sábado, junho 30, 2007

Contributo para História de Portugal


"Estado Novo do Doutor Salazar" - parte 2


Texto de Nikolai Skirdenko, ideólogo da Unidade Nacional Russa


"Após passarem pelos cérebros dos intelectuais, essas ideias transformaram-se em energia destrutiva entre os elementos marginais das grandes cidades, bem como no Sul do país desnacionalizado, afastado das raízes, onde a mistura de raízes étnicas foi mais visível. Na Idade Média, a população do Sul nem sequer era considerada parte da nação portuguesa, o que ficou expresso no nome do país: reino de Portugal e do Algarve.

Forte resistência às novidades decompositoras foi oferecida pelo Norte camponês, cuja população constituía um grande monolito étnico e constituía a nação portuguesa propriamente dita, que nascera devido à fusão do povo galego com as tribos germânicas dos suevos. Os habitantes do Norte distinguiram-se sempre pelas fortes bases morais, apego às tradições, à religiosidade e ao trabalho.

O confronto entre o Norte e o Sul, o povo e a camada intelectual foi evidente em todos os acontecimentos históricos importantes do país nos séc. XIX-XX. Este confronto foi aumentado e aprofundado pela cisão no exército, na igreja e até na dinastia reinante, no interior da qual tinha lugar uma luta constante entre os elementos destruidores e os elementos conservadores e criadores.

Todo o séc. XIX – “o século maçónico” – decorreu em levantamentos, conluios, golpes militares, revoluções e guerras civis intermináveis. As forças da destruição, não tendo apoio sério no povo, gozavam de amplo apoio moral, político, financeiro e, frequentemente, militar da França e principalmente da Inglaterra, que, com cada nova revolução, aumentava o jugo económico e político de Portugal, transformando-o gradualmente num domínio seu.

Como sempre, os revolucionários maçónicos de todo o tipo: liberais, republicanos e, mais tarde, anarquistas e comunistas, encobriam, sob a gasta bandeira da liberdade e do progresso, os seus objectivos anti-religiosos e principalmente anti-nacionais. Todas as revoluções visavam destruir as bases nacionais. Neste sentido, a revolução de 1910 foi a mais sintomática. Além da proclamação da república pela multidão no primeiro dia do golpe, não foi feito absolutamente nada em prol do famigerado progresso e melhoramento da vida do povo. Foi realizada toda uma série de medidas para substituir os símbolos nacionais e a reforma da ortografia. Foi aprovada uma legislação particularmente pormenorizada e agressiva contra a igreja. Nessa altura, a igreja portuguesa, não obstante todos os defeitos do catolicismo, conservava, em geral, o carácter nacional e, por conseguinte, a legislação anti-clerical visava não tanto a igreja, quanto a nação, cujos interesses ela expressava".

(continua)

Rússia diz "goodbye" a cantor ucraniano (patriotismo parolo)


Antes de passar ao tema propriamente dito, gostaria de sublinhar que, pessoalmente, não gosto (para evitar palavras mais fortes) das canções do cantor ucraniano Andrei Danilko, mais conhecido por Verka Serdiutchka. Trata-se de um exemplar típico de música pimba.

Mas não pude ignorar a informação abaixo publicada, pois trata-se de mais um exemplo, cada vez mais frequente, da onda de intolerância e do “patriotismo” parolo que assola a Rússia.

“O cantor ucraniano Andrei Danilko, segundo classificado no último Festival da Eurovisão, foi proibido de actuar nos palcos russos, informa o tablóide russo “Tvoi Den”.

Segundo este diário, “foram enviadas a todos os organizadores de concertos instruções para não permitir a subida ao palco da “hospedeira” ucraniana”.

Andrei Danilko é conhecido no mundo do espectáculo como “Verka Serdiutchka, hospedeira ucraniana”, pois foi nessa qualidade que ganhou enorme popularidade nos palcos russos.

A proibição deve-se ao facto de, na canção interpretada no Festival da Eurovisão, Danilko ter alegadamente cantado: “Russia, good-bye”, o que foi interpretado na Rússia como uma ofensa.

“Estou cansado de dizer que não cantei a frase “Russia, good-bye”, nunca quis entrar em conflito com a Rússia” – defende-se o intérprete ucraniano, sublinhando: “Sou apenas um actor, só quero cantar, levar alegria às pessoas... Trata-se de uma jogada organizada por algumas pessoas que me querem espezinhar”.

“Isso é terrível! Renunciaram a praticamente todos os meus concertos no território da Federação da Rússia” – continua Danilko ao “Tvoi Den”, acrescentando: “Não consigo compreender o que se passa. É uma catástrofe!”.

