quinta-feira, fevereiro 25, 2010

Medvedev e Obama decidem acelerar assinatura de novo Tratado START

O Presidente da Rússia, Dmitri Medvedev, e o seu homólogo norte-americano, Barack Obama, acordaram acelerar as conversações com vista à assinatura de um novo Tratado sobre Armamentos Ofensivos Estratégicos (START), informou hoje o centro de imprensa do Kremlin.

Segundo um comunicado do Kremlin, numa conversa telefónica entre os dois presidentes, “a parte russa sublinhou particularmente a importância da conclusão do processo de conversações para, no mais curto espaço de tempo, chegar à assinatura desse documento de fundamental importância para a segurança e estabilidade estratégicas”.

“Por isso, os presidentes acordaram dar novas instruções às delegações de ambas as partes para acelerar o processo de conversações”, sublinha-se no comunicado.

Fonte diplomática da Lusa em Moscovo considerou que uma das formas de acelerar o processo de conversações sobre o novo Tratado START é “retirar do documento a problemática referente à instalação de um escudo de defesa antimíssil norte-americano na Europa”.

“Os norte-americanos consideram que é necessário assinar um tratado que seja ratificado pelo Senado dos Estados Unidos, o que será facilitado se ele não prever essa problemática”, acrescentou a fonte.

O Kremlin pretendia que as questões da redução dos armamentos estratégicos ofensivos e da criação do escudo antimíssil norte-americano na Europa fossem abordadas em conjunto, mas tiveram de ceder para desbloquear a situação.

O Tratado START 1, assinado entre os Estados Unidos e a União Soviética em 1991, terminou a sua vigência a 05 de Dezembro do ano passado. Como não foi possível assinar um novo documento, os presidentes dos Estados Unidos e Rússia decidiram respeitá-lo até à assinatura de um novo documento.

30 comentários:

HAVOC disse...

A Rússia deve assinar este Tratado Start? Deve e não deve!!!

Deve porque, para manter estas ogivas nucleares em condições seguras e operativas, a Rússia tem que destinar bilhões de dólares todo ano, dinheiro este que poderia ser investidos em novos sistemas de armas, como navios de combate, aviões, tanques e submarinos. Para a Rússia, este tratado, se vingar, será um ótimo negócio, pois iria economizar bilhões por ano em manter estes mísseis e ogivas em condições seguras.

E não deve porque, é justamente esta capacidade que garante a Rússia bater na mesa em defesa de seus interesses geoestratégicos. Sem esta capacidade de deterrencia, a Rússia não tem como defender os seus interesses no cenário geoestratégico. Pois o objetivo do Ocidente sempre foi e sempre será esfacelar a Rússia,dividir o seu território em centenas de pedaços...Exemplos hostis não faltam, como estes escudos anti-mísseis do tipo Patriot, que os Yankees querem instalar na fronteira da Rùssia!É para defender a Europa de um ataque do Irã?? Porque não instalam no Iraque então??? Porque na Europa Oriental??? Bem, somente um leigo para não saber estas respostas!!!

A Rússia tem que desmantelar o seu arsenal nuclear, porém os mais antigos, e investir bilhões em pesquisa e desenvolvimento de novas armas táticas e estratégicas!!! Isso irá manter um balanço no cenário mundial. A História nos mostra que os americanos defendem os seus interesses á todo custo, mais apenas usam a sua hostilidade contra países sem capacidade nuclear, como é o caso do Afeganistão, Iraque e outros... ( Panamá, Granada, etc... )

Porque eles não se metem com a Rùssia? Porque eles não se metem com a China?? Porque China e Rússia possuem a BOMBA!!!!! E não é uma apenas, milhares!!!

Alias, não adianta nada criar um Tratado de Redução de Ogivas nucleares entre Rússia e Estados Unidos, enquanto a China está expandindo o seu arsenal!!!!!

A China hoje desenvolve uma capacidade que talvez em 30 anos irá suplantar á dos americanos!!!

Então, para começo de conversa, este Tratado Start já fracassou, pois envolve somente dois países detentores da capacidade!!!

E a China? E a Índia? E Israel, Reino Unido, França e Paquistão???

Grande progresso para a humanidade!!!

