer a nível de metodologia, e os do público terem um ensino deficiente e medíocre criando as novas elites e novas massas de embrutecidos entre os de menos posses. Infelizmente por cá, os neoliberais têm o descaramento e a desonestidade de defender isto.

Mais ainda: tanto na Suécia como na Noruega, se um aluno não tiver posses para estudar e tiver o mínimo de aproveitamento até então, o governo financia-lhe os estudos que o aluno virá amortizar durante os primeiros anos da sua vida profissional.

Nos EUA há um esquema semelhante desde que ingressem um mínimo de anos nas FAs.

Paralelamente às pensões privadas também existe a segurança social.

O que muitos defensores do neoliberalismo se esquecem de referir, quando apontam os serviços privados destes países é que a componente pública veio antes, está lá, é eficiente e cobre a camada da população que não pode aceder ao privado.

Como obviamente o desenvolvimento humano da população é elevado, trata-se de uma minoria, aqueles que ficam dependentes do público e este tende a passar despercebido. Infelizmente ultimamente com a crise económica muitos mais ficaram dependentes dos serviços sociais em especial e não por acaso, na Dinamarca (recordo-me de assistir a uma reportagem recente).

Existe também um sistema governamental eficaz de fiscalização que torna o crime não compensatório, isto aliado ao facto de também terem outro pilar governamental sólido: um sistema judicial justo e célere.

Por último estes povos têm um outro nível de consciência social ímpar em todo o mundo, quer a nível da consciencialização do trabalhador que tem de pagar o seu salário e dar lucro à empresa quer a nível do empresário que valoriza e estima a sua mão de obra considerando os salários acima da média que paga, um investimento com retorno assegurado.

As coisas funcionam com os nórdicos porque a sua consciência é outra. Você mesmo apontou o exemplo dos Estados Unidos, os mesmos Estados Unidos que tiveram o apogeu económico desde a 2ª guerra até à primeira crise do petrólio e aí o que funcionava era o liberalismo económico minimamente regrado e regulamentado e que estão a fazer a míséria fluorescer sob a batuta dos descípulos de Friedman, com mercados totalmente desregulados.

Como tal o neoliberalismo não funciona na maioria dos países e as provas estão à vista.

Acredito que haja quem defenda honestamente esta via por acreditar nela como parece ser o seu caso dado partilharmos objectivos finais comuns como referi no post anterior, no entanto a história recente demonstra-nos que este mesmo neoliberalismo funciona só num sentido pois quando é necessário, os EUA constituem-se na fortaleza mais proteccionista e fechada às investidas estrangeiras como foi o caso da tentaiva de compra de uma grande ptrolífera pelos chineses em 2004 e a recente batota escandalosa em que a AIRBUS, através do consórcio EADS perdeu o negócio dos aviões-tanque para a USAF depois de ter ganho o concurso.

E já agora se acompanhar o historial dos meus posts, verificará que nutro grande admiração pelos Estados Unidos.

O grande satã é apenas uma parte da sua elite política, tal como está bem presente na Europa, noutras partes do mundo e pasme-se, até na comunista China.

E lamento desapontá-lo novamente mas não partilho de todo o seu gosto pelo mobiliário IKEA

Cumpts
Manuel Santos

MSantos disse...

Outro exemplo que lhe posso dar, António Campos é o facto de conhecer muito bem uma cidadezinha do interior, sueca, e de nome impronunciável em fonética lusa.

Nessa cidade conheci muitas pessoas entre empresários e trabalhadores e era reconfortante assistir à cumplicidade entre todos. Os empresários estimulavam a distribuição de prémios no final do ano em vales para bens produzidos por empresas locais, como eles muito bem diziam, iam buscar o dinheiro fora, através da exportaçaõ de produtos manufacturados e destribuiam pela cidade de modo a criar riqueza local e aumentar cada vez mais os lucros.

No meu trabalho do dia a dia, lido com os congéneres nacionais, alguns dos quais, empresas tecnológicas, em que estes empresários pagam a um engenheiro altamente qualificado e a fazer um trabalho essencial para a empresa, um salário de miséria, argumentando que já estão a ser muito generosos e além disso "se pagassem mais eles iam-no gastar mal gasto."

Já para não falar dum determinado empresário-guru muito bem conceituado que lidera algumas das mais tecnológicas empresas de telecomunicações e quando se verifica a discussão do salário mínimo é dos maiores defensores da sua liberalização (que é como quem diz extinção) ou pelo menos, do seu congelamento. E isto também para pagar pessoal qualificado.

Como pode ver, a diferença de conceitos e visões é abissal.

E a regulamentação e fiscalização nos países nórdicos existe e é eficaz.

Cumpts
Manuel Santos

MSantos disse...

Cara Cristina

Se acompanha este blog há anos como diz, já devia saber que não tenho qualquer problema em dar razão a "adversários políticos" quando estes a têm nem de me retratar quando estou errado.

Cumpts
Manuel Santos

Anónimo disse...

Caro Manuel Santos,

Por acaso não se esqueceu de corrigir a minha afirmação de que os países escandinavos são os que aplicam a política económica mais neoliberal da Europa?

Para tirarmos isto a limpo e pormos as ideias em ordem, não há como deixarmos de andar a divagar e sermos um bocadinho mais sistemáticos. Vamos então pegar na lista de orientações de política económica do “Consenso de Washington” de John Williamson, retirada direitinha da Wikipedia para facllitar, e que define globalmente o que se convencionou designar por “neoliberalismo” e vamos fazer uma brincadeirazinha: o Manuel Santos vai fazer o favor de indicar, justificadamente, claro, quais os pontos abaixo que NÃO descrevem as políticas económicas escandinavas.