O cantor ucraniano deveria brevemente actuar, na qualidade de “convidado especial”, num concerto de apoio a Sotchi como sede dos Jogos Olímpicos de Inverno. Os organizadores do evento já tinham mandado imprimir os cartazes com o nome de Verka Serdiutchka, mas acabaram por desistir da ideia.

“Muitas pessoas que organizavam os meus concertos telefonaram-me num mesmo dia e, depois de pedir desculpa, anunciaram que tudo tinha sido anulado” – queixa-se Danilko, sublinhando que “foram enviadas cartas especiais onde se recomendava aos gerentes de palcos e discotecas a proibir a organização de concertos meus”.

sexta-feira, junho 29, 2007

Hugo Chávez descobriu um “irmão” em Putin


A visita do Presidente da Venezuela à Rússia fez reanimar muitos sentimentos já esquecidos na política e nas relações entre estadistas. Moscovo parece ter regressado aos velhos tempos da União Soviética, quando um Secretário-geral do Partido Comunista recebia um dirigente de Estado de um país de "orientação socialista".
Iúri Lujkov, Presidente da Câmara de Moscovo e, por mera coincidência, marido da mulher mais rica da Rússia, ultrapassou Chávez nas críticas ao "imperialismo norte-americano". Guennadi Ziuganov, secretário-geral do Partido Comunista da Rússia e produtor de mais um dos ramos do nacional-socialismo, estava radiante em poder mergulhar nos bons velhos tempos do socialismo desenvolvido.
O Presidente da Rússia, Vladimir Putin, não convidou, desta vez, o seu homólogo para o Kremlin, pois, no início do de Julho, o senhor do Kremlin terá de se encontrar com George Bush e não convinha dar muita importância a este hóspede incómodo. Putin e Chávez jantaram na casa de campo do primeiro, nos arredores de Moscovo.
Mesmo assim, o dirigente venezuelano não conseguiu conter as emoções face a tanta hospitalidade: "Obrigado, Presidente. Obrigado, irmão. Na realidade, a visita começou de forma muito bonita. Obrigado pelo teu convite. Esta é já a quinta visita: como tudo mudou aqui!".
É de assinalar que estas declarações foram feitas antes do jantar.
Só faltaram aqueles "célebres" ósculos do passado. Lembram-se?




quinta-feira, junho 28, 2007

Hugo Chávez também sonha com a bomba atómica?


O Presidente venezuelano, Hugo Chávez, chegou a Moscovo e começou a fazer imediatamente declarações bombásticas.

Aproveitando a inauguração do Centro Cultural Simon Bolívar em Moscovo, Chávez declarou: “O Irão tem direito a desenvolver a indústria nuclear civil, pois é um direito soberano. O Presidente do Brasil revelou as suas iniciativas no campo da energia nuclear civil. O Brasil também tem esse direito. Quem sabe, talvez a Venezuela avance nessa direcção um dia”.

Como não podia deixar de ser, o dirigente venezuelano afirmou também que “os Estados Unidos devem compreender que não irão governar o mundo. Em prol da paz, os Estados Unidos devem retirar as tropas do Iraque e renunciar aos ataques contra o Irão. Este é um país livre que tem direito à energia nuclear civil”.

“O fim da História, de que fala o politólogo americano Francis Fukuyama, é, na realidade, não o fim, mas a sua viragem e regresso” – sublinhou Chávez, e, recorrendo às obras de Marx, Lénine e outros revolucionários conhecidos, acrescentou que “o modelo capitalista de organização do Estado encontra-se na sua fase suprema de desenvolvimento e, dentro em breve, entrará em declínio”.

Por isso, Chavez destacou a importância da Rússia: “Precisamos de uma Rússia forte, renascida, queremos continuar a cooperação”.

Não há dúvidas que, pelo menos quanto a alguns métodos, as autoridades russas recorrem à experiência soviética, mas é claramente um exagero daí concluir que Putin e a sua equipa poderão vir a aderir uma vez mais ao marxismo-leninismo! Renunciar ao luxo cada vez mais imponente e descarado em nome do combate contra moínhos de ventos? O dirigente venezuelano não se enganou na porta no que respeita à aquisição de armamentos, pois isso é o que há na Rússia com fartura, mas vir pregar neste país o socialismo?

É curioso sublinhar que Chávez declarou que “a aquisição de armamentos” não é o principal objectivo da sua visita à Rússia”, frisando que veio para “desenvolver a cultura e a cooperação, que devem ir à frente da política e da economia”.

Porém é impossível acreditar que Chávez vá investir na cultura e cooperação valores iguais aos que já gastou com a aquisição de armamentos russos: mais de três mil milhões de euros.

E os apetites aumentam. Além do acordo sobre o fornecimento de nove submarinos russos à Venezuela que poderá ser assinado durante a visita, o dirigente latino-americano pretende também adquirir aviões de transporte Il-76 e sistemas de defesa anti-aérea Tpo-M1.