PortugueseMan disse...

O Kremlin pretendia que as questões da redução dos armamentos estratégicos ofensivos e da criação do escudo antimíssil norte-americano na Europa fossem abordadas em conjunto, mas tiveram de ceder para desbloquear a situação.

Caro JM,

Os russos cederam na questão antí-missil?

Mas isto é muito estranho. Essa é exactamente a razão porque o tratado não avança.

Nem estou a perceber como é que os russos agora vão ceder numa coisa dessas. As duas coisas não podem ser separadas.

PortugueseMan disse...

Caro JM,

Quem disse que a Rússia iria tirar das negociações a questão do escudo?

Cristina disse...

Sobre esta questão, deixo-vos as declarações de Konstantin Kossatchev, feitas esta quarta -feira à RIA Novosti.
"O novo tratado russo-americano sobre a redução de armamentos ofensivos estratégicos (START) não tem hipóteses de ser ratificado pela Duma de Estado sem a sua coordenação com o sistema de defesa anti-mísseis (ABM), declarou ontem o chefe do Comité Internacional da câmara baixa do Parlamento russo, Konstantin Kossatchev.
“Em encontros com parlamentares americanos, definimos claramente os limites que a Duma de Estado não ultrapassará se o futuro tratado não for equilibrado e tiver vantagens unilaterais para a parte americana ou se o documento não contiver uma ligação clara e plenamente formulada entre as armas ofensivas e defensivas, ou seja, entre os armamentos ofensivos estratégicos e os sistemas de defesa anti-mísseis. Sem tal ligação, o tratado não tem quaisquer hipóteses de ser ratificado pela Duma de Estado”, disse quarta-feira à noite Kossatchev aos jornalistas russos em Washington.
Konstantin Kossatchev encontra-se na capital americana integrado numa delegação de deputados russos que já tiveram encontros com congressistas, senadores e representantes da Administração dos Estados Unidos. Na quinta-feira realizou-se um encontro dos membros da delegação com dirigentes do Ministério da Defesa americano.
(...)
“Tenho a impressão de que em várias posições nos conseguimos ouvir uns aos outros. Hoje ouvimos dos nossos colegas congressistas que a ligação (entre armas ofensivas e defensivas) existe, inclusive da parte de representantes do poder executivo. Os nossos interlocutores reconheceram que, primeiro, a colocação da questão sobre tal ligação pela Rússia é lógica e, segundo, ela ficará estabelecida no futuro tratado”, disse Kossatchev.
“Discutimos seriamente os planos americanos de modificar os sistemas de ABM na Europa. Ouvimos com satisfação que os americanos, directa ou indirectamente, reconhecem que a declaração sobre a instalação de mísseis foi feita incorrectamente e que a forma da publicação destes planos contribuiu para criar uma tensão adicional que poderia ter sido evitada nas nossas relações. Temos, naturalmente, ainda muitas perguntas a fazer em relação a estes planos americanos, mas o principal é que continuamos a não entender por que motivo estes planos se aproximam cada vez mais da sua realização prática sem que seja concretizado um entendimento entre os dois presidentes sobre uma avaliação conjunta dos nossos desafios e ameaças comuns. Esta avaliação deve ser obrigatoriamente feita para que depois possamos determinar-nos nas questões da nossa possível cooperação na defesa anti-mísseis”, disse o chefe do Comité Internacional.

PortugueseMan disse...

Obrigado pelo texto Cristina.

Pelo que leio, isso contradiz o que o JM indica no seu texto.

A não ser que algo tenha acontecido mais recentemente, mas mesmo assim custa-me a acreditar que se chegue a qualquer tipo de acordo com aquele sistema ABM americano a avançar.

Da Rússia, de Portugal e do Mundo disse...

Caro PM, não contradiz, mas apenas confirma o que eu escrevi, sendo o problema visto de outro ângulo. A minha fonte não diz que a Rússia deixou de lutar contra o escudo antimíssil, mas que pode aceitar discutir isso à parte para abrir caminho à assinatura do START.
Hoje, um porta-voz do Kremlin marca a assinatura para Março-Abril, vamos ver...

PortugueseMan disse...