1.Disciplina orçamental;

2. Reencaminhamento dos gastos orçamentais de subsídios às empresas para a prestação, a uma base alargada, de serviços que estimulam o crescimento e ajudam as camadas desfavorecidas, tais como educação e cuidados de saúde básicos, assim como investimento em infra-estrutura;

3. Reforma fiscal: alargamento da base tributária e adopção de taxas marginais moderadas (não esquecer que as taxas marginais de IRC na Escandinávia estão entre as mais baixas da UE: 25-26% contra 33,33 na França, 29,44 na Alemanha, 30 na Áustria, 28 no Reino Unido, 30 em Espanha); (é engraçado pensar que, em economias que alguém de vez em quando apelida de “próximas do socialismo”, os trabalhadores suportam a parte de leão do orçamento de estado, pagando muito mais impostos do que as empresas)
4. Taxas de juro determinadas pelo mercado e positivas (mas moderadas) em termos reais;

5. Taxas de câmbio competitivas;

6. Liberalização do comércio (liberalização de importações, com particular ênfase na eliminação de restrições quantitativas (licenciamento, etc);

7. Liberalização do investimento directo estrangeiro;

8. Privatização das empresas estatais, não só no sentido da transferência de empresas do sector público para o privado, mas também da conversão de direitos sociais em objectos transaccionáveis; saúde e educação, tradicionalmente consideradas como sendo direitos dos cidadãos, tornam-se interesses económicos;

9. Desregulamentação: abolição de regulamentações que criam barreiras à entrada no mercado ou restringem a concorrência, excepto para as justificadas com base no ambiente, segurança e protecção ao consumidor, bem como da prudente supervisão das instituições financeiras;

10. Garantia legal dos direitos da propriedade;

11. Financialização do capital.

Ou existe um outro neoliberalismo (talvez um segundo a escola de Manuel Santos), que ainda não percebemos exactamente o que é?

António Campos

MSantos (...algures na República Independente do Bugio) disse...

...e já agora, Cristina:

Não houve qualquer evolução no meu pensamento. Tudo que lá está está de acordo com o que sempre defendi e advoguei como são testemunhas todos aqueles que lêem os meus comentários.

Infelizmente hoje em dia, as pessoas estão algo radicalizadas e logo que sintam que algo não vai ao encontro das suas convicções têm a triste tendência de colocar etiquetas e classificações.

Quando leio o teor de alguns comentários, eu próprio às vezes dou por mim a seguir por este deplorável caminho.

Cumpts e Bom Natal
Manuel Santos

Luciano disse...

Caro António Campos,

Apenas estava a colocar a questão do ponto de vista histórico e filosófico. Isto porque sugere que o insucesso da experiência marxista se deve a uma certa concepção da natureza humana, segundo a qual os conceitos de propriedade e interesse egoísta são incompatíveis com sistemas comunistas. Pretendia demonstrar como esta ideia é falaciosa, assim como propor uma nova perspectiva.
Bom, é claro que a compreensão de algumas ideias pressupõe outros conhecimentos que não cumpre agora explicar.

Sr. Ítalo Tavares,

Não deve estabelecer paralelismos entre movimentos tão diferentes como as FARC e o Movimento Zapatista ou a ETA. Em bom rigor, são essencialmente diferentes. Basta dizer que o Movimento Zapatista nasceu das inaceitáveis condições em que o acordo NAFTA colocou as populações camponesas e indígenas, e que foi o primeiro movimento a explorar as novas tecnologias em prol da sua causa. Recomendo-lhe a leitura do segundo volume da obra do sociólogo Manuel Castells: "O Poder da Identidade" para ficar com uma perspectiva diferente do movimento. Aliás, um autor claramente anti-comunista como Robert Service, coloca os pratos da balança claramente a favor deste movimento na sua obra "Camaradas", uma análise das diversas experiências marxistas do século XX.

Gilberto disse...

Caro Milhazes.

Shamavov era trotskista e foi preso pelo thermidor stalinista em 1929.

Se eu vivesse na URSS nesses tempos, certamente teria sido ou morto também.

Lenin não tem nada a ver com isso. Sorte dele que morreu de morte natural. Senão, como Trotsky, poderia ele mesmo ter sido ele mesmo vítima.

MSantos (...algures na República Independente do Bugio) disse...

António Campos

Já referi e assumo que sou um liberal em todos os sentidos inclusivé do ponto de vista económico para o qual defendo a economia de mercado, sistema capitalista, o que lhe quiserem chamar.

O neoliberalismo "by the book" tal e qual refere, tal como o comunismo o foi em tempos, é uma agradável e benéfica teoria enquanto não sai do papel.

Se você tivesse um mundo em que todos os países tivessem as mesmas leis laborais e respectivas protecções, que não houvesse conflitos, disputas ou ambições geoestratégicas, e todos se batessem em pé de igualdade, concorrendo entre si, eu também era neoliberal ou adepto de Friedman ou o que lhe queira chamar.

Surpreende-me imenso que o tão pragmático e objectivo António Campos não se aperceba que não vive num mundo deste tipo.

O problema é que muitos dos que defendem estas ideias não têem como propósito:
"E acima de tudo, uma sociedade onde se recompensa o mérito e não considera que todos são pura e simplesmente iguais, a não ser perante a lei. Os melhores são recompensados e os mais fracos são protegidos pela redistribuição fiscal da riqueza criada."

Para eles, isto já é comunismo.
Tenho a quase a certeza que o último parágrafo deve ter caído bastante mal a alguns dos seus partidários que por aqui andam embora o não admitam.