O diário russo “Kommersant” escreve hoje que Chavez é um hóspede incómodo do Kremlin, na véspera da visita do Presidente Putin aos Estados Unidos, que terá lugar no início de Julho.

“Muitas cerimónias solenes marcadas para esta visita foram canceladas à última hora. Pelos vistos, o Kremlin não quer irritar a Casa Branca na véspera do encontro dos presidentes da Rússia e dos Estados Unidos” – sublinha o Kommersant”, acrescentando, porém, que o dirigente venezuelano “poderá discutir a cooperação energética e a compra de mais um lote de armamentos”.

Segundo este diário, Putin decidiu reduzir o seu encontro com Chavez a um jantar informal e a Duma Estatal (Câmara Baixa do Parlamento da Rússia) decidiu não autorizar o Presidente da Venezuela a discursar na sua sessão plenária, mas limitou a visita de Chavez a um encontro com deputados numa sala secundária do edifício do Parlamento.

Porém, o Kremlin não quer perder um “cliente” tão valioso. Por isso, Putin e Chavez abordarão também a questão da participação de empresas russas (Gazprom e Lukoil) na construção do “Gasoduto do Sul”, que ligará a Venezuela, Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai.

Dois países extremamente ricos do ponto de vista das riquezas naturais, mergulhados na corrupção e onde a maioria das populações vive na miséria. Putin e Chávez precisam mesmo de trocar experiências.

quarta-feira, junho 27, 2007

Rússia/NATO: Diálogo de Surdos


O Presidente da Rússia, Vladimir Putin, recebeu ontem no Kremlin Jaap de Hoop Scheffer, secretário-geral da NATO (na foto), que se esteve de visita à capital russa.

“Parece-me que não há alternativa às nossas boas e saudáveis relações” – declarou Scheffer no início do encontro, acrescentando que: “A NATO não pode passar sem a Rússia, nem a Rússia pode passar sem um parceiro tão bom como a NATO”.

O Secretário-geral da Aliança Atlântica afirmou também que as relações entre Bruxelas e Moscovo se devem desenvolver em três direcção fulcrais: “investimentos, contributo pessoal e interacção”.

Além disso, Scheffer apelou a que se avance mais no campo das relações bilaterais: “Podemos fazer melhor. Não devemos olhar para trás, mas avançar”.

Vladimir Putin, pelo seu lado, mostrou-se convencido de que o diálogo da Rússia com a NATO contribuirá para o reforço da paz e da segurança.

“Estamos contentes por vos receber em Moscovo e esperamos que o diálogo permanente entre a Rússia e a NATO conbribua para a solução de todos os problemas em prol da segurança e do reforço da paz em todo o mundo” – declarou Putin.

O dirigente russo assinalou que este ano se comemora o 10º aniversária da Acta Fundamental Rússia-NATO e o 5º aniversário do Tratado que criou o Conselho Rússia-NATO.

“Durante este curto espaço de tempo no plano histórico, alteraram-se radicalmente as relações entre a Rússia e a Aliança Atlântica. Passámos do período do confronto para o período de cooperação” – acrescentou Putin.

Na conferência de imprensa depois do encontro no Kremlin, o Secretário-geral da NATO declarou aos jornalistas que expôs pormenorizadamente as suas propostas no campo da interacção da Rússia e dos Estados Unidos no que respeita aos sistemas de defesa anti-míssil, nomeadamente sobre a exploração conjunta da Estação de Radares de Gabala, proposta por Putin.

“Citando-me a mim mesmo, eu disse que não sou perito em questões técnicas, mas a Estação de Radares de Gabala não vai resolver todas as questões relativamente à ameaça do lançamento de mísseis por parte de países párias” – informou Scheffer, acrescentando: “Eu disse que não se fica com a impressão de que a Estação de Radares de Gabala seja vista como uma alternativa às conversações bilaterais entre os Estados Unidos e a Polónia e República Checa”.

O Secretário-geral da NATO considerou também que a reorientação dos mísseis russos não se enquadra na discussão do problema do sistema norte-americano de defesa anti-míssil na Europa e apelou para que “se baixe o som” na discussão deste problema.

“As relações da Rússia e NATO são relações de parceria. Semelhantes declarações sobre a orientação e reorientação não se enquandram nesta discussão” – sublinhou Scheffer.

Numa entrevista concedida na véspera da última cimeira dos países do G-8, Putin declarou que os mísseis russos terão novos alvos na Europa se parte do potencial nuclear estratégico dos Estados Unidos for instalado no Continente Europeu e ameaçar a Rússia.

“Nesta discussão complexa, é útil baixar o som de todas as declarações e comentários públicos, feitos de um lado e de outro” – considerou Scheffer.