Caro JM,

...mas que pode aceitar discutir isso à parte para abrir caminho à assinatura do START...

Mas é mesmo aqui o problema. Não estou a ver como é que isto pode ser discutido à parte.

Não pode.

O novo tratado START é para a redução de ogivas, para termos menos bombas nucleares no mundo.

Mas o sistema ABM, torna-se mais efectivo a cada redução de armas. A Rússia ao aceitar isto, está a aceitar a redução da sua capacidade nuclear, ou dizendo de outro modo, permite que os EUA obtenham claras vantagens.

A Rússia ao aceitar uma coisa destas, abre a porta para um possível confronto nuclear onde uma das partes tem tanto armas ofensivas como defensivas, o que abre a janela a hipótese de um dos lados vencer uma guerra nuclear.

Para mim é impossível a Rússia aceitar tal coisa. O sistema ABM é incompatível com o tratado START.

Da Rússia, de Portugal e do Mundo disse...

Caro PM, a Rússia ficará ainda com meios suficientes para dar cabo deste mundo, se você admitir a possibilidade de uma guerra nuclear entre ela e os Estados Unidos.
Quanto ao sistema defesa antimíssil, ele poderá ser discutido à parte até porque não se exclui a possibilidade da participação russa na sua realização.
Este problema não me preocupa particularmente, porque não veja possibilidades de uma das partes começar uma guerra nuclear contra a outra.
Preocupa-me mais outros desafios, que você sabe bem quais são.

PortugueseMan disse...

Meu caro,

Pode não o preocupar a si, mas se calhar preocupa a muita gente. Lá por nós não vermos as bombas a voar e a rebentar por ai, não quer dizer que elas não existam.

É como o ditado: "Longe da vista, longe do coração".

Quanto ao sistema defesa antimíssil, ele poderá ser discutido à parte

Não pode.

Ou por outro lado, até pode. Mas isso a acontecer é muito mau. A meu ver se isso acontecer, e se tivermos um novo acordo START, só poderá significar que é uma fantochada.

Vai haver sorrisos e muitas fotos, mas o novo acordo não será cumprido até se perceber para onde caminha o sistema ABM.

E isto é mau. Porque se chegamos a um ponto destes é o mesmo que reconhecer, que não vai haver redução de coisa nenhuma. Cada um vai continuar a fazer o que acha que é melhor para si. E se há coisa que tem crescido nos últimos anos são os orçamentos militares.

Junto isto com a escassez de energia e você vai ver daqui a alguns anos como vamos andar.

Era importante reduzir os arsenais nucleares, porque se existem, há sempre a hipótese de serem usados.

Da Rússia, de Portugal e do Mundo disse...

Caro PM, estou de acordo consigo. O grande escritor russo Anton Tchelkhov escreveu que se a espingarda está pendurada na parede, algum dia vai disparar. Espero que isto não se aplique às bombas nucleares

PortugueseMan disse...

Esperemos que haja bom senso. É isso que espero.

MSantos disse...

O sistema anti-míssil é apenas um pretexto quer para os Estados Unidos quer para a Rússia.

Não será preciso ser grande especialista ou técnico para perceber que a sua eficácia, com os meios tecnológicos actuais e face ao ainda imenso arsenal nuclear russo, seria a mesma que tentar apanhar moscas com redes de baliza de futebol.

É um pretexo para os EUA manterem e criarem novas bases militares na Europa e aí manterem a sua influência e domínio.

Existe como que um pensamento estratégico americano não declarado em que a Rússia tem de estar sob constante vigilância e cercada dado ainda ser o único país no mundo que pode confrontar os EUA em termos globais e impôr o domínio no velhinho "heartland" ou a ilha euroasiática. Mesmo que sejam amigos ou aliados hoje, amanhã poderão ser inimigos. A expansão da NATO nos anos do amigável Ieltsin são a prova desse raciocínio.

É um pretexto para a Rússia pois sob a capa do escudo que pode ameaçar os seus arsenais, pode adquirir legitimidade para combater e antagonizar a instalação de bases perto ou relativamente perto do seu território, tentar refrear a influência americana (e em particular no que consideram a sua zona de influência) e eventualmente afastá-la do continente europeu.