O que estamos a assistir na prática, com a implementação deste movimento, é tão somente permitir que as elites económicas consigam extrair o máximo da produção ao mais baixo custo, como é o caso da deslocalização das unidades de produção para países onde a paga é à malga de arroz e nivelando por baixo os salários da classe média ocidental, classe essa que deveria ser o garante e objectivo das nossas economias.

Para estas pessoas, o ponto 2 da defenição que refere é pura e simplesmente abominável.

Este quadrante além de defender os princípios neoliberais quando lhes convém, está um passo mais à frente pois o seu objectivo último será o anarco-capitalismo. É também suportado pelos ditos neoconservadores ou neocons e teve o seu expoente máximo sob os regimes de Pinochet, Tatcher e de uma forma mais atabalhoada e externamente violenta, George W. Bush. Relativamente aos Estados Unidos, continuo convencido que a actual administração não passará de um breve interregno e eles voltarão em força e piores que nunca dado a sociedade norteamericana ter sofrido uma brutal cisão e estar muito radicalizada.

O liberalismo aplicado pelos países nórdicos tem o objectivo da justa redistribuição da riqueza criada, criando por si só mais riqueza.É um liberalismo que defendo e sou partidário. Se para si isso é neoliberalismo então nestas condições entenda-me como neoliberal. No entanto como referi e você omitiu, o estado é o garante de serviços e regulação de modo as camadas mais desfavorecidas ficarem cobertas.

O liberalismo aplicado por esta gente tem por único objectivo favorecer as grandes corporações e elites económicas explorando ao máximo a massa produtiva. O constante decréscimo das classes médias e aumento da miséria e novos pobres em todo o Ocidente é a prova inequívoca disso. Não há qualquer preocupação com "essa classe de calões" que são os pobres e os desfavorecidos. Se alguém quer saúde, ensino, justiça ou até segurança, paga e não bufa. Não tem dinheiro, azar!

Creio que a maioria das pessoas está ciente deste movimento e muitos reputados economistas, políticos e pensadores atestam que isto não é uma teoria da conspiração.

Será possível que o bem informado e inteligente (estou a ser muito sincero) António Campos não veja isto?

Cumpts e Bom Natal
Manuel Santos

Gilberto disse...

Errata:

Eu digitei "Shamavov" e o correto é SHAMALOV, preso pela primeira vez em 1929, portanto 5 ANOS APÓS a morte de Lenin, por ser da oposição de esquerda.

Anónimo disse...

Não era minha intenção participar neste tipo de discussão, o debate da forma como tem sido orientado não merece grandes reflexões.
Tenho-me mantido atento . Mas chegou o momento de intervir para fazer compreender aos amantes do liberalismo económico, que essa não é poção magica que trata de todas as maleitas da sociedade. Pelo contrario.
Considero interessante a opinião de alguns participantes e da sua analise interpretativa quanto à resolução dos problemas da sociedade.
Fico atónito até; esses “mestres” em sociologia económica não se aperceberem das contradições em que se enredam. A confusão é de tal ordem, de haver alguém que confunde classes profissionais com classes sociais. Pior que tudo fundamentam-se numa compreensão Holística/Reducionista para a defesa dos seus pontos de vista. Isto é; tanto defendem o homem na sociedade como fazendo parte de um todo, para de seguida isolarem o individuo reduzindo-o à condição de competidor nato se quer sobreviver.
Ora o homem é um animal gregário, sempre viveu em grupos sociais é só assim conseguiu evoluir e dar continuidade á sua espécie. Dentro do mesmo grupo nunca existiu competição. A não ser que o Darwin nos mentisse? Bom! Também não precisamos muito da ajuda dele, basta estar a tento à organização social dos povos “primitivos”.
Isto apenas para desmistificar essas opiniões que ainda defendem que deve dar-se oportunidade aos mais aptos, em que os indivíduos têm de competir entre si para as sociedades evoluírem.
Nada mais errado. O homem começou a competir entre si quando aprendeu a roubar e escravizar o seu semelhante.
Nunca foi desse modo que as sociedades mais dinâmicas evoluíram. Foi sim dando à partida condições iguais a todos os indivíduos. Basta observar que os países mais atrasados são aqueles onde imperam as maiores desigualdades.
O que serve a Angola, o Congo ou a Arábia Saudita nadarem em riquezas incomensuráveis se as desigualdades impedem que se desenvolvam?
Qual a finalidade em produzir riqueza senão para distribuir por aqueles que a criaram? Ora não é a isso que temos assistido! Com a agravante de nos últimos decénios os custos com a produção de todos bens ter diminuído e inversamente a escassez alimentar e o acesso a produtos de consumo básico ter diminuído para uma grande faixa da população mundial. Na ultima década a fome e a indigência tem fustigado um numero cada vez maior de pessoas, atingido já mais de 1/3 da humanidade.
Assim sendo algo está muito mal. E há responsáveis. Portanto só podem ser os mentores deste sistema económico global.

Anónimo disse...

Também se cantam aqui loas à não participação do Estado na economia dos países Escandinavos. É um facto indesmentível. Omitisse é que essas economias são fortemente supervisionadas pelo Estado, num modelo Keynesiano o que imperou na maioria dos países Europeus criando a época de maior prosperidade, até à chegada desta onda Neoliberal responsável por o desastre em que estamos mergulhados ( Bem; as coisas lá para a Suécia não estão mesmo nada famosas).