O dirigente da NATO qualificou de “pomo da discórdia” o Tratado sobre Forças Convencionais na Europa, acusando a Rússia de “não ter cumprido todos os compromissos de Istambul, que dizem respeito à retirada das suas tropas da Geórgia e Transdnístria”.

Além disso, Scheffer não escondeu o seu desagrado face ao comportamento da Rússia na questão do Kosovo. Ele apelou Moscovo a não impedir a aprovação da resolução do Conselho de Segurança da ONU sobre o Kosovo e a aceitar o plano de Martti Ahtisaari.

Contributo de leitor para História do Rock Russo

O nosso leitor Francisco Martinez, jornalista espanhol que está a fazer um mestrado no ISEG de Lisboa, enviou-nos este seu artigo sobre o Rock russo. Claro que o publico de boa vontade porque é um bom contributo para o conhecimento da realidade russa.
Se outros leitores desejarem fazer o mesmo, avancem.


"26 de Junho, Jardim da Estrela, Lisboa.

Caros companheiros,

gostaria de enviar-vos uma reportagem que publiquei na revista espanhola La Clave, acho que serve de complemento ao texto.

João, o dia 10 volto para Moscovo para escrever minha tese. Ainda ficas lá?

Também gostava de agradecer ao senhor Milhazes a sua valiosa difusão da cultura russa, para além de todos os estereótipos e com grande conhecimento da raiz das problemáticas.

Grande abraço

Francisco

El rock ruso: la defensa del yo en un régimen totalitario.

El Kremlin intenta que la música no sea utilizada como instrumento de movilización social.

Nacido en la URSS y perdido en el torbellino de los noventa, el rock ruso vuelve a preocupar a los inquilinos del Kremlin, como sucedió en la época de la Perestroika. Temido y deseado por su capacidad de movilización, para muchos es la única fuerza que puede hacer posible una revolución "naranja" en una Rusia post-Putin.

El rock ruso comenzó en los años 60 con el desencanto de Okudjava y las letras grotescas de Vissotsky, quienes supieron crear un escenario más real que cualquiera de las noticias del diario Pravda. Con canciones cercanas y muy rusas, daban color al mundo gris y aislado de la época soviética. La URSS, no vivió precisamente un mayo del 68, pero esta generación de soviéticos sí se vio favorecida por el aperturismo moderado de Jrushev, e incluso The Beatles lograron saltar el telón de acero influenciando los nuevos movimientos juveniles: Machina Vremeni (La máquina del tiempo) fueron el equivalente ruso de los Brincos españoles, un grupo que cantaba en inglés e imitaba el estilo de los de Liverpool.

Durante los 70 la corriente se extendió, aunque anduvo siempre limitada por la persecución policial y por la falta de medios. Pero el germen ya estaba diseminado y Rusia vivió su propia movida en los años 80: grupos como Aquarium 1972, Zoopark 1980, DDT 1980, Kino 1982, Zvouki Mou 1982, Nautilus Pompilus 1987 o Agata Kristi 1988 vinieron a acelerar la perestroika y ayudaron a la caída del régimen totalitario.

El rock ruso no sólo era una desviación ideológica o moral, sino una completa alternativa al modo de vida soviético, una reconquista de la libertad en una sociedad cansada de combates, contrariada con las revoluciones y temerosa por sentirse atacada desde todos los francos. Sus letras agrias, irónicas, caricaturescas, mastican ese sentimiento tan ruso de la inutilidad en el combate contra el poder y la insignificancia del individuo frente a la inmensidad del imperio. De esta forma, líderes como Viktor Tsoi (Kino) o Boris Gubenchtchikov (Aquarium) superaban la envergadura de artistas y eran considerados como auténticos profetas.

Con la muerte de la URSS llegó la crisis económica, los contratos del show business y la pérdida de referentes… los 90 representaron una travesía por el desierto, que curiosamente pareció encontrar su musa con la llegada al poder de Vladimir Putin. La nueva ola de rock ruso critica la desigualdad social y el desastre de la guerra de Chechenia, ridiculiza las aspiraciones rusas de enriquecimiento rápido y exige una regeneración nacionalista.

El rock como motor de cambios

Para muchos, el rock es uno de los pocos factores de movilización que pueden traer a Rusia una "revolución naranja". Ucrania sirvió de ejemplo, donde los jóvenes fueron fundamento del movimiento democrático y Yushenko no dudó en invitar a los principales rockers del país a encabezar las movilizaciones. "El Kremlin se quedó consternado, incluso histérico, después de los acontecimientos de Ucrania", reconoce Alexander Tarasov, codirector del Centro para la nueva sociología y prácticas políticas, e insiste, "ellos estaban asustados porque no tenían previsto ningún plan en caso de que pasara lo mismo en Rusia". Andrei Sidelniko, líder del movimiento cívico Pora! (¡es el momento!), lo ve más claro, "el espíritu naranja ya está en Rusia. Estamos viviendo una nueva era, donde los jóvenes son cada vez más activos".

