Putin saboreia vitória

Uma sondagem realizada a pedido do Partido Rússia Unida, mostra que a popularidade do Presidente Vladimir Putin nunca atingiu níveis tão altos no seu país. 77,5% dos inquiridos apoiam a sua política interna e externa.

Em relação a sondagens realizadas antes da ocupação da Crimeia, a popularidade subiu 34 pontos percentuais.A subida foi particularmente notória na Crimeia. A Rússia vive uma verdadeira euforia ultrapatrótica.

Segundo o diário Kommersant, Vladimir Putin irá assistir à parada militar de 9 de Maio em Sevastopol, principal cidade da Crimeia, para assinalar a vitória das tropas soviéticas na segunda guerra mundial.

Claro que se trata mais de uma demonstração de Moscovo de que a Crimeia é um facto consumado.

Indo ao emcontro dos saudosistas do poderio soviético, o Krelim autorizou, depois de um intervalo de 23 anos, o regresso dos festejos do 1º de Maio, organizados pelos sindicatos oficiais, à Praça Vermelha. Os dirigentes russos não aparecerão em cima do Mausoléu de Lénine, como na era soviética, mas não se exclui a possibilidade de Putin vir apanhar um “banho de multidão organizado”. Pelo menos, a direcção dos sindicatos oficiais enviou o convite ao Presidente russo.

Entretanto, o poder recusa à oposição russa o direito de escolher o local onde se manifestar no dia 6 de Maio.

Entretanto, a situação na vizinha Ucrânia continua a deteriorar-se, continuando os separatistas a ganhar terreno no Leste e no Sul do país. O governo de Kiev põe as suas tropas em estado de alerta, preparando-se para uma invasão das tropas russas, mas parece que Moscovo não precisa de ir tão longe. Os separatistas pró-russos estão cada vez melhor equipados militarmente e o poderio das forças armadas da Ucrânia continua a ser uma grande incógnita.

Além disso, a comunidade internacional continua sem conseguir sequer libertar os observadores da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa que se encontram nas mãos dos separatistas. Moscovo afirmou várias vezes que está a fazer esforços para a sua libertação, mas isto não passa de palavras ocas. Se o Kremlin estivesse realmente interessado em libertar os reféns, eles já há muito estariam em liberdade.

A direcção russa continua a fazer demonstração de músculos. E ainda pode ir mais longe na Ucrânia, visto que, na véspera, John Kerry, secretário de Estado norte-americano, apontou a linha vermelha que Moscovo não poderá ultrapassar, ou seja, a NATO só irá reagir se um dos seus membros for atacado por tropas russas. Até parece que o destino da Ucrânia está predestinado.

Entretanto, o FMI anunciou que a Rússia entre em recessão económica.