Outra constatação que faço das contradições e distracções inconsequentes de alguns participantes e do seu ódio e da sua repulsa à intervenção do Estado na economia, alegando que é um mau gestor e um entrave ao desenvolvimento.
Faltar-lhe hoje a coragem de se pronunciarem sobre a intervenção que o Estado está a ter actualmente na economia. Quando se nacionaliza e intervém com fundos maciços para salvar empresas industriais, bancos, seguradoras que foram arruinadas por gestores corruptos e incompetentes. Por qual a razão se remetem agora ao silencio?

Se isto não são métodos de economia Marxista então o que é?
A nobreza das pessoas está na sua coerência!

Os apologistas do neoliberalismo tenham ao menos dignidade para assumirem que esse sistema que defendem não tem futuro, falhou, colocou a humanidade à beira da catástrofe.
Porque razão continuam a fazer criticas a Marx se tiveram que recorrer aos seus ensinamentos para se salvarem?

Anónimo disse...

Também pretendo fazer uma correcção sobre a uma informação aqui colocada.

Ao contrario do que alguém aqui disse os campos de prisioneiros de consciência e as deportações para a Sibéria, não foram uma criação nem invenção dos comunistas muito menos o primeiro foi construído em 1921.
Um século antes já existiam campos de prisionais na Sibéria.
Cito Bertrand Russel em Realidade e Ficção: ««««««Quando eu era jovem, os herdeiros mais importantes dessa tradição de revolta romântica eram os revolucionários Russos. Os liberais de todo o mundo olhavam para a Rússia Czarista com um horror arrepiado, bastava a menção da palavra “Sibéria” para lhes gelar o sangue nas veias. Desde os Dezembristas de 1825 que os heróicos Russos lutavam para derrubar o regime. Não havia liberal que duvidasse de que um dia haviam de ser bem sucedidos»»»»»».

Depois fala sobre Turgueniev da sua luta e das suas obras literárias.
Ou seria Russel comunista? Neste livro zurze forte e feio nos Bolcheviques!

Anónimo disse...

Outra falácia que é conveniente desmontar;
Quando dizem que as vitorias iniciais das forças Nazis se deveram às purgas no exercito Soviético, (até há quem ressalte estridentemente que com Tukachevsky a situação teria sido outra) isso só pode resultar do uso da má fé ou ignorância da história..
E então a França e a Inglaterra foram esmagadas em pouco mais de um mês porquê? Se dispunham de mais e melhores meios que os Alemães. E nunca mais conseguiram recuperar.
Na frente Ocidental os Alemães ainda pouco adestrados para a guerra, humilharam os adversários. No entanto os Soviéticos frente a um exercito poderoso e altamente moralizado tinham o dever de fazer aquilo que estes não conseguiram.
A eles e só a eles a humanidade agradece a derrota do Nazismo. Não lhes exijam mais que o enorme esforço que realizaram.
Ainda nem um único soldado aliado tinha posto os pés em solo Europeu já os Alemães tinham sido batidos em Kursk.

Da Rússia, de Portugal e do Mundo disse...

Caro Francisco Lucrécio, quando Russell fala em Sibéria como sinónimo de degredo e repressão, ele tem toda a razão, mas as pessoas que estudaram história da Rússia sabem que essa palavra significava coisas diferentes em períodos diferentes.
Na era dos dezembristas, sobre os quais escrevi uma tese de doutoramento, os revolucionários eram deportados, mas não para campos de concentração. Havia vários tipos de pena. Primeiramente viviam em prisões, onde podiam receber visita de familiares, depois passaram a residir em lugares fixos com a família. Se este tema lhe interessa, leia a epopeia heróica das esposas dos desembristas que os acompanharam.
Na Sibéria, Lénine teve direito a casar-se e a viver com a esposa, com todo o tipo de conforto. Interesse-se pela passagem de outros revolucionários que por lá passaram: Trotski, Estaline.
Claro que as penas na Sibéria nunca foram "pêra doce", mas compare a era czarista com a soviética. Leia o Arquipelago de Gulag e Contos de Kolima.
Quanto à Segunda Guerra Mundial, o que eu escrevi e é uma opinião partilhada por grande parte dos historiadores é que as purgas no Exéwrcito vermelho foram uma das razões, e não a única. Quer outras, a desmontagem da linha militar que se encontrava na fronteira soviético-polaca de 1939, sem que tivesse sido edificada outra na fronteira soviético-alemã após a assinatura do pacto. Estaline desprezou as informações dos agentes secretos soviéticos, etc.
A guerra de Inverno contra a Finlândia nunca deveria ter começaso, pois mostrou a fraqueza extrema das tropas soviéticas e isto contribuiu para que Hitler atacasse a URSS.

Anónimo disse...

Caro Manuel Santos, mas você lê mesmo aquilo que eu escrevo?

Não estamos aqui a falar de quem se aproveita ou não de um determinado estilo de política económica, e da sua implementação na prática, para os seus próprios fins. Compete a cada estado formular uma regulamentação inteligente para que não existam hipóteses de determinados indivíduos tirarem partido da situação. Se o enquadramento legislativo for ineficaz ou estúpido (o que está na base da crise bancária internacional destes últimos dois anos), é claro que alguém se aproveitará disso. E obviamente não implicará que uma determinada política económica, seja ela intervencionista (maior papel das políticas económicas, o tal keynesianismo) ou monetarista (menos papel do governo e maior papel do banco central, a base do neoliberalismo) esteja correcta ou errada.

É um bocadinho como dizer que houve democracia e liberalismo na Rússia dos anos 90 e que se a coisa estourou foi culpa dessas duas coisas. Um disparate, porque na realidade não ocorreu nem uma nem a outra.