Pero como demostró recientemente el campeón del mundo de ajedrez, Gary Kasparov, criticar a Putin en público todavía exige coraje, mucho coraje. Según Kasparov, esta aversión del pueblo ruso contra las manifestaciones masivas tiene raíces históricas: "occidente no entiende el miedo ruso por un nuevo período de inestabilidad si el régimen vuelve a caer. El recuerdo del desmantelamiento de la URSS está aún presente en la memoria y la integridad de las fronteras es algo profundamente anclado en nuestra mentalidad. Este miedo explica porqué las masas no salen a la calle a protestar, sea cual fuere el régimen político".

Para intentar vacunarse de cualquier posibilidad de rebelión, el Presidente Putin reformó el pasado año la ley de asociación, restringiendo la actividad de las ong's y dando fuerza a las nuevas corrientes juveniles ultranacionalistas, como el movimiento "Nashi" (los nuestros), apadrinado por Gleb Pavlovsky, consejero del Presidente: "Vuestra misión es la de resistir físicamente ante cualquier tentativa de golpe anticonstitucional… y ser vigilantes ante las manipulaciones de occidente", arengó en una reunión con 5.000 jóvenes en la región de Tver, a 200 Km. de Moscú.

En esa misma reunión, actuó Vyacheslav Butusov, líder de la banda Nautilus Pompilus, otrora una de los grupos más críticos en la perestroika y ahora rendido a los benéficos del Estado, como reconoce Ilya Kormiltsev, el compositor de las canciones más importantes del grupo: "Butusov ha traicionado sus propios ideales y ha traicionado a sus fans actuando para el Kremlin sólo por dinero", y añade: "Como consciente oponente del actual régimen político ruso, no quiero tener nada que ver con ese grupo de vándalos, divirtiéndolos con el dinero de nuestros impuestos". Además de Butusov, también Korol i shut y Ariya actuaron en el encuentro del movimiento "Nashi".

Para Kormiltsev, Putin ha acabado con la fraternidad entre el mundo del rock, contratando a las principales bandas para este tipo de encuentros o entrevistándose con otras grandes estrellas como Boris Grebenshchikov de Aquarium o Sergei Shnurov de Leningrad. "En el mundo del rock ruso sólo hay un problema: la neurosis de las autoridades, quienes ven peligros en todas partes y exageran su escala", concluye Kormiltsev, en relación a los esfuerzos del Kremlin por controlar los movimientos juveniles.

Artemy Troitsky, gurú del periodismo musical en Rusia, y autor de la enciclopedia de la música rusa, es uno de los personajes más críticos con el control que, según él, sigue ejerciendo el Kremlin: "en la época soviética la vida era en blanco y negro, la censura estaba por todas partes, los periodistas escribían bajo las instrucciones del Partido Comunista, pero al menos, con Brezhnev, sabías cuál era tu sitio y contra quien estabas. Ahora, en esta Rusia de los oligarcas y los "shushi bars" la situación es aún más vergonzosa, la democracia está a ser cercada bajo la retórica nacionalista", y remata, "aunque tenemos algunos tonos grises, la vida continúa en blanco y negro, la censura sigue funcionando, porque los periodistas saben lo que deben escribir y lo que no".

"En la consciencia del hombre soviético estaba la idea de que siempre hay alguien que te está escuchando, sea el KGB, el Partido o la Militsia. Pero ahora, a nadie le importa lo que digas. Nadie tiene miedo, simplemente nos da igual. No existe esta costumbre", nos asegura Sergei Zharikov, el editor jefe de "Special Radio", Alexander, el director de la radio, corrobora a Zharikov, y razona, "hoy nadie critica a Putin porque la gente sólo quiere hacer dinero. Incluso los críticos de Putin son pagados por el Kremlin. No sé cómo funciona en occidente, pero en Rusia es así. Tanto la gente como el gobierno intentan hacer su negocio. Como nadie critica a Putin, el Kremlin acaba por pagar a alguien para que lo haga, para que exista algo de pluralidad".

A pesar de todas las mudanzas que vive Rusia, el rock intenta mantenerse fiel a sus raíces de mucho cuero, mucho alcohol y mucha calle,"en Rusia hay miles de bandas de rock y metal, sólo en San Petersburgo tenemos más de mil", reconoce Ad, coordinador del magazine Rockhell, ( www.rockhell.spb.ru), y asegura a La Clave que los pequeños grupos independientes siguen otra batalla: "el Estado controla los grandes festivales, pero a nivel underground, de pequeños clubes, nadie interfiere", para Ad, los verdaderos problemas de la música en Rusia son otros: "un gran problema es encontrar un buen profesor; otro gran problema es poder salir a tocar fuera, porque a pesar de que muchas de las bandas reciben invitaciones de promotores europeos no podemos conseguir visas".