Os EUA continuam a não aceitar poderem viver sem o seu domínio instalado na Europa e a verem a Rússia como constante ameaça que mesmo com governos amigáveis não é confiável.

Os russos continuam a ver os EUA como principal ameaça à sua integridade e a interpretar a Europa de leste como sua zona de influência legítima ou barreira de protecção.

Na minha opinião é esta a verdadeira batalha que se está a travar com o escudo anti-míssil.

Cumpts
Manuel Santos

MSantos disse...

Quanto à eventualidade de emprego de armas nucleares, uma coisa que sempre me fascinou foi o facto de apesar de ambos os países terem sido governados por políticos extremados, combativos e muito patriotas, mesmo em situações de confronto iminente como foi o caso da crise dos mísseis em Cuba, conservarem sempre um superior sentido de humanidade em não as usar.

Não creio que esta eventualidade do emprego de armas nucleares se venha a passar com países como a Rússia ou os EUA. Ou até a China.

O problema poderão vir a ser os outros.

Cumpts
Manuel Santos

MSantos disse...

Apenas uma nota relevante:

Dado os actuais arsenais nucleares americano e russo, será muito mais perigoso uma diminuição significativa que um aumento.

Esxiste neste momento para cada um destes países a capacidade de obliterar numerosas vezes o planeta. Será indiferente se o nº de ogivas aumentar pois a dissuassão mútua de destruição já está assegurada.

O grande perigo reside numa eventual diminuição a um nível que possa criar a ideia a um dos oponentes que com essa quantidade de armas uma guerra com emprego de armas nucleares será vencível e que subsista capacidade de sobrevivência.

As armas nucleares não podem ser desinventadas e existirão enquanto existirem oposições geoestratégicas no mundo, a não ser que sejam usadas e aí os próximos conflitos serão com paus e pedras.

Cumpts
Manuel Santos

PortugueseMan disse...

Caro MSantos,

...mesmo em situações de confronto iminente como foi o caso da crise dos mísseis em Cuba, conservarem sempre um superior sentido de humanidade em não as usar...

Mas em 1995, já depois da guerra fria ter acabado em sem nenhum confronto iminente, estivemos a escassos minutos de uma guerra nuclear.

E há medida que o tempo passa aumentam as hipóteses de erros semelhantes acontecerem. E dada a quantidade de ogivas que existem, basta UM erro, não haverá o segundo.

PortugueseMan disse...

O grande perigo reside numa eventual diminuição a um nível que possa criar a ideia a um dos oponentes que com essa quantidade de armas uma guerra com emprego de armas nucleares será vencível e que subsista capacidade de sobrevivência.

Mas se em vez de se pensar numa situação EUA vs Rússia, pensarmos numa situação EUA vs China, onde a diparidade de ogivas nucleares é imensa, acrescido de um sistema anti-míssil, não será possível equacionar o uso de armas nucleares e pensar em vencer?

Da Rússia, de Portugal e do Mundo disse...

Caro PM, acho difícil equacionar vitória ou derrotada de uma das partes de uma guerra mundial. Trata-se de níveis de destruição incomparavelmente superiores aos das guerras convencionais. O ensaio de bombas desse tipo no Japão deixou claro que se trata de um poder de destruição inédito.
Caro Manuel Santos, eu acho que a Geopolítica clássica deixou, há muito, de servir para fazer uma leitura clara do mundo moderno. Os meios militares e tecnológicos existentes exigem novas leituras. O problema, e aí você tem razão, é que se continua a pensar com categorias da época da guerra fria, sendo, muitas vezes, isso incentivado pelo próprio poder. No caso concreto da Rússia, interessa manter a ideia da "fortaleza cercada" para consumo interno, para desviar as atenções dos problemas internos, etc. Os Estados Unidos certamente terão outros objectivos.
No fundo, e esta discussão dá pano para mangas, a política externa vive no mesmo impasse da política interna. O sistema de partidos políticos está perto da exaustão e não se consegue encontrar alternativas de forma a regenerar os sistemas políticos existentes. No campo externo, o mundo mudou também que ninguém sabe muito bem o que fazer.
Eu considero que o capitalismo clássico morreu juntamente com o "socialismo real", sendo muito difícil definir os regimes actualmente existentes no mundo, tanto mais se se recorrer à dicotomia esquerda-direita.
Poderia ser um bom tema de discussão e se os leitores quiserem enviar textos, publicarei de bom grado.