Não percebo onde é que você notou que terei omitido alguma coisa: na Escandinávia existem serviços garantidos pelo estado (como aliás em toda a Europa desenvolvida, incluindo Portugal, desde há muito tempo), mas naqueles casos, quem presta fundamentalmente esses serviços são entidades PRIVADAS, uma coisa que os intervencionistas não querem nem ouvir falar. Por outro lado, tal como disse, o nível de regulamentação económica e laboral é reduzidíssimo. O nível de liberdade no mercado de trabalho é tão elevado que o que realmente define as relações laborais são as negociações colectivas de trabalho entre os sindicatos e os patrões, que variam até de região para região. O governo não tem patavina a dizer sobre o assunto. Portanto, caro Manuel Santos, gostaria que me explicasse, talvez sendo um bocadinho mais específico, se possível, que regulação estatal escandinava é essa de que está sempre a falar.

Seja como for, e tal como afirmei há uns tempos, houve razões muito fortes para que o modelo Keynesiano tenha caído em descrédito em finais da década de 60, mais ano menos ano: a estagnação-inflação em que uma grande parte dos países ocidentais caíram, aliás correctamente prevista alguns anos antes por Friedman.

Além dos exemplos escandinavos, outro interessante caso de liberalismo económico “desenfreado” assente num robusto sistema social é-nos dado pelo Canadá, a 7ª economia mais livre do mundo, de acordo com a Heritage Foundation.

Também tal como disse anteriormente, o neoliberalismo “desenfreado” (tal como lhe chama) sem preocupações sociais é, especialmente nos Estados Unidos, uma consequência política: não existindo uma consciência social tal como existe em muito maior grau na Europa, NINGUÉM quer ser responsável pelo bem-estar do vizinho. Assim, não vale a pena colocar as culpas nas sinistras multinacionais: a verdade nua e crua é que um governo que pretenda instituir um sistema de protecção social ao estilo europeu não terá a mínima hipótese de ser eleito, uma vez que o seu financiamento dependeria de uma carga fiscal que nenhum contribuinte americano está disposto a suportar.

Experimente perguntar a um americano médio o que acha da imposição de um imposto do tipo do IVA.

E já chega, uma vez que estou a ficar um bocadinho cansado de me andar a repetir.

António Campos

Anónimo disse...

Aliás, caro Manuel Santos, acho que o seu problema é que você anda a confundir estado intervencionista com estado-providência, assumindo que um implica o outro, o que é precisamente o oposto do que acontece nos exemplos que discutimos. De facto, os sistemas económicos mais bem sucedidos a implementar o estado-providência prosseguem (e bem, sem grandes asneiras) uma política económica desintervencionista neoliberal.

Ok…vou até á praia que por aqui está um dia lindo.

Mil perdões ao José Milhazes, que está a aguentar a borrasca em Moscovo :)

MSantos disse...

Não sei se reparou António Campos, mas até utilizei trechos e referências do que escreveu para lhe "responder à letra".

Eu acho é que é você que não quer ler o que eu escrevo.

Tanto não lê que insiste na desculpa dos bons corredores dos 1200m apontando como exemplo os que iniciaram a partida a 200m da meta.

Porque enquanto a minha atitude é apenas demonstar o meu raciocínio, a sua é tão só tentar converter ou rebater as minhas convicções, omitindo o que não lhe convém exactamente como o outro comentarista que aqui agora apareceu e com quem há uns tempos atrás ganhei a sua hostilidade por não crer aceitar as benesses do comunismo, o qual me valeu o epíteto de neoliberal (irónico, não é?).

Mas exactamente o facto de receber a censura de quem defende essas duas ideologias (ou o que lhe queiram chamar) demonstra-me a mim mesmo que estou certo em não ser partidário de nenhum destes dois actuais opostos.

O seu cansaço não é maior do que o meu, os outros leitores não têm que apanhar estas estuchas e como eu já disse, isto já só é rebater convicções e aí o debate torna-se estéril e até infantil.

Esta conversa já não leva a nada.

Cumpts
Manuel Santos

vox disse...

Segundo vi e li, essa admiração é mais vincada por parte de nostálgicos do passado (pessoas mais idosas, ligadas ao aparelho do Estado, vulgo, funcionários do Estado).

Nesse tempo (especialmente no chamado período do grande terror) só havia duas classes de pessoas: os denunciadores, e as vítimas.

É fora de qualquer controvérsia, e inquestionável, que Estaline cometeu inúmeros e gravíssimos crimes. E não só contra o Povo da ex-União Soviética, como contra povos de estados vizinhos (Polacos, Húngaros, Alemães, etc.).

Não há razão para existir admiração por um cruel e sanguinário tirano.

A propósito: a múmia do Lenine já foi enterrada?
Penso que durante a época Ieltsine, se falou com insistência, nessa necessidade.

Nota para M. Santos: Salazar, se comparado com Estaline, era uma flor, e um menino do coro.

Já nem falo nos milhões de vítimas de Estaline, se comparadas com a dezena (se calhar nem tantos) de mortos, por via indirecta, por causa da repressão anti-comunista e anti-anarquista.

E o Estaline vivia na opulência e o Salazar levava uma existência ascética e frugal (inclusive, insistia em pagar do bolso dele, o consumo de água do Palácio de S. Bento, no dizer dele, "para não ficar pesado ao Estado", e existem provas documentais disso).

MSantos disse...

Nem de propósito:

Um lúcido e excelente texto de um dos primeiros partidários e implementadores da desregulamentação dos mercados. Jeffrey Sachs com um discurso irreconhecível sobre a situação na América, na necessidade de aplicar impostos e reforçar a componente social. Se esquecermos o país, quase que parece que estamos a ler uma crítica sobre a Rússia como geralmente aparece neste blog.