Más allá de las intenciones políticas, el rock ruso es sobre todo una defensa del yo ante un régimen autoritario, un mundo paralelo, un espacio de libertad… una enfermedad, en definitiva, que tanto los nuevos como los viejos zares han intentado curar en salud.

F. Martínez

Letras de Canciones

- Povorot (La vuelta), 1981. Machina Vremeni.

Prometimos no salirnos de la fila,

pero está escrito.

Y aunque lo reconozcamos abiertamente: los cambios nos asustan a todos,

ya poco importa.

Esta es una nueva vuelta y el motor ya está en marcha,

¿Qué es lo que nos traerá, descalabro o despegue, torbellino o vacío?

No lo sabremos hasta que no le demos la vuelta.

No hay motivos para sentir miedo, si seguimos siendo hombres,

porque todavía guardamos algunas fuerzas.

- Jochú Peremen! (¡Quiero cambios!), 1986. Kino.

¡Los cambios! Nuestros corazones los necesitan,

¡Los cambios! Nuestros ojos los necesitan,

Los cambios, en nuestra risa y en nuestras lágrimas,

en nuestras venas.

Los cambios,

¡nosotros estamos esperando cambios!

- Elektritchka (Tren de cercanías), 1982. Kino.

¿Por qué me callo?

¿Por qué no grito?

Yo me callo,

y el tren de cercanías me lleva

allí donde yo no quiero ir.

- Rozdionniy v SSSR (nacido en la URSS ), 1998, DDT.

¿Qué nos puede devolver la esperanza?

¿Qué puede salvar la belleza?

Ayer eras la cabeza de un imperio,

hoy eres una huérfana.

Cuanto más te alejas, más te reprochan,

Eres un sol em el ocaso,

Buenos días vieja Rus.

- Ne Valiai douraká, Amerika (no seas estúpida, America), 1992. Liubé.

Devuélvenos la tierra de Alaska,

es nuestra patria,

Caterina la grande,

estabas equivocada.

- Davai za! (¡Brindemos!), 2002, Liubé.

Brindemos por ellos, brindemos por nosotros,

por la Siberia, por el Cáucaso,

por la luz de los pueblos lejanos,

por los amigos y por el amor,

brindemos por vosotros, brindemos por nosotros,

por los paracaídistas y por la armada rusa,

por las condecoraciones militares,

levantemos nuestros vasos viejo amigo!

- Kogdá net deneg (Cuando no hay dinero), 2000. Leningrad.

Otra tía que me deja, que me deja,

porque no tengo dinero, ni un rublo, ni un rublo,

porque no tengo casa ni coche,

porque soy incapaz de prepara una comida,

cuando no tenemos dinero,

tampoco tenemos amor,

y en la vida todo sale mal.

- Mama, Iá ne mogu bolshe pit (Mamá, no puedo beber más), 2005, Aquarium.

Mamá, yo no puedo beber más,

mamá, quita todo lo que hay encima de la mesa.

Yo no puedo beber más,

porque ya tengo la soga al cuello.

Me santigüo si veo otro vaso,

ya no puedo soportar esta borrachera,

Mamá, ya no puedo beber más.

Los patritotas diran que me relajé,

que practicamente he vendido mi patria,

cosa fácil para ellos, mientras que yo estoy tocando fondo.

- Kontre-revoliutsia (contrarrevolución), 2005. DDT.

El viento del norte nos trae vuestras sombras,

Che Guevara, Voltaire, Harry Potter y Lenin,

la contrarrevolución es buena y caritativa,

aunque también brumosa e inestable.

En democracia hay cualquier cosa que da asco,

cuando la coges de la mano…

Nuestro titanic se hundió en champú y vodka,

Mientras lo celebramos con t-shirts publicitarias,

y el pop se pone las camisas de moda,

untadas con la sangre de Nirvana.

Tiempos que nos atontan y nos provocan hipo,

yo también soy un burgués –tengo un frigorífico,

15 guitarras, el otoño, la noche y el desvelo, pero no puedo soñar,

las notas se escapan de mi boca.

Los imbéciles nos consideran la consciencia del rock,

y los cínicos nos ven como una maligna publicidad.


Principales grupos de Rock ruso

- Agata Kristi: Originales de Sverdlovsk (Yekaterinburgo); Comenzaron en 1988 como una banda de rock alternativo, pero con los años se pasó al pop comercial. Sus mejores albuns son Dekadans (decadencia) 1989, y Kovastvo i liuvov (Regalos y amor).