PortugueseMan disse...

Caro JM,

Caro PM, acho difícil equacionar vitória ou derrotada de uma das partes de uma guerra mundial.

Sem dúvida. Dai o MAD (Mutual Assured Destruction).

Mas imagine que um dos lados efectivamente conseguia construir um guarda chuva que funcionasse.

Porque razão foi criado em Tratado ABM em 1972? Ambos os países acordaram não seguir o caminho de não construirem estes sistemas.

Hoje temos básicamente o mesmo número de ogivas e temos o tratado quebrado pelos EUA. Quebraram o tratado e estão a investir num sistema anti-míssil, um sistema que acharam melhor não avançar em plena guerra fria.

Agora, porque razão temos de pensar em guerras mundiais quando falamos do uso de armas nucleares? Não é preciso um conflito global para o uso das mesmas.

Se o Paquistão e a India se envolvessem numa guerra dessas, muito mundo restaria.

Num conflito entre duas potências devido a escassez de energia, entre dois consumidores, qual a razão para não se usar armas nucleares se elas são o meio mais eficaz de vencer a guerra, caso se pretenda a destruição do inimigo?

A única razão para não usá-las é se o inimigo as tiver em quantidade suficiente de modo a ameaçar a própria sobrevivência do atacante.

(Caro JM, já sabe que eu defendo a teoria de um possível conflito entre grandes consumidores de energia, porque o mundo como o conhecemos hoje,não tem capacidade de gerar tanta energia como a que está a ser requerida e que continua em crescimento)

O maior consumidor planetário é os EUA, portanto serão estes quem mais se sentem ameaçados, o crescimento energético por parte de outras nações, "come" a fatia "destinada" aos EUA.

Ou se inventa modelos energéticos mais eficazes, ou mais tarde ou mais cedo, vamos inevitavelmente ter um conflito.

Quantos anos? não sei. Mas as previsões fazem-se e os preparativos também.

"Em tempos de paz, prepara-se para a guerra"

E esta conclusão foi atingida há quantos anos meu caro?

Da Rússia, de Portugal e do Mundo disse...

Caro PM, e o que restará depois de uma guerra mundial? Vou-lhe contar uma anedota soviética a este propósito, que demonstra bem a loucura de um conflito nuclear.
Nas aulas de preparação militar na escola, o professor pergunta ao aluno: - Em caso de guerra nuclear, como deves segurar a metralhadora?
O aluno responde: afastada do corpo para que os pingos do metal retido não caiem em cima das minhas botas.

PortugueseMan disse...

Caro PM, e o que restará depois de uma guerra mundial?

E no entanto quantas já tivemos meu caro? Até se costuma dizer "não há duas sem três"...

Mas não pense em guerras mundiais, o uso de armas nucleares não implica uma guerra mundial, esta situação a meu ver só se aplica a um confronto entre EUA/Rússia.

MSantos disse...

"Mas em 1995, já depois da guerra fria ter acabado em sem nenhum confronto iminente, estivemos a escassos minutos de uma guerra nuclear."

Quer refrescar-me a memória, caro PM?

Cumpts
Manuel Santos

MSantos disse...

Caro PM

A situação que coloca EUA vs China e até uma outra que não referiu, Rússia vs China é efectivamente pertinente.

Cumpts
Manuel Santos

MSantos disse...

Caro JM

Não concordo consigo quando refere que os EUA terão outros objectivos que os russos têm, em vender a ameaça externa para evitar as questões internas.

Peço-lhe só que faça o seguinte exercício de história virtual: imagine o que teria sido a presidência de George W. Bush se não tivesse havido 11 de Setembro, intervenção no Afeganistão, invasão do Iraque?

No caso de Barack Obama, este está a ser submergido pelos problemas por que apesar de tudo está a focar-se na política interna.

Infelizmente ao ponto a que as coisas chegaram, o pesadelo de Eisenhower (domínio absoluto do complexo militar-industrial) é uma realidade e este estava a ser profético.