Sempre entendi Sachs como um homem bem intencionado que acreditava numa ideia errada. Cada vez estou mais convencido do facto.

http://www.jornaldenegocios.pt/index.php?template=SHOWNEWS_OPINION&id=402327

Cumpts
Manuel Santos

AF Sturt Silva disse...

Os defensores do neoliberalismo ,do capitalismo e a té da democracia-social são toltalmente parciais.
Primiero atribui a tudo de ruim a governos socialitas ,sendo que as mesma coisas que acontecem no mundo capitalista não são considerados.
Todos marxistas,numa citação geral,da palavra hoje em dia defende avanços e acertos do mundo socialitas(e houve) junta a novas formas de alternativa.
Leia-se a história e veja de la para como o mundo evolui,sendo livrando do feudalismo,e livrando do capitalismo selvagem do século xix.
O caso da Venezuela não é um caso melhor e muito menos pior do que todos outros que estão por ai...
O caso da Suécia não é melhor e nem pior ,pois não há internacionalismo e sim imperialismo.
Hoje temos um sitema capitalista auto sustentavel ,que so basta ser antigindo para mostar suas garras.A crise ambiental é a situação futura.Vamos ver o que acontecerá....
SERÁ QU ESTAMOS CONDENADOS A UM SISTEMA DE DITADURA DO CAPITAL?
E OLHA ,TUDO BEM QUE A VIVENCIA FAZ MUITO SENTIDO POREM QUE NÃO CONHECE O OUTRO LADO,SIMPLISMENTE COMETE ERROS...

sAUDAÇÕES COMUNITAS!

MSantos disse...

"Salazar, se comparado com Estaline, era uma flor, e um menino do coro."

Vox, não é a mim que tem de dizer isso.

Diga-o às pessoas e famílias que ficaram com as vidas destruídas e perderam entes cridos a bem dessa "repressão anti-comunista e anti-anarquista."


Cumpts
Manuel Santos

Anónimo disse...

Ó Manuel Santos, você até nem parece mal-intencionado e na maior parte das vezes é muito engraçado, mas por amor de deus e de uma vez por todas, acabe com essa confusão que vai na sua cabecinha sobre o neoliberalismo e o estado-providência, que só anda a atrapalhar o seu raciocínio.

Aliás, este artigo do Sachs deixa-me lisonjeado, porque no que toca à questão fiscal americana diz exactamente o que lhe ando a tentar explicar, aparentemente sem grande sucesso, desde quarta-feira passada. Se você o acha lúcido e excelente, talvez isso signifique que finalmente tenha percebido a questão e que por esta altura já não ande a misturar alhos com bugalhos.

Mas agora considerar o discurso “irreconhecível”??? Credo, o homem anda a dizer a mesma coisa há anos! Onde diacho é que você foi pescar essa ideia?? Ok, já sei: é por causa daquela sua confusãozinha…e também por andar a falar do Sachs sem saber exactamente o que é que ele fez ou escreveu. Infelizmente, como muitos que por aí andam.

Dizia o Sachs num artigo de 2006 no Scientific American, intitulado “The Social Welfare State, beyond Ideology” (curiosamente, sobre os casos nórdicos de que temos estado a discutir):

“The high-tax, high-income states are the Nordic social democracies, notably Denmark, Finland, Norway and Sweden, which have been governed by left-of-center social democratic parties for much or all of the post-World War II era. They combine a healthy respect for market forces with a strong commitment to antipoverty programs…

…the Nordic countries maintain their dynamism despite high taxation in several ways. Most important, they spend lavishly on research and development and higher education…

...The Nordic states have also worked to keep social expenditures compatible with an open, competitive, market-based economic system. Tax rates on capital are relatively low…

…Von Hayek was wrong. In strong and vibrant democracies, a generous social-welfare state is not a road to serfdom but rather to fairness, economic equality and international competitiveness.”

António Campos

Anónimo disse...

O erro dos arrivistas tradicionais defensores do neoliberalismo é não se interessarem por o estudo da história. De outro modo há muito que tinham compreendido que o sentido da dinâmica capitalista só tende a agravar as condições de vida da humanidade, colocando também em risco a sobrevivência de todas as espécies que habitam o planeta.. As campainhas de alarme já soam por todo o lado!
Só que estes indivíduos movem-se com o objectivo primacial da satisfação dos seus próprios interesses e da classe a que pertencem.
Apregoam exaustivamente que o Marxismo não é solução. E o capitalismo é? Em nenhuma das suas vertentes!
Na medida em que se desenvolve e sustenta à custa das desigualdades, exclusão e da rapina das riquezas colectivas, quando não do seu próprio povo, é dos outros povos.

Cantam loas às Sociais-Democracias nórdicas. Mas escondem as medidas anti sociais aprovadas por o parlamento Sueco no passado dia 9 de Dezembro.
É graças à sua infinita capacidade de se metamorfosear que a burguesia tem sobrevivido, que nem Marx foi capaz foi capaz de prever.

Outra das grandes debilidades em história dos representantes da iconografia burguesa é quando afirmam que a presente crise teve origem na especulação imobiliária.
Recuem aos acordos de Bretton Woods passem por o momento em que o dólar deixou de estar indexado ao ouro (Administração Nixon) crise energética de 1973, criação dos petrodolares (aí é que foi fartar a vilanagem). Governos ultra reaccionários de Reagan e Tatcher , para terminar com o Buschismo.(ainda não acabou porque este senhor que ocupa o lugar não se está a portar de maneira diferente, basta olhar para o orçamento de defesa).
E os vassalos Europeus ainda não se aperceberam que a escuna navega sem leme, com velame esfarrapado, os Chineses poupam munições aguardando um pouco de mar picado para facilitar o afundanço dos corsários.