- Aquarium: fue creada en 1972 por el estudiante de la Universidad Estatal de Leningrado Boris Grebenshikov, que aún sigue en activo con 54 años. Misturan punk-jazz y rock, y han sido pioneros del rock ruso.

- Alisa: Liderados por el carismático Konstantin Kintshev, es uno de los gigantes de la época soviética y todavía siguen activos. Metal y hard rock con ritmos progresivos.

- Bi 2: nacidos en Minsk, Bielorrusia, es un grupo de rock comercial que cuenta con seguidores en Rusia, Israel y Australia.

- Chaif: Yekaterinburgo se convirtió en el tercer centro del rock ruso, tras San Petersburgo y Moscú. Destaca la voz de Aleksandr Shahrin, e introducen ritmos folclóricos y reagge.

- DDT: Creados en la ciudad minera e industrial de Ufa en 1980. Al inicio ganaron el concurso del Komsomolskaya Pravda, pero más tarde fueron prohibidos por el cariz "provocativo" que tomó el cantante Yuri Shevchuk, quien tuvo que refugiarse en Leningrado para evitar las represalias del KGB.

- Kino: Representó el gran fenómeno de los 80'. Las letras irónicas y las músicas pegadizas lo convirtieron en un símbolo de la perestroika. El grupo se disolvió en 1990 cuando el compositor, Viktor Tsoi murió en un accidente de tráfico. Desde entonces se ha convertido en un mito, incluso recordado por las nuevas generaciones.

- Leningrad: Uno de los grupos con más éxito en la actualidad, combina influencias diversas que van desde Tom waits hasta el reagge.

- Lyube: uno de los grupos más populares, sus canciones nacionalistas suelen ser cantadas en los encuentros entre jóvenes.

- Nautilus Pomilius: Formados en los años 70, en Sverdlovsk, sobrevivieron hasta 1997. Destacaron por la gran variedad de sonidos y la calidad técnica de su música.

- Splin: grupo comercial que suele participar en las bandas sonoras de las películas de Alexei Balabanov. Sus letras tratan problemas cercanos a los jóvenes, como las drogas.

- Tequilajazzz: Una de las pocas bandas interesantes creadas en los 90', natural de San Petersburgo y con ritmos variados que van desde el funk al hardcore.

- Yulia Chicherina: joven artista que obtuvo gran éxito con su participación en la banda sonora de "Brat 2", y que sigue la línea de Zemfira.

- Zemfira: Representa el rock juvenil de la última generación, con letras frescas y femeninas.

- Zveri: Es uno de los músicos más populares de Rusia, con gran éxito comercial y reconocimiento de la MTV.

- Zvuki Mu: Banda peculiar, liderada por el intelectual Petr Mamonov, también metido en el mundo del cine y del teatro.

- 5'nizza: Sus dos componentes son de origen ucraniano. Su música, mezcla de rock con ritmos jazz y reggae, y sus letras irónicas les hace tener un gran número de seguidores en los conciertos.


terça-feira, junho 26, 2007

Alcorão em ouro puro


O Museu de Belas Artes Puschkin de Moscovo inaugurou a exposição “Alcorão de Ouro”, que estará aberta até 08 de Julho.

A exposição é composta por 163 placas de ouro puro, onde está gravado o texto do mais antigo manuscrito do livro sagrado dos muçulmanos “Alcorão de Usman”, escrito no séc. VIII d.C. Em algumas placas, tal como no original do manuscrito, foram desenhadas manchas de sangue do califa Usman.

Cada página do livro sagrado tem 14 centímetros de altura e 10 de largura, tendo sido necessários 14 quilos de ouro para “cunhar” este “Alcorão”.

O original do manuscrito mais antigo do mundo do Alcorão, segundo os organizadores da exposição, é propriedade da Rússia e está guardado na Filial de São Petersburgo do Instituto de Estudos Orientais da Academia das Ciências da Rússia.

A Casa da Moeda do Ministério das Finanças da Rússia necessitou de ano e meio para realizar este “precioso” projecto, mas vai cunhar mais nove cópias de ouro do “Alcorão de Usman”. Duas deverão ficar na Rússia e oito irão ser expostas em museus de Estados muçulmanos.

“O desenvolvimento das relações entre a Rússia e os países islâmicos é particularmente importante hoje, época de fortes agressões que fazem sofrer o mundo árabe e muçulmano em geral. Esperamos que este passo da Rússia estimule outros países a darem passos análogos no campo das relações culturais com o mundo islâmico” – declarou Jumi al Fadjani, embaixador da Liga dos Estados Árabes em Moscovo, na inauguração da exposição, apelando aos representantes dos países árabes a adquirir “cópias tão dignas do Alcorão de Usman”.