Cumpts
Manuel Santos

MSantos disse...

Relativamente à exaustão dos partidos políticos e o "pântano" a que chegaram as democracias ocidentais, tanto os casos que vemos no mundo bem como os últimos (tristes) desenvolvimentos a que assistimos em Portugal, o único caminho para a sobrevivência da democracia será criar legislação, regulamentação e mecanismos que mantenham isolados o poder económico do poder político, além de manter toda a comunicação social isolada da influência de ambos.

Cumpts
Manuel Santos

MSantos disse...

"Mas imagine que um dos lados efectivamente conseguia construir um guarda chuva que funcionasse."

Caro PM

Mesmo os Estados Unidos que estão na vanguarda destas tecnologias ainda estão a anos-luz de conceber um sistema eficaz mesmo contra um oponente com meia dúzia de mísseis nucleares.

Como referi anteriormente, o escudo é apenas um pretexto para obter outros fins.

Cumpts
Manuel Santos

MSantos disse...

"Poderia ser um bom tema de discussão e se os leitores quiserem enviar textos, publicarei de bom grado."

Pela minha parte acho a temática fascinate, José Milhazes.

Cumpts
Manuel Santos

PortugueseMan disse...

Caro MSantos,

Dois links para o incidente.

Se procurar por "Norwegian rocket incident 1995 nuclear", encontrará muito material, há vários documentários sobre o caso e acho que foi no national geographic que vi há uns anos, portanto deve andar disponível, talvez no youtube.

http://en.wikipedia.org/wiki/Norwegian_rocket_incident

http://csis.org/files/media/csis/pubs/pm_0024.pdf

The Norwegian rocket used the first stage of an old American
tactical missile "Honest John." Consequently, the boost phase speed was higher than usual for
previous research launches. The rocket was also unusually large, consisting of three stages and
measuring 18.4 meters long and 6 tons. Apparently, it was mistaken for an American Trident II
SLBM (its length is 13.4 meters without the front section). The trajectory (to the north from
Russia) was also considered "legitimate," since conceivably, a real attack could be preceded by
launching a missile to the north of Russia and detonating a device with an extra powerful
electromagnetic impulse to knock out communications systems. The computer systems classified
it as a combat missile and flashed a warning. The system was automatically activated up to the
top, including Yeltsin's "nuclear briefcase."...

...The "mistaken identity" resulted not from an error but from proper functioning...


E eu imaginando que dos dois lados do mundo há equipas 24 sobre 24 horas 365 dias por ano em alerta e pensar quando é que vai acontecer um engano quando se descubra tarde de mais que foi apenas um engano...

Todos nós vivemos as nossas vidas normalmente e nem nos lembramos disto, mas a realidade é esta, continua a haver muita gente preparada para que alguém possa carregar num botão se necessário.

MSantos disse...

Caro PM

Incidentes desse tipo são numerosos.

Recordo-me à volta de 1990 um submarino russo no Mar de Barents disparou um míssel de cruzeiro SS-N-21 num teste. O míssil desviou-se da rota e foi cair na Noruega pondo em alerta as FAs do país e a própria estrutura da NATO.

Provavelmente haverá casos ainda mais graves que nem são do conhecimento público.

Cumpts
Manuel Santos

PortugueseMan disse...

Caro MSantos,

Eu não vejo a coisa por esse prisma.

Considero este caso muito grave. Eu não comparo um disparo de um míssil de um submarino, vindo de uma zona onde são frequentes disparos de mísseis para testes e que vá em direcção à Noruega, o mesmo que um foguete que vá em direcção à Rússia e que por minutos esteve para ser desencadeado uma resposta nuclear.

E espero que não haja casos muito mais graves que este, porque então é uma questão de estatística e probabilidade, mais tarde ou mais cedo alguém se vai enganar a um ponto que seja tarde demais para recuar.

PortugueseMan disse...

E já agora quem achar interessante este tópico, ler este artigo de 2003, onde uma pessoa fala como era a vida de um oficial pronto a disparar mísseis e de como ele vê como as coisas estão actualmente.

Para mim, dá que pensar.

Nuclear Recollections

http://www.cdi.org/friendlyversion/printversion.cfm?documentID=2572