Que fique bem claro, não pretendo vender as benesses comunistas a ninguém. Mas também não me vendo por as fantasias do capitalismo.
É que se não prestam atenção àquilo que os outros escrevem é melhor remeterem-se ao silêncio.
O único sistema que aqui tenho defendido tem sido o Marxismo. Ora se Olof Palme defendeu os princípios básicos do Marxismo, Mário Soares, Sá Carneiro e tantos outros. Quem me pode privar de o fazer? O Marxismo não mudou nem as condições para que seja aplicado, o que tem mudado tem sido o interesse das pessoas!

Anónimo disse...

«««««Caro Francisco Lucrécio, quando Russell fala em Sibéria como sinónimo de degredo e repressão, ele tem toda a razão, mas as pessoas que estudaram história da Rússia sabem que essa palavra significava coisas diferentes em períodos diferentes»»»»».


Compreendo-o perfeitamente Senhor JM, no tempo dos Czares as prisões eram douradas cravejadas de diamantes, no tempo dos comunistas até os colchões eram de arame farpado.

««««««havia vários tipos de pena. Primeiramente viviam em prisões, onde podiam receber visita de familiares, depois passaram a residir em lugares fixos com a família.»»»»»».

Sim Senhor JM os familiares gostavam dos ares da Sibéria e iam ficando por lá.
Talvez se deva a isso que a Sibéria foi povoada maioritariamente por deportados.


«««««Lénine teve direito a casar-se e a viver com a esposa, com todo o tipo de conforto»»»»
Ofereceram-lhe como prenda de casamento uma petchka.

Não foi só o Lenine que teve esse “previlegio” em casar-se no degredo foram milhões de infelizes que pertenciam ao império Czarista. Começando nos Polacos acabando nos Livonianos.

Sim Senhor JM ao que consta os prisioneiros nesse tempo eram tratados com todo o respeito.
Entregavam-lhe uma Padaroshna, colocavam-lhe uma telega ou uma tarentass à disposição com um Iemschik vestido a rigor diziam-lhe vais percorrer só 4000 verstas com todo o conforto. Os mais finórios esses iam numa berlinda.

Ou terei enganado? Faziam as 4000 verstas a pé durante meses!

O Senhor JM como professor de história não deve desrespeitar a sua arte!

Sobre a Segunda Guerra Mundial compreendo muito bem que os Soviéticos deviam ter feito aquilo que os Franceses e Ingleses não foram capazes.
Se o não conseguiram fazer nos momentos iniciais, mas 5 meses depois já estavam a malhar nos Nazis.
Quem se interessa por esse assunto sabe como as coisas se passaram, não temos é o direito de escamotear a verdade, apontando apenas os erros.
Cumprimentos

Da Rússia, de Portugal e do Mundo disse...

Caro Francisco Lucrécio, peço-lhe que leia os meus comentários com atenção. Eu não disse que o czarismo fazia da Sibéria um paraíso para os presos, mas só e apenas que tinha um sistema prisional de longe mais humano do que o comunista. Mais um exemplo: Lénine acabou o curso universitário na prisão. Encontre-me um exemplo do mesmo na era estalinista. As condições de vida nos campos de concentração soviéticos estavam ao nível das dos nazis. Leia os Contos de Kolimá.
Quanto à Segunda Guerra Mundial, diga-nos qual é a verdade, se é que aquilo que apontei está errado. Só não me venha falar do papel decisivo do Partido Comunista e de Estaline na vitória, pois em 1812 não havia nem uma coisa, nem outra, mas Napoleão foi derrotado.

Anónimo disse...

Estes dois, Santos e Campos, já parecem os velhos dos marretas.

MSantos disse...

Isto não vai acabar mais!

Fico contente por contribuir para o seu bom humor, António Campos.

Aonde é que eu alguma vez revelei apoio à questão fiscal americana ou o censurei quando referiu o facto? Acho até que isso vai contra os ditames dos neoliberais pois para eles os Estado tem de ser mínimo em todos os aspectos e tudo tem de ficar nas mãos dos cidadãos.

Um bom exemplo é o estado americano do Texas. Altamente neoliberal, se lá for aplicado mais algum imposto que seja, os EUA terão uma nova guerra da cesseção.

Se o salário médio for tributado a 50% e o que ficar permitir a qualquer cidadão fazer uma vida minimamente desafogada e ainda precaver as suas poupanças, a taxação das empresas e do capital até pode vir a zero.

Mas agora veja o salário médio dos nórdicos, Canadá ou Anzac e compare-o com o nosso ou até grande parte dos países da Europa do Sul. Acha que o mesmo nível de tributação é aplicável?

Pegue em 700,00€ que seja e aplique-lhe essa tributação. Com o que é que fica para viver?

Está a ver a perversão de tudo isto?

Os nórdicos e países similares e até os EUA entraram na economia mundializada ou globalização com economias consolidadas e fortificadas com empresas em posição de oligopólio e capazes de poder garantir a sua supremacia e até de explorar as desvantagens dos mais fracos (o tal corredor que inicia a prova dos 1200m a 200m da meta).

Para um país como Portugal ou até outros mais desenvolvidos o que vai acontecer é contratação de mão de obra barata e nivelamento por baixo dos salários que é exactamente o que se está a verficar à escala mundial.

Com salários cada vez mais baixos, como é que consegue conciliar o facto de querer passar a tributação para o trabalhador? Não está a ver o paradoxo?

Como muito bem afirma Sachs, os nórdicos souberam precaver-se contra isto salvaguardando os níveis salariais, apostando na qualificação e inovação. Mas por que tinham economias e infraestruturas perparadas para isso.