Alexandre Saltanov, vice-ministro dos Negócios Estrangeiros, mostrou-se convencido de que este projecto “terá êxito não só na Rússia, mas também no estrangeiro”, sublinhando que “parte dos meios conseguidos com a venda das cópias do “Alcorão de Usman” será canalizada para o financiamento do centro da cultura livresca islâmica do Instituto de Estudos Orientais de São Petersburgo”.

segunda-feira, junho 25, 2007

Contributo para História de Portugal


"Estado Novo do Doutor Salazar"

Texto de Nikolai Skirdenko, um dos ideólogos da "Unidade Nacional Russa", grupo de extrema-direita:

"Hoje, a Nação Russa e a Rússia encontram-se numa encruzilhada na sua história. Qualquer pessoa sensata compreende claramente que a derrapagem continuada do país para o precipício das “civilizações” e dos pseudo-valores universais é incompatível com a existência do nosso povo. Muito mais importante é a questão do modelo de sociedade e de Estado que devemos escolher e realizar como base para o desenvolvimento futuro do país. A maioria dos ideólogos patriotas não se decidem a propor nada que vá um pouco além do normal Estado conservador-democrático, onde, segundo eles, todos se devem sentir bem... Na qualidade de ideal para copiar apresenta-se, regra geral, uma variante melhorada ou, pelo contrário, piorada do Império Russo. A experiência da história e o bom senso fazem prever que nesse Estado, dentro de alguns anos, tudo se irá inevitavelmente repetir: dissidentes, revolucionários, nacional-separatistas, reestruturação, etc. Valerá a pena tentar? Antes de empurrar o povo para essa experiência, talvez valha a pena analisar a experiência de outros países que já passaram por fenómenos semelhantes. Portugal da primeira metade do séc. XX pode dar-nos um dos exemplos mais interessantes.

Claro que não se pode absolutizar a experiência alheia. Devemos partir, antes de tudo, do nosso passado histórico, do carácter nacional e das tradições estatais do nosso povo. A Rússia e Portugal são grandezas incomparáveis. As nossas nações nasceram em princípios completamente diferentes. Mas houve muitos momentos análogos no desenvolvimento histórico da Rússia e dos países ibéricos. A luta multisecular permanente contra povos orientais, a colonização camponesa de novos territórios, como um dos factores fundamentais da história, o desejo de formação de grandes potências condicionaram a semelhança dos destinos históricos e de alguns traços nacionais dos nossos povos. Tal como no nosso país, para lá dos Pirenéus foram sempre fortes as tradições da cultura popular, camponesa, o patriarcalismo, a inclinação do povo para o absolutismo no Estado, o que se expressou no poder absoluto do monarca ou do chefe, a consciência religiosa e a Igreja desempenharam sempre um grande papel. A resistência que a parte saudável dos povos espanhol e português ofereceu à pressão das forças anti-nacionais, condicionou a longa e difícil luta entre eles. Tal como na Rússia, essa luta tornou-se o conteúdo fundamental da política nacional nos séc. XIX-XX. Tendo em conta estes factores, a experiência de desenvolvimento destes países é incomparavelmente mais aceitável para nós do que, por exemplo, a experiência da Inglaterra ou Itália.

Além disso, para uma pessoa crente, a ligação dos nossos países é abençoada pelos céus com a aparição da Mãe de Deus na aldeia portuguesa de Fátima em 1917. A revelação onde se fala da importância decisiva da Rússia para os destinos do mundo foi feita precisamente em Portugal (e não na Roménia ortodoxa), o que sublinha a proximidade dos dois países e a semelhança de seus destinos.

Analisemos, de forma breve, o conteúdo fundamental da história portuguesa na Idade Moderna. A partir dos finais do séc. XVIII, o desenvolvimento histórico do país decorreu sob o signo da decomposição artificialmente provocada da cultura nacional. A partir dessa altura, no país começaram a entrar muitas ideias alheias, trazidas de Inglaterra, França e Vaticano. Elas foram recebidas com entusiasmo pelos intelectuais pró-ocidentais, muito semelhantes aos nossos intelectuais nos seus anseios anti-nacionais".

(continuação)

P.S. Chegou ao meu conhecimento que alguns grupos da extrema-direita portuguesa utilizam os textos sobre Salazar por mim traduzidos e aqui publicados para propaganda política. As publicações neste blogue têm um objectivo exclusivamente informativo e não se destinam a fazer propaganda de ideias partidárias. Por isso, agradeço que não voltem a repetir aexperiência. Não me oponho a que os textos deste blogue sejam utilizados para fins educativos e informativos. Mas, se os partidos ou grupos de extrema-direita precisam de textos para publicidade das suas ideias, que os procurem e traduzam. O mesmo diz respeito à extrema-esquerda.