Você apresenta a coerência de Sachs com textos recentes, mas ele começou em meados dos 80s a aplicar a terapia de choque e aí era um defensor da desregulamentação desenfreada ou laissez faire tal e qual pode ser verificado no livro "O fim da pobreza" que não é mais que uma autodefesa dado o grande criticismo que as tais terapias de choque motivaram.

E não houve nenhum caso de sucesso directo seja no Chile, Bolívia, etc.
Mesmo a Polónia sofre ainda um endémico desemprego ainda herdado desses tempos que tem sido corrigido com apoios estatais por muito que custe aos gémeos o engulir.

Sachs até contradiz o movimento neoliberal ao afirmar o erro de um liberal clássico mas muito apadrinhado por este movimento dado o seu carácter politicamente ultraconservador:

"…Von Hayek was wrong. In strong and vibrant democracies, a generous social-welfare state is not a road to serfdom but rather to fairness, economic equality and international competitiveness.”"

E sobre a minha teoria da conspiração sobre as multinacionais que você tanto gosta de tentar ridicularizar:

"A pressão exercida nos bastidores por poderosas empresas domina actualmente quaisquer negociações sobre tomada de medidas, negociações essas das quais o público está excluído. Os maiores intervenientes, incluindo Wall Street, as fabricantes automóveis, a indústria da prestação de cuidados de saúde, a indústria do armamento e o sector imobiliário, penalizaram fortemente a economia dos Estados Unidos e mundial ao longo da última década. Muitos observadores vêem o processo de "lobbying" como uma espécie de corrupção legalizada, no decurso da qual grandes quantias de dinheiro mudam de mãos, muitas vezes sob a forma de financiamento de campanhas, em troca de votos e políticas muito específicas."

Jeffrey Sachs dixit

Ainda sobre a prestação de serviços nos cuidados de saúde veja como é nos nórdicos e veja o escalar dos custos dos hospitais-empresa geridos por privados para ver se estamos mesmo a falar da mesma coisa.

Cumpts
Manuel Santos

MSantos disse...

"Estes dois, Santos e Campos, já parecem os velhos dos marretas."

Caro Anónimo

Tenho forçosamente de concordar consigo.

:o)

Cumpts
Manuel Santos

MSantos disse...

entes queridos

Anónimo disse...

Gostei de desmascarar o sr. António Campos,

Conheço bem o tipo, são do tipo de pessoas que gostam de demonstrar a sua enorme eloquência, justificando a superioridade dos argumentos com base no sucesso pessoal.

do genero, eu sei mais que tu porque tenho um bmw, ou senão eu sou mais esperto porque sou doutor ou empresário.
Meu caro, sabe certamente mais da vida o meu avô agricultor do que o sr alguma vez saberá.

Este sr. mencionou a Biologia como factor fundamental para explicar os comportamentos humanos, mas ficou escandalizado quando foi confrontado com a desigualdade racial, neste ponto, estes senhores ficam por aqui e não se esticam mais, porque na verdade a coragem de se defender aquilo em que se acredita não é para todos, é preciso coragem, e nos tempos modernos, acreditar em diferênças raciais fundamentadas ciêntificamente é uma linha de pensamento proibida, alguem que a defenda é imediatamente catalogado de racista e supremacista branco, este tema é o novo tabú, a nova censura ou pior que isso auto-censura.

O "pai" da ciência do genoma humano já declarou que existem diferênças importantes ao nivel de inteligência entre raças, ao tecer esta consederação foi imediatamente acusado de racismo, coisa que obviamente o homem nunca foi, ou seja, alguem que se desvie do padrão de opiniões politicamente aceitaveis é atacado no caracter, é esta a estratégia dos inimigos da liberdade do século XXI.

Os leitores que acreditam nos ideiais comunistas(que eu repudio) não têm obrigação nenhuma de justificar a esses senhores o porquê e quais as razões da vossa fé num ideial, a resposta a para estes seres celestiais é o desprezo intelectual.

Um homem que não sonha e não acredita em nada não é uma pessoa é um NADA.

Infelizmente este país(Portugal) está cheio de gente xiquerrima que se julga capaz de catalogar os outros de bons e maus porque têm as contas bancárias recheadas.

Alguem afirmar que quem acredita no comunismo ou nacional socialismo é má pessoa, só pode ter uma mente perversa e distorcida, porque projecta o mal que tem no seu interior nos outros.

Edgar Damas.Illinois.

Anónimo disse...

é muito fácil criticar as coisas dessa forma, de animo leve.

Salazar chegou ao poder, porque a classe politica da primeira républica era incompetente e o país estava à beira na guérra civil, os governos duravam em média 4 meses.Salazar foi a solução possivel na altura.

Na rússia, o comunismo foi o resulado de fome, guerra, insatisfação e humilhações que foram impostas ao povo, o povo exigia uma mudança, vingou o comunismo na russia como poderia ter sucesso outra qualquer ideologia tal era o estado calamitoso do país.o problema é que o comunismo foi uma terapia que em vez de curar, matou o paciente.

A rússia vai precisar de 100 anos para se erguer novamente.

VASCO.

Paulo disse...

desculpem a minha intromissão

Recentemente vi um programa da BBC que focava este mesmo assunto e pode ser visualizado no seguinte link:

http://beta.vreel.net/watch_37338.html

aqui se pode ter conhecimento que a imagem de Stalin está a ser alterada mesmo no ensino oficial, optando por instruir aos alunos o que chamam de "historia positiva" em deterioramento dos factos reais

Gostava de lêr de JM algo sobre este artigo da BBC e se os mesmos correspondem á verdade